A viagem do prefeito André Pessuto (DEM) continua um mistério. Ninguém comenta o destino nem os motivos que o levaram a deixar cidade e delegar as funções administrativas da Prefeitura ao procurador jurídico do Município, João Pimenta, em vez de seu vice, Gustavo Pinato (PPS).
Pessuto teria deixado a cidade no dia 14, um dia após inaugurar o novo Terminal Rodoviário de passageiros. Três dias antes ele editou um decreto atribuindo a Pimenta as Funções Administrativas previstas nos incisos IX, XV e XXIV do artigo 66 da Lei Orgânica pelo período de 14 a 28 de junho. Na prática, o secretário assumiu a cadeira do prefeito pelo período.
Na sexta mesmo, João Pimenta chegou a determinar a publicação de um edital de chamamento para permissão de uso onerosa dos boxes no novo terminal (veja mais na página 2) e o assinou como responsável pelo Executivo fernandopolense.
O decreto dando “super poderes” a um secretário em vez de permitir que o vice assuma a administração levantou boatos sobre o rompimento de Pessuto e Pinato ou da falta de confiança do primeiro para com o segundo.
Procurado por CIDADÃO, Gustavo disse ter sido pego de surpresa em relação ao decreto, mas negou qualquer atrito entre os dois. “Fui pego de surpresa, fiquei sabendo hoje (segunda-feira, 17) pela imprensa. Mas não tenho nenhum problema com o André, muito pelo contrário, nossa relação é bem harmônica”, disse Pinato em contato telefônico.
SILÊNCIO/MISTÉRIO
Na segunda-feira, 13, mais precisamente as 12h30, CIDADÃO encaminhou um e-mail à secretaria municipal de Comunicação solicitando um posicionamento oficial da Prefeitura sobre o caso e a confirmação do destino de Pessuto. Às 12h33 o secretário responsável pela pasta, Paulo Boaventura confirmou o recebimento, porém até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.
O mesmo mistério é feito pelo auto escalão da administração municipal. Os secretários evitam comentar sobre o assunto e dizem não saber para onde o prefeito foi. Fontes, no entanto, afirmam que ele teria ido para Barcelona, na Espanha, para tratamento médico.
CASO SEMELHANTE
A nomeação de assessor para funções administrativas não é novidade em Fernandópolis e já chegou a gerar rompimento entre prefeito e vice-prefeito. O ex-prefeito Newton Camargo, na gestão 1983 a 1988 atribuiu, por decreto, super poderes ao então assessor especial João Carrasco, incluindo substituir o prefeito. Na época, o vice-prefeito Rubens Dalton Garcia Stropa chegou a romper com Camargo.
Em entrevista ao CIDADÃO em 2016, Stropa relembrou o episódio: “Esse assessor (João Carrasco) chegou em Fernandópolis, era um estrangeiro na cidade, e se apoderou do cargo de vice-prefeito. Ele chegou foi a Matão e se passou como vice-prefeito de Fernandópolis, quando foi tratar do projeto da vaca mecânica. Tinha um promotor lá, que foi meu companheiro de turma na faculdade, que me ligou e indagou: Você não falou que era vice-prefeito em Fernandópolis? Veio um cara aqui e falou que era o vice. Ai larguei mão, abandonei tudo, nem café ia mais tomar no Paço Municipal. Eu me senti ultrajado, porque ele chegou aqui e tomou minha posição de vice-prefeito”.
