O médico infectologista do Cadip – Centro de Atendimento a Doenças Infecto-contagiosas – Márcio Gaggini revelou durante entrevista ao programa Rotativa no Ar da Rádio Difusora na quarta-feira, 26, que desde que chegou em Fernandópolis, em 2000, diagnosticou o primeiro caso de sarampo. “Nem na minha residência médica havia tido contato com a doença”, disse o médico para lamentar a volta de uma doença do século passado e que estava erradicada.
Com surto de sarampo, a Vigilância Epidemiológica já imunizou cerca de 1,7 mil pessoas contra o sarampo e vai abrir seis UBSs – Unidade Básica de Saúde – neste sábado das 8 às 17 horas para vacinação da população. Em dois bairros, Jardim Araguaia e Cecap, todos os moradores devem ser vacinados.
Desde o início do mês, Fernandópolis já confirmou quatro casos e abriu investigação para 19 casos suspeitos. “O sarampo voltou com força e este número vai aumentar”, previu o médico. A partir da confirmação do primeiro caso em 5 de junho, foi distribuído alerta para todas os médicos para atenção com o diagnóstico do sarampo. Os casos positivos são de crianças na faixa de 5 anos ou menos.
Fernandópolis foi a primeira cidade da região a diagnosticar casos de sarampo. Antes no Estado, os casos estavam concentrados na capital e cidades próximas. Como há grande circulação de pessoas do interior para a capital, é inevitável a disseminação para outras cidades da região.
“Não sei se, felizmente ou infelizmente, acabamos diagnosticando mais rápido que outras cidades. Acho que isso é um ganho para nossa cidade porque estamos fazendo o bloqueio e respondendo rápido com as ações necessárias”, afirmou Gaggini.
O médico confirmou que em todos os casos de sarampo, as crianças estavam vacinadas, mas há casos suspeitos de crianças não vacinadas. “A chance de uma pessoa sem vacinar desenvolver a forma mais grave da doença é maior. Já quem está vacinado terá uma chance menor de ter a forma grave. A vacina garante muitas vezes da pessoa não ter a doença e muitas vezes ajuda muito não ter uma forma mais grave”, comentou ao criticar a cultura recente espalhada pelas redes sociais de não adesão às vacinas disponíveis. “Isso está trazendo de volta doenças do século passado”, acrescentou.
CASOS NÃO
REGISTRADOS
O médico explica que uma série de fatores acabaram contribuindo para confundir equipes médicas no diagnóstico do sarampo. Por isso, Caggini admite que pode ter ocorrido caso de sarampo sem o diagnóstico.
“Estamos vindo de uma grande epidemia de dengue (mais de 4 mil casos), doença que dá febre e vermelhidão no corpo e muitas vezes pode dar eritema conjuntival, que lembra a conjuntivite. Estava terminando a dengue e começa os quadros de gripe (influenza), além de casos da doença conhecida como síndrome de mão, pé e boca. Essas três doenças acabaram confundindo com sarampo”, explica.
Tosse, dor de garganta, nariz escorrendo, febre, indisposição, vermelhão no corpo, além de lesões especificas, que podem ocorrer dentro da cavidade oral, gengiva, são os sintomas característicos do sarampo. “Existem formas graves do sarampo – infecções no sistema nervoso central que pode evoluir para meningite, encefalite e algumas formas graves que pode dar uma pneumonia viral”, diz o médico.
Todas as pessoas que tiveram contato com os casos positivos de sarampo foram vacinadas como medida de bloqueio do ciclo de contaminação. Márcio Gaggini explica que após o contato com o vírus demora de 10 a 12 dias para aparecerem os sintomas. “A pessoa contaminada começa a transmitir o vírus (através da tosse, espirro ou fala) seis dias antes de aparecer o vermelhão e até quatro dias depois. São10 dias em que a pessoa pode transmitir a doença”.
POSTOS ABERTOS
Com os casos surgindo em alguns pontos da cidade, a Vigilância Epidemiológica estabeleceu medidas de bloqueio para conter o ciclo de contaminação. Por isso, desde o início do mês já foram revacinadas 1,7 mil pessoas.
Neste sábado, 29, seis Unidades de Saúde vão abrir das 8 às 17 horas para vacinação contra o sarampo, febre amarela e outras vacinas que estejam em atraso. As UBSs abertas são as dos bairros Cohab Antonio Brandini, Santa Barbara, Rio Grande (ao lado do Núcleo da Cesp), Cecap, Planalto e Brasitânia. Em dois bairros, Jardim Araguaia e Cecap, a orientação que está sendo feita é para que todos os moradores sejam revacinados na UBS da Cecap.
A orientação é para vacinar quem tenha tido contato com algum dos casos de sarampo, mesmo que tenha tomado as duas doses da vacina (aos 12 e aos 15 meses). “Vou dar o exemplo que ocorreu comigo. Atendi a criança com sarampo e tomei mais uma dose”, afirmou Gaggini.