Quem precisar de uma pessoas para trabalhar como doméstica, favor entrar em contato com a Márcia (99775-3308); quem precisar de uma pessoa para trabalhar como diarista, favor entrar em contato com a Rosa (99798-5609); quem precisar de uma pessoa para trabalhar em propriedade rural, favor entrar em contato com o Luiz Carlos (99607-7642); quem precisar de uma pessoa para trabalhar como ajudante geral ou servente de pedreiro favor entrar em contato com o Jaider (99622-3828)...
Todos os dias pelo menos 30 pessoas procuram a Rádio Difusora para colocar anúncios como esses. Trata-se do reflexo de um período de crise aliado a uma ineficiente política de desenvolvimento sustentável aplicada na cidade ao longo dos anos.
Jaider Michel Leão é uma dessas pessoas à procura de emprego e olha que ele possui experiência e qualificação. Por meio do Fundo Social de Solidariedade de Fernandópolis, ele fez o curso de pedreiro, azulejista e encanador, mesmo assim, seu último emprego com carteira assinada durou apenas quatro meses e há dois ele vive apenas de bicos, quando encontra algum.
“Meu último emprego foi como ajudante de pedreiro em uma construtora aqui de Fernandópolis, mas os serviços diminuíram e o proprietário teve que dispensar a mim e mais dois ajudantes. Desde então eu pego uma semana de serviço aqui, dois dias ali, pra poder sobreviver”, disse Jaider.
De acordo com dados do Caged - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados -, do Ministério do Trabalho e Emprego, Jaider é apenas um dos mais de 3 mil fernandopolenses que estão vivendo de empregos informais.
Fernandópolis ainda sofre os efeitos da crise econômica nos últimos 3 anos. Em 2015 a cidade fechou o ano com saldo negativo de -681 postos de trabalho; em 2016, -219; e 2017, -18. Tomando-se por base o número de trabalhadores empregados em dezembro de 2013 (9.214) e os empregados em 2017 (5.851), o número de empregos fechados na cidade no período é de 3,3 mil.
“A gente não tem muito o que comemorar no Dia do Trabalho, pois as contas continuam vindo do mesmo jeito, enquanto o emprego não. Já distribuí currículos em várias empresas, mas a resposta na maioria das vezes é a mesma: ‘por enquanto estamos com a equipe completa’, ‘gostamos do seu currículo, mas no momento não podemos contratar’, ‘quando surgir uma vaga nós te chamamos’ e por aí vai. É desanimador, mas não podemos perder a esperança, até porque é a única coisa que temos ultimamente”, concluiu.
DIA DO TRABALHO
O Dia do Trabalho teve origem na cidade de Chicago (EUA), quando milhares de operários, liderados pela Federação Americana do Trabalho, organizaram uma grande paralisação. A greve teve início no dia 1º de maio de 1886, sendo que nesse mesmo dia foi iniciada uma greve geral que paralisou os Estados Unidos.
As condições de trabalho a que os trabalhadores eram sujeitados eram desumanas, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, onde também estouravam greves constantemente. A jornada de trabalho era de treze horas (no mínimo) chegando a até 17 horas. A reivindicação dos trabalhadores em Chicago era a diminuição da jornada para 8 horas.
No dia 3 de maio, terceiro dia de paralisação, trabalhadores e policiais entraram em confronto, que acabou com um saldo de 50 feridos, centenas de prisões e 6 mortes. No dia seguinte, outro confronto resultou em mais feridos, presos e mortos.
Os acontecimentos daquele início de maio receberam o nome de Revolta de Haymarket. Os líderes do movimento foram presos e responsabilizados pelas mortes. Alguns foram condenados a forca, outros a prisão perpétua.
Em junho de 1889, a Segunda Internacional (organização sindical), realizada em Paris, decidiu instituir o Dia Mundial do Trabalho, como forma de homenagear os trabalhadores mortos na Revolta de Haymarket, e para que todos os anos, nesse dia, os trabalhadores pudessem fazer suas reivindicações.
A França foi o primeiro país a legalizar o dia 1º de maio como o Dia do Trabalho, em 1919. Nessa mesma ocasião, a jornada de trabalho foi estabelecida em 8 horas.
No Brasil, são relatadas comemorações do dia do trabalho desde 1895, mas somente em 1925 a data foi legalizada pelo então presidente Artur Bernardes, quando passou a ser feriado nacional.
A partir de 1930, com Getúlio Vargas na presidência, o dia 1º de maio passou a ser o dia do anúncio de medidas favoráveis aos trabalhadores, como o estabelecimento do salário mínimo, medida divulgada em 1º de maio de 1940.