O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou na quarta-feira, 30, as estimativas das populações residentes nos 5.570 municípios brasileiros, com data de referência em 1º de julho de 2017. Estima-se que o Brasil tenha 207,7 milhões de habitantes. A população estimada de Fernandópolis este ano subiu para 68.670 habitantes, 271 habitantes a mais do que a estimativa de 2016, ou seja, crescimento de 0,4%. Na comparação com o censo de 2010, Fernandópolis cresceu 6,7%.
O inconformismo de Fernandópolis com os números do IBGE vem da divulgação do censo de 2010. Naquela época, houve pedido de recontagem, diante da grita de moradores que informavam não terem recebido a visita de recenseadores. Desde que tomou posse no início do ano, o prefeito André Pessuto (DEM) também assumiu a bandeira do protesto contra o IBGE. Questionado por CIDADÃO sobre os novos números, Pessuto lamentou:
“Estivemos há poucos dias no Rio de Janeiro na sede do IBGE questionando os números relacionados à Fernandópolis. Pedimos a recontagem populacional, entregamos documentos contendo números de ligações de água, entre outros pontos que consideramos importantes, mas infelizmente essa atualização oficial através da metodologia que eles usam só pode ser feita através do próximo Censo que será realizado em 2020”, disse o prefeito.
Um fator que move o prefeito nesta cruzada tem a ver com os repasses de ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – e o FPM – Fundo de Participação dos Municípios – que utilizam o critério população para definir o montante do repasse como diz nota técnica do IBGE: “as estimativas populacionais municipais são um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União no cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios e são referência para vários indicadores sociais, econômicos e demográficos”.
“As populações dos municípios foram estimadas por um procedimento matemático e são o resultado da distribuição das populações dos estados, projetadas por métodos demográficos, entre seus diversos munícipios. O método baseia-se na projeção da população estadual e na tendência de crescimento dos municípios, delineada pelas populações municipais captadas nos dois últimos Censos Demográficos (2000 e 2010)”, explica o Instituto. Um dos fatores para estimativa da população de uma cidade é o saldo da migração, um problema para Fernandópolis apontado em recente estudo da Fundação Seade (veja nesta página). A cidade ocupa a quarta posição no ranking regional, atrás de Rio Preto, Catanduva e Votuporanga.
CIDADES ENCOLHERAM
Das cidades da Comarca de Fernandópolis, apenas Ouroeste registrou variação positiva da população na estimativa divulgada pelo IBGE (veja quadro). Pedranópolis e Meridiano foram as que mais perderam, 11 e 10 moradores, respectivamente. Depois vieram Indiaporã, Macedônia e Guarani d´Oeste. São João das Duas Pontes que não pertence a comarca, mas faz divisa com Fernandópolis, também apresentou variação negativa.
Reportagem especial publicada pela revista CIDADÃO em comemoração ao aniversário de Fernandópolis, em maio, já apontava o problema sob a ótica de outro órgão, especializado em pesquisas: o Seade – Fundação Sistema de Estudos de Análises de Dados.
O estudo do Seade projetava Fernandópolis para 2030 e trazia um dado relevante e preocupante: a cidade terá população estará mais idosa e menor. Além de perder a força jovem de trabalho, Fernandópolis também não atrai novos moradores. A taxa de migração é baixa e pode ficar negativa senão houver reversão do quadro, principalmente na questão da geração de emprego. O saldo da migração é componente importante na estimativa populacional.
Bernadette Waldvogel, gerente de Indicadores e Estudos Populacionais da Fundação Seade analisou, a pedido do CIDADÃO, os índices de Fernandópolis. Ela apontou que o baixo crescimento vem dos períodos 1991/2000 e 2000/2010 com taxas anuais de crescimento reduzidas: respectivamente 1,07% e 0,49%.
Diz ela em forma de alerta: “A expectativa revelada pelas projeções demográficas elaboradas pelo Seade aponta que esse ritmo deve se reduzir ainda mais, inclusive atingindo taxas anuais negativas de -0,12%, no quinquênio 2025/2030. Vale ressaltar que apesar do município não se distanciar dos níveis de fecundidade e de mortalidade do conjunto da população paulista, a sua taxa líquida de migração foi negativa na década de 2000 (-0,02 migrante por 1000 habitantes)”.
Os resultados do estudo baseiam-se no método dos componentes demográficos, que analisa a inter-relação entre fecundidade, mortalidade e migração, simulando o mecanismo real de reprodução da população futura.
Pelo estudo da Fundação Seade, a população da nossa cidade estimada em 65.776 habitantes em 2017, atingirá 66.206 em 2025 para cair para 65.808 em 2030. Na comparação com a região, Fernandópolis perde para Votuporanga que atrai mais migrante (6,7%).