Pela primeira vez, Fernandópolis terá uma semana inteira de mobilização em favor da prevenção, saúde e doação de sangue. A campanha lançada na cidade une o Hemocentro e a Unidade de Prevenção ao Câncer de Fernandópolis e o projeto Seja um Herói. O movimento vai abarcar três datas: 23 de novembro (Dia de Combate ao Câncer Infantojuvenil), dia 25 (Dia do Doador de Sangue) e dia 27 (data da caminhada Passos que Salvam). A 1ª Semana de Prevenção, Saúde e Doação de Sangue leva o nome de João Pedro Azevedo, que se estivesse vivo completaria 10 anos no dia 22. O jornal CIDADÃO reuniu a enfermeira Tânia Lourenço, gerente administrativa e Responsável Técnica da Unidade (na foto ao centro), Claudio Azevedo (à esquerda) do Projeto Seja um Herói e Cícero Faustino (à direita) que é voluntário para abordar a importância do diagnóstico precoce no caso do câncer infantojuvenil. Diferente dos demais em que é possível atuar na prevenção, neste caso, para o diagnóstico é necessário a sintomatologia. O projeto Passos que Salvam vem para alertar a população sobre a importância de prestar atenção aos sinais. A Caminhada Passos que Salvam terá concentração na Praça da Matriz no domingo, dia 27, a partir das 8h30 e caminhada às 9 horas. Os participantes podem adquirir um kit cuja renda será revertida em prol do Hospital de Câncer Infantojuvenil. “Esse projeto é uma forma de estimular a população sobre a importância do diagnóstico precoce, porque infelizmente a gente recebe os pacientes em fase mais avançada da doença”, alertou Tânia.
A campanha “Passos que Salvam” tem o objetivo de alertar pais, professores e médicos para prestar atenção em sinais. Quais são os sinais que devem ser observados?
Tânia Lourenço - Hoje o câncer infantojuvenil tem uma incidência alta em nosso País. São esperados mais de 12 mil novos casos da doença. Infelizmente a maior parte dessas crianças chegam ao Hospital de Câncer Infantojuvenil do Hospital de Câncer de Barretos para tratamento na fase mais avançada da doença. A gente tem a possibilidade de fazer o diagnóstico precoce, possibilitando a cura, desde que esse paciente, essa criança, chegue em estágio mais precoce da doença. Por isso que o projeto ‘Passos que Salvam’ vem para alertar os pais, familiares, professores e médicos e a população de uma forma geral para prestar atenção a sinais e sintomas muito semelhantes com outros tipos de doença da infância. É preciso que todos estejam atentos.
Na criança, as vezes uma mancha roxa pode significar uma pancada durante uma brincadeira, mas também pode significar muita coisa? Tem que prestar atenção a isso?
Tânia Lourenço - Sem dúvida, temos que prestar atenção a essas manchas roxas, a íngua que aparece debaixo do braço, no pescoço, as vezes pode ser alguma alteração sugestiva de câncer. Temos que ficar atento à coloração da retina dos olhos, porque quando tira uma foto, bate o flash e você revela a foto, você vê que o olho da criança está esbranquiçado e isso pode ser uma lesão, um tumor no olho. São alguns sinais e sintomas clássicos que às vezes passam despercebidos. A nossa orientação é, fez o tratamento e não melhorou, então volta novamente ao médico e faz uma investigação melhor do quadro.
Quais os tipos mais comuns de câncer em crianças?
Tânia Lourenço - O mais comum é a leucemia, mas temos também tumores renais, linfomas, tumores do sistema nervoso central, tumor de olho, os ossos sarcomas que são os tumores nos ossos. Esse grupo são dos tumores mais frequentes nas crianças e adolescentes. Muitas vezes a criança relata dor no osso, dor na perna, e normalmente uma criança em fase de crescimento apresenta essa dor e também por conta da atividade acelerada. Será que essas dores são decorrentes disso, então temos que investigar. O projeto ‘Passos que Salvam’ é uma mobilização que começou em 2012. Estamos no quinto ano e nosso objetivo é informar a população da importância de estar atento para se chegar ao diagnóstico precoce.
Você viveu isso na pele com o João Pedro?
Cláudio Azevedo - Mais que ninguém eu falo da importância do diagnóstico precoce. Nós ficamos três meses com o João Pedro lutando. Era a dor do crescimento, hematoma de criança que está brincando, porque o João teve a dor na perna, teve mancha roxa, teve as ínguas. Então, antes de chegar à leucemia a gente passou por oftalmo, ortopedista, neurocirurgião, e todo esse processo demorou cerca de 3 meses para chegar no diagnóstico da doença. Então, a caminhada ‘Passos que Salvam’ ela vem para enfatizar para o diagnóstico precoce. O projeto ‘Seja um Herói’, junto com o Núcleo de Hemoterapia e com a Unidade do Hospital de Câncer de Fernandópolis está organizando a primeira Semana de Prevenção, Saúde e Doação de Sangue. Do dia 21 ao dia 27 a gente vai realizar a Semana do Doador de Sangue em Fernandópolis, com a camiseta comemorativa. E para a gente finalizar a semana da Prevenção vai acontecer a caminhada Passos que Salvam no dia 27, domingo. Vamos também realizar três dias de palestras, abordando sobre a doação de medula e vamos trazer Dra. Leila que é a oncopediatra responsável pelo HCM de Rio Preto para falar da importância do diagnóstico precoce do câncer infantil. Essa 1ª Semana de Prevenção, Saúde e Doação de Sangue leva o nome de “João Pedro Azevedo”. É uma forma de a gente homenagear o João levando conhecimento à população. Então são três datas importantes nesta semana: dia 22, se o João estivesse com a gente completaria 10 anos; dia 23, Dia de Combate ao Câncer Infantojuvenil e dia 25 é o Dia do Doador de Sangue. Eu, mais que ninguém, gostaria que Fernandópolis participasse dessa semana em busca do conhecimento. Isso vai ajudar e muito no diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil o que aumenta a chance de cura.
O importante é adesão maciça da população?
Cláudio Azevedo - Como disse, eu senti o problema na pele. Por isso, através do projeto Seja um Herói eu procuro levar às pessoas informações que são importantes na luta contra o câncer infantojuvenil. Por isso levo às pessoas a importância da prevenção, da doação de sangue, doação de medula e de prestar atenção aos sinais. Que as pessoas não esperem chegar à família para poder ajudar as outras pessoas.
Para participar da caminhada tem um kit cuja renda será revertida para o Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos?
Cícero Faustino - Exatamente. Esse kit é composto de uma camiseta, um boné e uma squeeze. O kit está sendo vendido no valor de R$ 30 e pode ser adquirido na Unidade do HC de Fernandópolis (telefone 3465-5560) ou na rede de postos Ipiranga. A camiseta tem o slogan “Caminhada Passos que Salvam – Todos em direção à cura do Câncer Infantojuvenil”. Assim como Fernandópolis, mais de 300 cidades em todo o Brasil estarão integradas ao projeto. A renda vai para o Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos.
Fernandópolis realizou uma grande mobilização para não deixar fechar a Unidade do HC. É essa mesma mobilização que vocês esperam nesta semana?
Cícero Faustino - No mês passado foi realizada a carreata do Outubro Rosa de prevenção do câncer de Mama. E foi um grande sucesso. Quando tomei conhecimento desse projeto, percebi a grande importância. Eu estive em um Colégio da cidade para falar do projeto com os pais. Enquanto falava percebi uma senhora chorando e perguntei. E ela então disse que um sobrinho de oito anos que teve o câncer e que começou com manchas, dores no braço e quando veio o diagnóstico era tarde demais. Eu me emocionei. Percebi a importância que é ter o conhecimento numa hora dessas, porque isso pode salvar uma vida. E preciso trabalhar muito na prevenção. É o melhor remédio. Todo o projeto que será desenvolvido nesta próxima semana tem esse objetivo: conhecimento e prevenção.
Um pai que tenha morrido por causa da leucemia, o filho tem que fazer prevenção?
Tânia Lourenço - É importante sempre tirar uma opinião com o médico e relatar o que ocorreu com o pai. É extremamente importante quando se tem um algum histórico de câncer na família conversar com o médico e ver o melhor caminho. O câncer, na maioria das vezes, não é genético, mas algum percentual pequeno existe a possibilidade de alteração genética.
Existe alguns tipos de câncer que podem ser prevenidos através de hábitos de vida ou mesmo de exames preventivos. Mas, no caso de crianças e adolescentes, não?
Tânia Lourenço - Por isso que é tão difícil. Para o adulto a gente já tem exames para prevenção. Para a criança, infelizmente ainda é baseado na sintomatologia. Mas, é essa sintomatologia que a gente tem que ficar atenta. Será que é só isso mesmo? Será que que só uma virose, um hematoma de uma brincadeira? É nesse momento que a gente precisa ter os sinais e sintomas para depois fazer a busca. E na maioria das vezes esses sinais e sintomas acontecem em fase mais precoce da doença. Por isso que é importante o familiar, mesmo que procurou o médico, realizou o tratamento e não obteve nenhum resultado satisfatório, retorne ao médico, tire uma segunda opinião sobre o que está ocorrendo com a criança. Mas, a população precisa estar alerta e ter o conhecimento até para questionar o médico, que se não for da área saberá orientar onde encaminhar a criança ou adolescente.