Outubro Rosa de Amor

20 de Agosto de 2025

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Outubro Rosa de Amor

Iraceles Garcia, ou simplesmente Celinha, esbanja alegria e simpatia por anda passa, principalmente no trabalho voluntário do qual participa na Unidade de Prevenção ao Câncer de Fernandópolis. Ela é a cantora de um grupo que se formou há quatro anos para cantar enquanto as pacientes e acompanhantes aguardam o atendimento no hospital. “A minha função seria cantar e tocar violão para alegrar e confortar as pacientes e seus acompanhantes. Amei a ideia e aceitei na hora”.  O resultado é que a alegria se instala na Unidade. “Nem parece que estamos em um hospital”, reagem as pacientes  que cantam juntas formando um grande coral. Celinha faz  isso movida pelo amor ao próximo. Neste mês chamado de Outubro Rosa para alertar as mulheres para a prevenção do câncer de mama, CIDADÃO foi ouvir essa mulher que chegou em Fernandópolis aos 8 anos de idade, vindo com a família de Botucatu. Em 1969 foi para São Paulo e de lá para a Bahia. Passou 23 anos fora, tendo retornado  em 1992 para espalhar simpatia e sorrisos por onde passa. Não foi por menos que em 1967 quando representava Fernandópolis no concurso Miss São Paulo foi eleita Miss Simpatia.  Os jurados acertaram na mosca.

 

Quem chega a Unidade de Prevenção ao Câncer de Mama pela primeira vez se surpreende com você e um grupo cantando, enquanto aguarda exame ou diagnóstico. Como surgiu a ideia de desenvolver esse trabalho voluntário?

A ideia foi da Cida Thomaz que já fazia um lindo trabalho junto com a Laurinda Bizelli e Adelina Oliveira, na Unidade de Prevenção de Fernandópolis do HC. Há quase quatro anos a Cida me convidou para fazer parte do grupo de voluntários. Minha função seria cantar e tocar violão para alegrar e confortar as pacientes e seus acompanhantes. Amei a ideia e aceitei na hora. Ela comentou que esse trabalho já existia no HC de Jales. No começo eu cantava sozinha, mas achei que seria mais agradável se todos cantassem comigo. Então pedi para algumas amigas a doação de pastas com todas as músicas que eu cantava. E agora é um sucesso o coral formado pelas pacientes e seus acompanhantes. Um dia convidei a Jane Brasil Gimenes e o Tião (Sebastião Rodrigues Alves), que é um músico excelente, para me ajudarem. Aceitaram e hoje está sendo uma benção a colaboração deles na “Cantoria”, como costumo chamar o nosso trabalho. As pacientes e acompanhantes ficam tão felizes que gravam vídeos, tiram fotos e, tanto eles quanto eu, publicamos no facebook. Seus familiares e os amigos de suas cidades compartilham e assim divulgam nosso trabalho, além de postarem testemunhos de gratidão, o que nos emociona muito. Eles também elogiam o amor e a competência com que são tratados por toda equipe de profissionais do Hospital do Câncer.

Como as pessoas, que estão ali à espera de um exame, de um diagnóstico, reagem quando começa a cantar?

Ficam surpresos e comentam que se sentem alegres, pois nem parece que estão num hospital. A Laurinda e a Cida fazem as orações, leem mensagens lindas, cantamos parabéns para as aniversariantes do mês e em seguida eu me apresento junto com a Jane e o Tião. Explico a finalidade da Cantoria, brinco para quebrar o gelo, então, elas perdem a timidez e assim acabam descontraindo e cantam com entusiasmo. Fazemos também sorteio de brindes que recebemos como doação. Às quartas-feiras a Amélia Rosa faz bingo e na quinta tem missa, além das outras atividades exercidas pela Cida e Laurinda.

As pessoas participam da cantoria?

No começo as pessoas ficam tímidas, mas depois que brinco com elas, se soltam e participam. Já descobri vários talentos entre as pacientes e seus acompanhantes.

O que te move nesse trabalho?

O amor ao próximo. Desde criança procurava fazer algo para amenizar o sofrimento das pessoas. Então, quando sei que alguém está sofrendo, guardo minhas dores numa caixinha e vou socorrer quem sofre. Já tem alguns anos que faço trabalho voluntário em algumas entidades.

O que mais te emociona neste trabalho voluntário?

O fato de saber que, apesar de idosa, ainda sou útil, conseguindo levar alegria e assim amenizar um pouco o sofrimento das pessoas. É gratificante quando me abraçam sorrindo e agradecem por termos conseguido substituir o choro de medo, pelo sorriso e ainda conseguir fazer com que cantem. Eu não me limito apenas a sentar lá e cantar. Eu também abraço, dou colinho, brinco com elas e o resultado é ótimo.

Qual foi o momento mais especial nestes anos de trabalho voluntário?

Foram vários, mas um momento especial foi quando uma paciente jovem estava chorando enquanto amamentava seu bebê. Parei de cantar, a abracei, orei baixinho no seu ouvido e comecei a dizer palavras de conforto e esperança, as quais com toda certeza eram inspiradas por Deus. Então em pouco tempo ela parou de chorar e quando voltei a cantar, fiquei emocionada, pois olhei para ela e ganhei um lindo sorriso e ouvi sua voz doce cantando comigo, enquanto amamentava seu bebê. Naquele dia chorei de emoção e agradeci a Deus, pois o mérito todo foi Dele, já que me considero apenas uma mensageira cumprindo a missão para a qual fui designada.

Quando começou a cantar para as mulheres que aguardam o exame e o diagnóstico, imaginava que fosse alcançar essa repercussão e ajudar tanta gente?

Sinceramente não fazia ideia que seria assim. É muito gratificante.

Você e seu grupo ajudam as pessoas com essa ação. Agora, o que essa ação ajuda você?

Ajuda muito a me tornar uma pessoa melhor, menos individualista.  Às vezes reflito sobre minhas queixas e acabo admitindo que o motivo é muito pequeno comparado ao sofrimento daquelas guerreiras.

Esse lado cantora é recente ou vem de longe?

Faço parte de uma família musical. A maioria da família por parte de minha mãe canta, toca algum instrumento musical e alguns formaram até uma banda. Sempre gostei de cantar desde criança.

Quem te inspira?

Quem me inspira é Deus, pois além de gostar de cantar, também escrevo poemas e até já fiz um samba, que gosto de cantar com os amigos e as pacientes do HC. Só não aprendi ainda a tocar meu samba no violão, mas vou aprender (risos)

Vivemos o Outubro Rosa de alerta contra o câncer de mama.  E hoje Fernandópolis é referência no diagnóstico da doença com a sua Unidade de Prevenção. Como recebeu lá em junho a notícia de que essa unidade seria fechada?

Recebi com muita tristeza e indignação, assim como todas as pessoas, porém em momento algum perdi a fé e a esperança de que haveria uma solução, como de fato houve.

Hoje, quando a Unidade já está credenciada e não corre mais risco, a mobilização naquele momento foi fundamental para evitar o fechamento?

Com certeza. O grito de socorro, a força de vontade, a atitude e a determinação de todos que se mobilizaram foram fundamentais para a solução.

Para as mulheres que muitas vezes não fazem o preventivo, por medo de descobrir a doença, qual a mensagem que você mandaria a elas?

Vou citar um alerta que li no facebook e concordo com ele: O câncer de mama pode ter 90% de cura se detectado cedo.  É muito importante a prevenção, então façam a mamografia, pois quanto antes for detectada a doença, mais fácil será o tratamento e a cura.

Mudando um pouco de assunto, conta para os leitores do CIDADÃO sua participação no concurso Miss São Paulo?

Em 1967 os Diários e Emissoras Associados (antiga TV Tupi), que organizavam o Concurso de Miss São Paulo, decidiram convidar pela primeira vez as representantes das cidades da região Noroeste, para participarem do Concurso. Fui escolhida para representar Fernandópolis. Fiquei emocionada, pois era grande minha responsabilidade, já que seria a primeira vez que nossa cidade iria participar do evento e em consequência disso iriam divulgar pela primeira vez o nome de nossa cidade pela TV. Confesso que fiquei assustada com tanta responsabilidade. Felizmente deu tudo certo, fiquei entre as semifinalistas e ganhei o título de Miss Simpatia. O que me deixou realmente mais feliz foi o fato de que todos entenderam a importância para a nossa cidade e me receberam com festa, fogos e faixas de agradecimento, por ter representado bem nossa cidade. Foi gratificante. E aproveito para citar a generosidade de algumas pessoas. Acontece que eu não tinha condições financeiras para me apresentar num evento assim tão importante, então o comércio e várias pessoas colaboraram, principalmente Dona Célia e Nancy Semeghini que cederam roupas e acessórios, a Fiquinha (das Lojas Riachuelo) que emprestou o vestido com o qual desfilei e a Amélia Rosa que me orientou e acompanhou em São Paulo, durante a semana que durou o Concurso. Assim consegui cumprir minha missão.