A apresentação de Letícia Gonçalves, 22, no programa The Voice Brasil da Rede Globo, desta quinta-feira, 26, pegou os fernandopolenses de surpresa. O sigilo é uma das regras impostas pela emissora aos participantes do programa.
O Brasil descobriu nesta quinta, o que os moradores de Fernandópolis já sabem faz tempo: Letícia é muito talentosa e trilha o caminho da música com muita determinação e coragem. Durante o programa, os cantores Michel Teló e Carlinhos Brown, jurados do programa, "viraram as cadeiras" - a senha para aprovação da apresentação. Ivete Sangalo e Lulu Santos não se manifestaram. Letícia escolheu o time de Teló.
Há três anos, Letícia fez parte da banda do projeto social "Os Sonhadores" como vocalista. Depois, formou dupla com Mari. Elas passaram a ser Mari & Letícia e se apresentavam em festas e tocavam em barzinhos. Paralelo a isso, Leticia fazia faculdade e cursava Fonoaudiologia.
O tempo passou, e mesmo com o diploma em mãos, Letícia não desistiu dos seus sonhos. Decidiu ir à luta em outras terras. Foi aí que se mudou para a cidade de Prata, em Minas Gerais. Lá, exerce sua profissão e se apresenta em barzinhos, já comandou o carnaval da cidade, e é muito reconhecida pelo seu talento musical.
Mas, com a família morando em Fernandópolis, ela sempre dá um jeito de aparecer por aqui para matar a saudade dos parentes e dos muitos amigos que fez na cidade.
Quando Letícia tinha 19 anos e estava descobrindo seu talento, na formação da banda do "Os Sonhadores", o jornal CIDADÃO fez um convite para uma entrevista, na coluna Observatório. Abaixo, a reprodução na íntegra da entrevista feita pelo jornalista Jorge Pontes (integrante da equipe de CIDADÃO na época) e publicada em 2015.
Esforço,talento, futuro...
Força de vontade, carisma, irreverência, talento e muita humildade. Estes são alguns dos ingredientes que qualquer artista precisa para alcançar o tão sonhado sucesso e com certeza são atributos presentes em uma fernandopolense que vem chamando a atenção frente aos vocais da banda sertaneja do Projeto “Os Sonhadores”. Cantora nata, a jovem Letícia Gonçalves, 19, está no projeto há pouco mais de um ano, onde além de cantar também dá aulas de dança (zumba). Estudante de fonoaudiologia, ela conta como passou a integrar a banda do Projeto e quais suas aspirações no mundo da música, seja frente ao projeto ou com sua dupla, Mari e Letícia, que inclusive já recebeu a alcunha de “as gargantinhas de ouro”, em alusão aos ícones da música sertaneja Milionário e José Rico.
Como começou sua história no Projeto “Os Sonhadores”? Ela se assemelha a da maioria dos jovens que compõem o projeto? Relate-a.
A minha história no Projeto começou com uma amiga que falou que a banda do Projeto estava sem vocalista e me apresentou para o Guilherme Vilela, a partir daí eles fizeram um teste comigo e eu passei. Foi uma grande alegria para mim e para os meus familiares, pois nós já conhecíamos as ações que o projeto desempenhava na cidade. É uma honra estar aqui levando o nome desse projeto tão grande e maravilhoso.
Quais os principais benefícios que você notou em sua vida pós projeto?
Foram vários benefícios que o projeto trouxe para mim, mais reconhecimento, mais portas se abriram na minha vida, enfim, tudo de melhor aconteceu depois que ingressei no Projeto “Os Sonhadores”.
Como foi o momento em que foi comunicada que passaria a ser a vocalista de uma banda que já conquistara renome regional?
Eu estava em casa e fui pega de surpresa. É claro, fiquei muito feliz, pois a partir de agora eu também faria parte dessa grande família “Os Sonhadores”.
Qual o episódio mais marcante desde que entrou para o “Os Sonhadores”?
Sem dúvidas nenhuma o episódio que mais me marcou entre todas as apresentações que tive pelo Projeto “Os Sonhadores” foi a minha participação cantando junto com a dupla sertaneja Humberto e Ronaldo no jantar Beneficente ao Hospital de Câncer de Barretos. Foi um momento único pra mim e fiquei muito lisonjeada de poder representar e de terem depositado a confiança em mim.
Como definiria o presidente do Projeto Marcos Vilela?
Marcão? O que falar dele? Marcão, ou o “Gordo” é a manivela do Projeto, diria mais, a bússola que nos guia ali. Pés no chão e sempre mantendo o foco, mostrando, aconselhando e sendo um verdadeiro “paizão” para todos os integrantes da banda. Muitos ainda duvidam da sua capacidade, mas a partir do momento que abracei a causa do Projeto eu disse que vou estar com ele para conquistar vários sonhos. Almejo muito com o Projeto e sei que com o Marcos no comando nós podemos ir longe.
Você canta desde pequena ou tomou gosto pela música quando passou a cantar na Banda do Projeto “Os Sonhadores”?
Na verdade sempre gostei de cantar, fui incentivada a começar a cantar quando fazia aulas de violão Projeto Guri. Mas depois que entrei para “Os Sonhadores” descobri que essa é a minha verdadeira paixão. Eu amo o que eu faço e não tem sensação melhor do que estar cantando. Me sinto completa.
Em quem se espelha como cantora?
Me espelho na Ivete Sangalo como cantora, irreverente, simples, cativante e que sou muito fã!
Suas apresentações chamaram a atenção de muitos que a incentivaram a seguir uma carreira profissional. Quais os principais incentivadores e como está sendo essa nova empreitada?
Eu gosto de ser o mais simples possível e mostrar para o público como sou no cotidiano. Eu brinco, tento interpretar cada música como se a letra estivesse se passando comigo e sou muito animada. Muitos me apoiam e veem que posso ir mais longe. Sem dúvida nenhuma meus pais, amigos e todo o pessoal do Projeto são os que mais me motivam a não desistir. Está sendo maravilhoso, estou descobrindo novas coisas nessa empreitada e tendo mais conhecimento.
A que se deve o novo apelido de sua dupla com Marinara (Mari&Letícia): “as gargantinhas de ouro”?
Na última apresentação que fizemos fomos gentilmente chamadas de “gargantinhas de ouro”. A pessoa que disse, falou que o nome se dá ao talento que temos e que o nome se aplica ao que fazemos. É uma honra ser comparada com o grandes gênios da música sertaneja que é a dupla Milionário e Zé Rico, os quais sempre foram chamados de “gargantas de outro” e quem dera se chegasse aos pés desses ícones da música brasileira. Brincadeiras à parte, temos muito ainda para ser as “gargantinhas de ouro”, mas confesso que amei o apelido.
Como divide sua agenda de shows entre a banda do Projeto e a nova dupla?
Na verdade eu tento unir os dois e levo sempre quando posso nos shows do Projeto a minha grande amiga Marinara para que possa participar. Assim divulgo minha dupla e o trabalho do Projeto engrandece mais ainda.
A apresentação de vocês, interpretando o hino nacional brasileiro na estreia do FFC na Segundona, chamou a atenção pela qualidade e técnica vocal. A responsabilidade aumentou ao encontrar o estádio lotado? Conte os detalhes da apresentação.
A responsabilidade de cantar o hino nacional pesou um pouquinho, sei que muitas cantoras de renome nacional erraram a letra, então eu não podia fazer como elas, estudei e li várias vezes. E para cantar para milhares de pessoas no estádio foi realmente uma emoção muito grande e graças a Deus deu tudo certo no final eu e minha parceira conseguimos cantar o hino divinamente. Foi um grande privilégio poder cantar na minha casa para o meu time e fazer bem feito. Fiquei feliz por todos terem gostado.
Já havia assistido a um jogo de futebol em algum estádio? Como foi fazer a abertura de uma partida do time de sua cidade no Campeonato Paulista, com estrelas do futebol mundial em campo?
Já havia assistido um jogo de futebol sim, sou muito crítica, uma torcedora ativa, gosto de saber de tudo um pouco. Cantar na minha cidade para milhares de pessoas com um campeão mundial em campo foi uma ‘baita’ responsabilidade, mas também tive a certeza do que estava fazendo. Faço isso com amor, foi um pouquinho deixado ali a minha gratidão pelo FFC, pelo Jerri e pelo Müller e todos que organizaram. Estou na torcida pelo time rumo à série A-3. Vai FFC!
Outros jovens se espelham em você e se sentem motivados a seguir uma carreira na música. Tem espaço para mais alguém na banda?
Fico muito feliz por saber que muitas crianças do projeto se inspiram em mim, porque esse sonho eu carrego comigo há três anos apenas e tenho muita vontade de concretizar. Sei que a estrada é longa muitos empecilhos, muitas batalhas, barreiras, mas com muita fé em Deus espero conseguir. A mensagem que todo cantor, toda pessoa que está na área deixa para quem está começando é que não desista, pois uma hora todo reconhecimento e esforço vinga pra nós de alguma forma, não necessariamente apenas com o sucesso, pois o sucesso é uma consequência do amor que você emprega em seu trabalho. Claro que tem um espaço na banda, o Projeto “Os Sonhadores” é muito maior que tudo, eu sou apenas uma das fases no projeto, ele continua independente da minha existência lá, então seu eu vou para algum lugar eu não sei, pois o futuro a Deus pertence. E dali eu não saio tão fácil, só se aparecer uma coisa maior que eu almejo.
