A estudante de Direito Francine Scandiuzi Búffalo viveu momentos de intensa emoção na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), quando foi convidada para assistir a uma palestra com um dos últimos sobreviventes do Holocausto, Sr. Thomas Venetianer. O Holocausto foi a perseguição e o extermínio sistemático organizado e patrocinado pelo governo nazista, de aproximadamente seis milhões de judeus pela Alemanha.
Francine está no seu segundo ano do curso de Direito e explicou que a palestra foi organizada pela Câmara de Vereadores de Piracicaba, em homenagem ao Dia Municipal da Lembrança (30 de abril). A iniciativa da lei surgiu a partir de uma resolução da Organização para as Nações Unidas (ONU), em 2007, que instituiu o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto (27 de janeiro) com o propósito também de que fosse ensinado nas escolas sobre o ataque nazista, para que outra atrocidade como aquela não se repita.
Vivendo há mais seis décadas no Brasil, Venetianer nasceu em Kosice, no leste da atual Eslováquia, e foi capturado aos 7 anos de idade (1944) em um esconderijo nas montanhas onde viveu desde o começo da perseguição aos judeus. Thomas foi levado a um campo de concentração de Terezín junto com a sua mãe, sendo libertados somente no ano seguinte com o fim da Segunda Guerra Mundial (1945).
Durante sua apresentação, Tom não se acanha em dizer que é um milagre vivo, pois além dele sobreviveram ao holocausto seus pais, o que é muito raro entre os sobreviventes. Mesmo assim, guarda a triste lembrança de ter perdido 19 parentes de 1º grau.
O palestrante contou que em março de 1948, duas semanas antes da tomada da antiga Tchecoslováquia pelos comunistas, a família conseguiu vir para o Brasil, com a ajuda de um comerciante, dono de uma farmácia na cidade de São Paulo, que enviou uma carta solicitando a presença do pai de Thomas (que era químico) em seu estabelecimento. A farmácia existe até hoje na capital paulista.
No Brasil, Venetianer aprendeu o português e, apesar das dificuldades, conseguiu se formar em Engenharia Eletrônica pela Universidade de São Paulo (USP) e em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Hoje, aos 79 anos, ele percorre cidades dando palestras sobre o terror que viveu, porque acredita que essa seja a missão dele, de não deixar que um acontecimento dessa magnitude caia no esquecimento, ainda mais porque daqui a 10 anos será muito raro encontrar um sobrevivente lúcido, Tom explica que trata-se de um grupo em extinção.
Para a fernandopolense, Francine assistir à palestra de um sobrevivente do Holocausto foi uma experiência mágica e única. “Chorei muito durante a palestra, pois fiquei imaginando o sofrimento daquelas pessoas. E então pensei: que bom que eu não perdi essa oportunidade”, falou a estudante.