Em entrevista à Rádio Difusora, o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Claudinei Atonio Senha, disse que os funcionários públicos estão cansados de pagar a conta por administrações fracassadas. A afirmação se deu após o atual prefeito de Fernandópolis, André Pessuto (DEM) enviar à Câmara Municipal o projeto de extinção do 14º salário e se negar a recompensar os servidores de outra forma.
Segundo Senha, todas as tentativas de negociação com Pessuto, em relação ao 14º salário, fracassaram. Ainda de acordo com ele, além, de culpar o TCE – Tribunal de Contas do Estado – pela extinção do benefício, o prefeito atribuiu às negativas a situação financeira do município.
“Já que eles estavam alegando que a concessão do benefício é ilegal, o sindicato apresentou três alternativas para que o servidor não perdesse esse dinheiro, que foi o de diluir esse valor no salário ao longo do ano, como foi feito em Votuporanga, que incorporou um aumento de 8% no salário do servidor, também apresentamos uma proposta de vale-refeição e de uma abono de 8% do menor salário da Prefeitura incorporado nos salários dos servidores, mas tudo foi negado pelo prefeito, dizendo que a dívida da prefeitura é muito alta”, disse Senha.
A justificativa não convenceu a diretoria do sindicato, que disse estar decepcionada com o novo prefeito. “Ele rejeitou tudo dizendo que a dívida é muito alta o que a gente não concorda porque os servidores não podem e não devem pagar pela irresponsabilidade de outros. Então quer dizer que todas as contas de más-administrações é o servidor que terá que pagar? É muito injusto isso, o servidor já tem um salário de fome e agora querem cortar os poucos benefícios que temos?”, questionou o sindicalista.
Senha completou afirmando que o funcionalismo está pagando uma conta que não fez. “O servidor está cansado de ter um péssimo salário e de que toda vez que vai negociar uma melhora recebe não como resposta com a desculpa de dívida do município. O servidor não está conseguindo pagar nem as suas dívidas direito agora vai pagar as dívidas da Prefeitura também? Esse que é o problema. Estamos sempre pagando a conta que nós não fizemos”, completou.
Ainda para o presidente do sindicato, Fernandópolis está entrando no que ele chama de “onda” das outras cidades ao cortar o 14º.
“No nosso entendimento, o que está acontecendo é uma onda. Tipo, município lá cortou, aí vem o prefeito de Votuporanga e fala para o daqui cortar também para não ficar feio para prefeito nenhum. Em Votuporanga eles justificaram que Santa Fé do Sul estava cortando e aqui justifica que Votuporanga e Santa fé cortaram. Então eu faço e justifico porque o outro fez. Isso está existindo e está todo mundo indo na onda para não ficar feio para ninguém”, afirmou.
Sobre a legalidade do benefício, Senha defende afirmando que se trata de uma compensação em relação os trabalhadores em regime de CLT.
“Os que defendem o fim do 14º se justificam falando que os trabalhadores comuns não possuem esse benefício. O que eles não falam é que nós servidores públicos não recebemos outros benefícios que eles recebem, como é o caso do Fundo de Garantia, por exemplo, que hoje muitos utilizam para dar entrada em imóveis e que será liberado para saque a partir de agora”, concluiu Senha.
PROJETO NA CÂMARA
O projeto que extingue o 14º salário dos servidores municipais, mais conhecido como abono de aniversário, já foi enviado à Câmara Municipal e segue em análise nas comissões permanentes da Casa.
Procurado, o presidente do Legislativo fernandopolense, ÉtoreBaroni disse que a proposta não entrará em discussão por regime de urgência e que solicitou a assessoria jurídica da Câmara que buscasse um parecer junto ao TCE sobre a temática, para só então debater o assunto.
Também foi enviado ao Palácio 22 de Maio o projeto que reajusta em 6,5% o salário dos servidores municipais. A proposta deve ser debatida em uma sessão extraordinária já agendada para segunda-feira, 30