Quem passa todos os dias pelos principais cruzamentos do centro de Fernandópolis, certamente já observou uma faixa: “Jesus está voltando, preparara-te. Porém, pela correria do dia-a-dia, fluxo do trânsito ou simplesmente por não acreditar no que está escrito ali, a maioria deixa passar despercebido que por trás daquela mensagem há uma linda história de fé.
Todos os dias, Ademar de Oliveira Filho acorda cedo, toma um café, pega a faixa que confeccionou com o dinheiro de sua própria aposentadoria e deixa sua casa simples na Brasilândia rumo ao centro da cidade com o simples objetivo de evangelizar, levar à palavra de Deus a maior quantidade possível de pessoas.
Ademar perdeu a mãe quando tinha apenas quatro anos de idade e foi criado apenas pelo pai em São Paulo, capital. Aos 15 anos, porém, ele deixou sua casa e foi para Argentina, onde viveu por dez anos. Foi lá que começou seu trabalho de evangelização.
“Sempre tive muita fé e queria poder dividir isso com outras pessoas. Lá na Argentina eu conheci um irmão da igreja que saia evangelizando pelas ruas e decidi que iria fazer o mesmo. Então fiz uma faixa em espanhol e comecei esse trabalho lá”, contou.
Algum tempo depois, Ademar veio visitar o pai no Brasil que estava doente e faleceu. Ele então decidiu voltar para o país e seguir com seu trabalho de evangelização por aqui. Para ele, essa missão lhe foi dada por Deus e nem as ofensas que recebe constantemente nas ruas serão capazes de lhe demover dela.
“Já me chamaram de louco, alguns me xingam, outros nem olham para mim, mas isso não importa. Se uma pessoa ler essa mensagem e sentir seu coração tocado já estarei cumprindo a minha missão. Faço por amor”, disse ele.
Ademar congrega na Igreja Pentecostal Nascer de Deus, na Brasilândia, onde também serve como porteiro. Seu exemplo de fé, mesmo diante das dificuldades impostas por sua deficiência, encanta a todos que o conhecem.
Sua casa, de pequenos cinco cômodos, quase não possui móveis e os poucos que tem já estão bem surrados. Não chega a faltar alimentos, mas também não há luxo. Mesmo assim, seu maior sonho é de apenas ganhar bíblias para poder distribuir às pessoas que encontra pela rua. Ele, inclusive, já chegou a escrever uma carta para a Sociedade Bíblica do Brasil com essa finalidade, porém ainda não obteve respostas.