“Vamos antecipar o pagamento das terras”, diz presidente da ZPE

20 de Agosto de 2025

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“Vamos antecipar o pagamento das terras”, diz presidente da ZPE

Desde o primeiro dia de setembro, o advogado Acácio José Rozendo Falcão está na cidade, como presidente que é da Zona de Processamento de Exportações Paulista de Fernandópolis, a ZPE.
Falcão trouxe a mulher e filhos para conhecer a cidade, já que ele cogita da hipótese de se mudar para Fernandópolis. Atualmente, esse paranaense de Cornélio Procópio vive em Sorocaba.
Desde agosto, Falcão comanda o maior empreendimento da história do município, como representante do Group Link, um grupo de investidores de Hong Kong. Os chineses bateram o martelo e assumiram, através da empresa goiana Construmil, o comando da única ZPE criada pelo governo federal em território paulista. 
O presidente da ZPE participou de reunião com Luiz Antônio Arakaki, que representa o Grupo Arakaki, proprietário da área de 64 alqueires em que será implantado o projeto. O advogado considerou a reunião como “direta e produtiva”.
PAGAMENTO 
Segundo afirmou, “temos um prazo, de acordo com o edital, para executar o pagamento da área, mas estamos trabalhando para antecipar esse pagamento o máximo possível”, garantiu. 
O dinheiro deverá chegar via Swift – um sistema de transferências internacionais de recursos -,   que é realizado via Banco do Brasil. O presidente conversou com o gerente local do banco, para iniciar a abertura de uma conta corrente.
“Se não for possível ter a ‘empresa ZPE’ aberta a tempo no Brasil para receber os recursos do grupo investidor e repassá-los aos proprietários da área, combinei com o Luizinho Arakaki que o dinheiro será repassado diretamente a eles, direto do Exterior”, explicou.  
Falcão passou os últimos dias em Fernandópolis, acompanhado de engenheiros e técnicos da Urban Engenharia, uma empresa de São Caetano do Sul. Ele elogia a equipe, “pessoas de alta capacidade”. O grupo fez visita técnica ao local e realizou levantamentos de dados.
AMBULATÓRIO 
Já foram feitas algumas alterações no projeto original, como a inclusão de um pequeno hospital, que ele chama de ambulatório – “mas um ambulatório com UTI”, garante – já que, mesmo com a proximidade dos hospitais da cidade, podem ocorrer casos de extrema urgência que exijam cuidados imediatos. Aliás, existe a previsão da contratação de seis médicos para essa unidade. 
Falcão estima que o projeto ambiental, indispensável para a implantação da ZPE, deve demorar em torno de seis meses. Ele e os engenheiros já iniciaram contatos com a Cetesb e Sabesp e estão agendando uma consulta técnica ao IPHAN. 
A pressa dos investidores não se resume ao velho provérbio capitalista segundo o qual “tempo é dinheiro”: Falcão explica que precisa iniciar as obras da sede da ZPE, do posto alfandegário e de uma infinidade de unidades que são fundamentais para o início de atividades.  
O presidente da ZPE elogiou a postura do empresário Luiz Antônio Arakaki. “O Luizinho pôs o Grupo Arakaki à disposição da nossa diretoria para o que for preciso. Como fernandopolense e empresário de visão, ele sabe que o advento da ZPE é um grande fator de desenvolvimento”.
MERCADO 
Falcão justifica: “temos que ter uma visão macroeconômica dos fatos. Por exemplo, pretendemos implantar um frigorífico de peixes dentro dos limites da ZPE. Quem vai produzir esses peixes? Os pequenos produtores, a agricultura familiar. Pretendemos fazer um trabalho de sensibilização junto a esses produtores. Ora, para exportar esse pescado para a China, imagine a quantidade necessária”. 
Dados econômicos constantes de anuários demonstram o gigantismo do mercado chinês, capaz de absorver, sozinho, praticamente tudo o que o Brasil puder produzir e exportar. Segundo Falcão, hoje acontece na China um fenômeno parecido com o que se deu no Brasil há meio século: o êxodo rural. 
“Isso aconteceu no Brasil, está acontecendo na China e vai acontecer na Índia. Só que, por se tratar (a China) do país mais populoso do planeta, esse êxodo envolve algo em torno de 300 milhões de pessoas, talvez mais. Toda essa gente precisa comer, e ela deixou de produzir no campo para viver na cidade”, explica o presidente. 
É nesse fértil e praticamente inesgotável mercado que a ZPE introduzirá os seus produtos. Rozendo Falcão dá detalhes da logística do empreendimento. “Fernandópolis está num ponto estratégico como poucas cidades do país, no que se refere à intermodalidade de transportes”, afirma.
 A matéria-prima deverá chegar por sistemas hidroviários, ferroviários e rodoviários, e o presidente já fala na compra de uma área para construção de um aeroporto internacional. “Nem podemos pensar em limites, porque toda a produção estará, antecipadamente, com venda fechada para a China. Evidentemente, isso vai gerar muitos empregos e muita renda”.
ÍNDICES EXCELENTES 
Um dos fatores cruciais que provocaram o interesse dos investidores em relação à ZPE Paulista foram, além da posição geográfica privilegiada, os índices de desenvolvimento humano ((IDH) de Fernandópolis e sua colocação de destaque em todos os rankings do gênero, nacionais ou internacionais. “Isso evidentemente conta muito. É muito mais fácil desenvolver projetos dessa envergadura onde já exista tanta infraestrutura”, comentou Falcão. 
Para o presidente, “a administração de Fernandópolis teve muita seriedade e coragem na condução do processo. Se não fosse isso, a licitação poderia ter sido ‘deserta’ outra vez, o que seria uma lástima. O saneamento foi fundamental”, avaliou. 
Na entrevista exclusiva que concedeu a CIDADÃO, na noite de quinta-feira, 8, o executivo estava acompanhado de Edilberto Ronaldo Roçafa, representante da Construmil, vencedora da licitação, e do empresário Valdeci Reis do Amaral, membro do Conselho Fiscal da ZPE Paulista de Fernandópolis. 
 À saída, o presidente Falcão brincou com o repórter: “Os fernandopolenses que se preparem para uma nova etapa na vida da cidade. E vocês, jornalistas, vão ter que aprender o mandarim...”