Ataques de escorpião aumentam 22% no primeiro semestre em Fernandópolis

20 de Agosto de 2025

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Ataques de escorpião aumentam 22% no primeiro semestre em Fernandópolis

Os escorpiões continuam tirando o sono dos fernandopolenses. No primeiro semestre do ano foram 164 acidentes, média de 27 casos por mês. Isso representa aumento de 22% na média de casos. Em 2017, foram 273 acidentes, média era de 22,5 casos por mês. 

O problema se alastra por todo o Estado de São Paulo que registra mais de dois casos de ataques de escorpião por hora e o número vem crescendo. São 11,5 mil casos este ano, ante 21,7 mil em todo o ano de 2017. O Estado reclama da distribuição irregular de soro antiescorpiônico pelo Ministério da Saúde. A falta de soro foi a causa de duas mortes de crianças no Estado este mês. 
A morte mais recente neste ano foi de Yasmin Lemos de Campos, de 4 anos, em Cabrália Paulista no último dia 11. Yasmin foi picada quando brincava no quintal, por volta das 11 horas de terça-feira, 10, e acabou morrendo horas depois em Bauru. A dificuldade em encontrar o soro para o veneno foi um dos problemas.
Outras crianças já morreram em casos semelhantes neste ano no Estado. Em Sumaré um menino morreu no último 14, seis dias após ser picado ao calçar um tênis. Nicolas Benette morava em um condomínio com infestação de escorpiões. “Assim que sentiu a picada, já saiu correndo e gritando”, conta a mãe, Renata Benette. Em abril, outro garoto, de 6 anos, foi vítima em Barra Bonita. Sem soro na cidade, foi levado para o hospital de Jaú, onde morreu.
A possibilidade de acidente com criança apavora as mães. Em Fernandópolis, a moradora Ana Maria mandou pelo whatsapp da Rádio Difusora a foto de três escorpiões que encontrou em sua casa no bairro Pôr do Sol.  Ao lado da casa dela, tem um lote e uma rua sem saída tomados por mato e entulho. Na mensagem, um desabafo: “Se um bicho desse pica minha filha, estou desesperada. Será que tem que acontecer alguma coisa pra tomar providências”. Cobrou ação da prefeitura para que intensifique fiscalização e adote medidas para manter a rua “sem saída” no bairro limpa. 
O problema, segundo a Secretaria da Saúde está disseminado por todos os bairros da cidade. A proliferação do escorpião está associada ao acúmulo de lixo e entulho nas ruas, quintais e lotes baldios, expansão urbana, bem como ao fato da população continuar mal informada em como lidar com o animal. 
Durante todo o ano de 2017, Fernandópolis registrou 273 acidentes com escorpiões notificados pela Secretaria Municipal de Saúde. Nos primeiros seis meses desse ano, o número já chega a 164, ou seja, média de 27,3 acidentes por mês, quase um por dia. Felizmente não foi registrado nenhuma morte neste período. 
Em nota ao CIDADÃO, a Secretaria da Saúde recomenda que as pessoas picadas por escorpião, inicialmente busquem atendimento nas Unidades de Saúde, no caso até às 17h, ou na UPA 24 horas. Todas estão aptas para o atendimento. Não há informação de falta do soro antiescorpiônico.


Escorpião se reproduz até duas vezes por ano

O escorpião é, de longe, a maior preocupação em Fernandópolis e toda a região. Completamente adaptável ao ambiente urbano, o escorpião consegue se instalar em uma residência por até um ano sem precisar se alimentar, alertam os biólogos. O escorpião amarelo se reproduz até duas vezes ao ano. Porém, quando esse animal sofre um stress (como quando jogamos veneno ou o cutucamos), ele entra em um processo de reprodução assexuada. Ou seja, quando provocado, ele se auto reproduz fora de época e libera de 20 a 30 filhotes no ambiente. 
A principal fonte de alimentação do escorpião é a barata, grande responsável por atrair o escorpião para dentro de casa. Por isso, a limpeza é fundamental para manter o bichinho longe de casa.
Os escorpiões são animais de hábitos noturnos que, em regra, se escondem abrigados da luz, sob pedras, entulhos, lenha, material de construção, encanamentos, dentro de calçados e roupas, no interior das casas e em seus arredores. “O escorpião se adaptou muito bem ao ambiente urbano, onde encontra abrigo, alimento, e pouco inimigos naturais”, explica o biólogo Antonio Carlos Lofego, do Departamento de Zoologia e Botânica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em São José do Rio Preto.