Relíquia de mais de 100 anos é preservada pela Família Cáfaro

20 de Agosto de 2025

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Relíquia de mais de 100 anos é preservada pela Família Cáfaro

Quem passa pela estrada do Coqueiro, ou já participou de eventos como Pedal Solidário, Rachão Sangue no Zóio, Mk Race, ou treinos coletivos da Afercan- Associação Fernandopolense de Atletismo, Ciclismo e Natação - com certeza conhece a casinha de madeira na sede da Fazenda Cáfaro. O que pouca gente sabe é a história que envolve essa relíquia de quase 100 anos, primeiro abrigo do desbravador Afonso Cáfaro. Há relatos de que a casa foi construída por volta de 1911, portanto, teria mais de 100 anos. 

De acordo com a biografia de Afonso Cáfaro, que está no primeiro volume do livro “Fernandópolis – Nosso História – Nossa Gente”, sua chegada no sertão data de 1917 quando ele comprou uma gleba na Fazenda Santa Rita. A aquisição foi feita através de mapa. 
A história dessa relíquia, preservada pela família, é compartilhada com os leitores do CIDADÃO pelo neto de Afonso Cáfaro, o agrônomo Humberto Cáfaro Filho. Afinal, pode-se dizer que esta é uma das primeiras moradias erguida no sertão, onde surgiu Fernandópolis. Hoje a casa é usada pela família para fins de semana e reunião com amigos. Veja o relato: 
 “O meu avô, Afonso Cáfaro, começou a desbravar o sertão, em meados da década de vinte. Ele saia de Guapiaçu e vinha para abrir a Fazenda Santa Rita onde futuramente seria Fernandópolis. Naquela época não havia estradas, o único acesso era pela estrada da Boiadeira, o mesmo caminho que o imperador Dom Pedro II usou quando foi a guerra do Paraguai. A viagem durava vários dias e o último pouso era numa casa as margens do córrego do São Pedro, no meio do nada. Tantas vezes ele pernoitou nesta casa que acabou comprando a Fazenda. Depois ficou sabendo por moradores da região, que a casa foi construída por volta de 1911. 
Muito mais tarde, em 2015, a casa estava abandonada no meio do canavial. Considerando o valor histórico da mesma e o risco de incêndio, a família resolveu resgatar esta relíquia e deixa-la em lugar seguro. Foi contratado um especialista em construções de madeira que desmontou peça por peça e transferiu a casa para o lugar mais alto da fazenda. Nesta ocasião muitos segredos foram revelados. A engenharia de construção é muito interessante, toda a estrutura foi montada em onze troncos de aroeira que ainda se conservam em perfeito estado. A estrutura é toda de encaixe e orginalmente não foi usado um único prego, também não foi usado instrumentos de serra, somente machado, enxó (instrumento composto por um cabo curto e uma chapa de aço cortante, usado por carpinteiros para desbastar a madeira) e formão. Pode-se observar a maneira como a madeira foi trabalhada e como os construtores encaixaram as vigas, umas nas outras. São verdadeiras peças de lego e a medida que a estrutura ia ficando mais pesada com a colocação das paredes e telhado, elas travam e ficam cada vez mais resistentes. 
Por último, outro mistério: próximo a casa, na década de 40 e 50, a fazenda foi desmatada para ser implantada as pastagens e o café, no meio do mato foi encontrado um cruzeiro de mais de três metros que ninguém sabe quem plantou naquele lugar, e hoje se encontra conservado e acessível a visitas”.