Pecuaristas voltam a protestar contra proliferação da mosca-do-estábulo

20 de Agosto de 2025

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Pecuaristas voltam a protestar contra proliferação da mosca-do-estábulo

A utilização inadequada da vinhaça da cana continua gerando conflito entre pecuaristas e usineiros na região. A prática é apontada como causa principal da proliferação da mosca-de-estábulo que ataca o gado e está dizimando a atividade pecuária de leite e de corte. Reunião em Ouroeste este mês atraiu mais de 100 pessoas entre pecuaristas, técnicos agropecuários, autoridades e lideranças rurais. Todos cobram que as usinas adotem manejo adequado para que uma atividade não mate a outra. 

O problema da mosca-do-estábulo foi tratado em reportagem do jornal CIDADÃO em julho de 2016. Na época a pecuarista Rita de Cássia da Silva Garcia e o marido Nilson Pandin Garcia, com propriedade no Córrego do Gralha, relataram o drama que os levaram a abandonar a pecuária leiteira.
O problema, que está disseminado pelo estado, levou a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado a emitir uma resolução para controlar a infestação da mosca-do-estábulo no rebanho paulista, com treinamento de técnicos e estabelecendo normas para o manejo dos resíduos orgânicos e a autorização da queima profilática da palha da cana-de-açúcar. 
Na região, o problema da mosca-do-estábulo atinge principalmente as regiões de Fernandópolis, Populina e Ouroeste. A partir da reunião do dia 6 de dezembro, um documento foi preparado pelos pecuaristas para ser entregue em uma reunião que está agendada para segunda-feira, 17, com diretores da Bunge, multinacional holandesa, que comanda a Usina em Ouroeste. 
“Não há inseticida eficiente contra as moscas. Ao contrário, o inseticida usado está dizimando as abelhas. É preciso um manejo adequado da vinhaça e outros subprodutos da cana, para evitar a infestação. Tem que combater a mosca na fase larvária e ai entra o manejo correto das usinas”, explicou Rita que integra a comissão. “Estamos todos enfrentando o mesmo problema. Na nossa área, a infestação foi amenizada com o manejo adequado da Usina Alcoeste e a nossa luta é para reduzir ainda mais o problema. Uma atividade rural não pode matar a outra. A região precisa das duas”, acrescentou. 
O veterinário da CATI de Fernandópolis Claudio Camacho Pereira Menezes, em entrevista ao CIDADÃO considerou, na época, a infestação muito grave para a pecuária da região. 
Segundo ele, a mosca do estábulo sempre existiu, mas era quase imperceptível para os produtores. “Pesquisadores apontam que de 6 a 10 moscas no animal não chega a causar estresse, mas na região temos casos de 200 ou mais moscas atacando um animal, que definha e tem morte dolorosa. O principal problema é que essa mosca é hematófaga (se alimenta do sangue), tanto o macho quanto a fêmea. A picada é extremamente dolorosa para o animal”, relatou o veterinário.
Os animais preferidos das moscas são os bovinos e equinos, mas nem os cachorros escapam do ataque, principalmente nas orelhas. Há relatos, segundo o veterinário, de seres humanos atacados pela mosca. “Na necessidade de alimento (sangue) elas atacam pessoas também”, o que demonstra que já é um problema de saúde pública. A própria mosca também é transmissora de doenças à pecuária que antes não eram notificadas na região.