Salete é uma fernandopolense daquelas que têm história para contar, apesar da timidez. De família humilde, abandonou os estudos para poder trabalhar e ajudar os pais a manter a casa, que era feita de barro. Naquela época ela conta que jamais imaginava em um dia morar em uma casa feita de tijolos.
Seu primeiro emprego foi como faxineira em uma casa de família. Mas aos risos, ela confessa que nunca gostou muito de serviços de casa. Então, após ser convidada por amigos, ela decidiu encarar um trabalho que poucas pessoas tinham coragem: cortar cana. Foi uma das primeiras mulheres a atuar na roça pelo Grupo Arakaki.
“Eu entrei em 1985 na época de plantio. Aí veio a safra e eu cortei cana a safra toda. Fiquei um ano e meio na roça, aí me puxaram para ajudar no escritório, cuidar dos animais, fazer limpeza, etc. Só que quando vinha a safra eu ia para roça ajudar o pessoal, pois na época era tudo manual, aquela correria e eles precisavam de mim, ajudava na cozinha, no postinho, onde precisassem”, contou Salete.
A disposição da colaboradora em servir de “coringa”, em todos os setores, logo chamou a atenção da diretoria da empresa que, em reconhecimento, aos poucos foi criando oportunidades para ela crescer junto ao grupo.
“Lembro que um dia me disseram que se eu fizesse datilografia eu poderia ajudar mais, eu fui e fiz datilografia. Depois me ofereceram um curso de técnica de segurança do trabalho e eu também fiz e por aí foi. Até hoje estou em constante aprendizado”, completou.
Mas em meio a história profissional de Salete também surgiu uma história de amor. Foi trabalhando que ela conheceu José Antônio Belline. Ele também trabalhava na empresa e os dois se apaixonaram e decidiram se casar. O problema é que o casal não poderia continuar trabalhando junto e José então arrumou um emprego em Mirassol. Salete foi junto.
“Na época a gente era namorado, então como íamos casar, não poderia ficar os dois na empresa, então, ele arrumou serviço lá e como a gente ia casar eu fui também. Três anos depois nós voltamos, ele entrou na usina novamente e eu fiquei em casa, estava amamentando ainda. A menina que entrou quando eu saí, iria deixar a empresa para ir para o Japão e não tinha tempo de ensinar o serviço, então o Luisinho (Arakaki) pediu para me chamar, pois eu já sabia o serviço. Minha menina tinha um ano e meio na época, hoje está com 27”, completou.
CRESCIMENTO PESSOAL
Com o suor de seu trabalho, Salete não conquistou apenas crescimento profissional, mas pessoal também. A menina, que no começo dessa história abandonou os estudos e imaginava que nunca teria uma casa de tijolos, hoje tem uma casa confortável, iniciou uma faculdade (ainda não terminou por falta de tempo), formou a filha mais velha (Aline) e sonha com o dia em que verá o Giovanni (seu filho de 16 anos) também com o diploma na mão.
“Queria aproveitar para agradecer, não só por mim, mas por toda a família Belline, a todos aqui do Grupo pelo carinho e pela paciência que tiveram ao longo desses anos. Construí minha vida aqui, formei minha filha e espero ainda estar aqui quando for a vez do meu filho se formar”, concluiu.
RECONHECIMENTO
Mas segundo o supervisor de desenvolvimento Humano do Grupo Arakaki, Evaldo Botazzo, é o Grupo que tem que a agradecer. “A Salete sempre foi essa pessoa simples, modesta que ajuda todo mundo, que ensinou muita gente, muito parceira e honesta. A empresa tem a confiança como valor primordial e a Salete, assim como outras pessoas que estão aqui há 30, 40 anos, demonstrou por inúmeras vezes que realmente vestiu a camisa da empresa e o Grupo valoriza muito isso”, disse.