Uma brincadeira de mau gosto de dois alunos – 14 e 15 anos - da EELAS – Escola Líbero de Almeida Silvares – provocou um princípio de tumulto no colégio, nesta quarta-feira, 20. Eles teriam postado vídeos dos atentados em Suzano e na Nova Zelândia nas redes sociais e ameaçado fazer o mesmo na unidade de ensino.
A “brincadeira” teria ocorrido em um grupo de WhatsApp que reúne vários alunos, e um deles decidiu procurar a direção para falar sobre o caso. Os garotos foram então chamados à diretoria e nesse interim houve uma pequena aglomeração de estudantes. Os relatos sobre uma suposta bomba, no entanto, são falsos.
“Os alunos foram chamados, advertidos e um boletim de ocorrência foi feito. Fora isso, todo resto é especulação. Eles são bons alunos, mas por imaturidade fizeram uma brincadeira de muito mau gosto e agora terão que responder por isso”, disse o diretor da EELAS Carlos Cabral em contato telefônico.
Os adolescentes e seus pais foram encaminhados à delegacia, onde foi lavrado o boletim de ocorrência. O caso agora deverá ser encaminhado a Vara da Infância e da Juventude, que determinará as punições.
PRISÃO
Caso semelhante aconteceu também em Rio Preto. Um adolescente de 16 anos resolveu postar frases ameaçadoras no seu status do WhatsApp, afirmando que planejava atacar a escola em que estuda, a Pio X, na Santa Cruz. Denunciado, ele foi ouvido pelo Ministério Público e alegou que foi apenas uma brincadeira. Por prevenção, porém, o juiz da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin, determinou a internação do jovem por 45 dias na Fundação Casa.
O menor, que não tem passagens pela polícia, foi detido nesta segunda-feira, 18, e até esta terça-feira aguardava, em cela especial da DIG - Delegacia de Investigações Gerais -, a transferência para a Fundação Casa. Vai ficar no local por cinco dias.
O aluno já está sendo submetido a avaliação psicológica e social por técnico da Vara da Infância e Juventude. Os relatórios serão analisados pelo juiz Pelarin antes de determinar qual será a punição do adolescente. "Deve ficar claro que a Justiça está atenta a qualquer atitude deste mesmo tipo, porque dizer que vai promover um massacre semelhante ao que aconteceu não pode ser levado na brincadeira", alerta o juiz.
O caso chegou até o MP após ser denunciado pela direção da escola, que havia sido alertada por estudantes que ficaram alarmados ao lerem as mensagens postadas há cinco dias no perfil do aluno no WhatsApp. A direção da escola Pio X chamou os pais do aluno, comunicou o caso à Polícia Militar e ao MP.
"Se as armas não chegarem até amanhã vou esperar para segunda-feira (dia 18) que vem, é educação física. Que não tenha ordem judicial para impedir de chegar correio em casa, porque aí atrasa. Aí quem quero matar pode mudar de escola antes. Segunda vou matar todo mundo", dizia uma das postagens do garoto, que foram entregues ao MP e ao juiz e colocadas no processo.
Em outras mensagens, o estudante dizia que iria levar "três armas no mínimo" para o ataque à escola e ameaçou até jogar granadas nos policiais militares que patrulham a porta da escola. Ao ver uma das mensagens, uma das colegas do estudante comentou que o adolescente "tinha a cara de fazer um bagulho do tipo que aconteceu em Suzano".
Ao ser comunicado, o promotor da Infância e Juventude André Luís de Souza mandou convocar imediatamente o estudante e a mãe dele para prestarem esclarecimento. "Quando questionei o adolescente sobre as mensagens, ele falou que era tudo brincadeira, mas eu o alertei que, neste momento que passamos, após o massacre na escola de Suzano, não é a hora pra este tipo de conversa", diz o promotor.
Também ouvida pelo MP, a mãe do adolescente disse que ficou sabendo das mensagens do filho por meio da diretoria da escola e que repreendeu o adolescente, mas não acredita que ele fosse capaz que concretizar as ameaças.
Depois de analisar as respostas do adolescente e da mãe, o promotor apreendeu o celular do estudante. Após descobrir que havia mais mensagens no telefone, com o mesmo tom de ameaça, André pediu a apreensão do adolescente, segundo ele, por dois motivos: prevenção em favor de todos os alunos, funcionários e professores da escola, e pelo bem do próprio estudante, que precisa de mais acompanhamento.