O vice-prefeito e ex-presidente da ZPE de Fernandópolis José Carlos Zambon não considera ainda sua missão cumprida, embora na última semana, como último ato de presidente, assinou o termo de renúncia do cargo junto com os demais conselheiros, abrindo caminho para a nova diretoria da Administradora, escalada pela empreiteira Construmil. Para Zambon, foi mais uma etapa cumprida. “Ainda faremos todos os atos que cabem ao poder público para apoiá-los, em especial com relação às licenças ambientais, alfandegamento, tratativas com a Secretaria Executiva do Conselho Nacional da ZPE”, explicou. Nesta entrevista ao CIDADÃO, Zambon faz um retrospecto de todos os caminhos percorridos para se chegar ao desfecho da semana passada quando se consumou a transferência da ZPE para o setor privado, com investimento de Fundo de Investimento Chinês. Ele relembra o descrédito da população com o projeto e diz que sempre acreditou na ZPE, desde quando vereador e votou a favor do projeto na Câmara. Veja a entrevista:
Desde o dia 12 passado você não é mais presidente da Administradora da ZPE Paulista com a transferência das ações para a Construmil. Missão cumprida?
Poderia afirmar que foi mais uma etapa vencida, como foram as várias outras que tivemos desde quando assumimos o mister de implantarmos a ZPE Paulista em Fernandópolis. Mas, temos um compromisso público e moral com os adquirentes (Construmil Construtora e Terraplanagem Ltda.), em especial com o atual presidente da ZPE Paulista – Fernandópolis, Sr. Acácio Falcão de que faremos todos os atos que cabem ao poder público para apoiá-los, em especial com relação as licenças ambientais, alfandegamento, tratativas com a Secretaria Executiva do Conselho Nacional da ZPE, junto ao Governo do Estado de São Paulo, dentre outras.
Quando assumiu a ZPE em fevereiro de 2014, qual era o sentimento na época? Conseguia vislumbrar algo positivo em meio ao descrédito que tomava conta do projeto?
Havia um descrédito muito grande da população, mas quando a prefeita Ana Bim me convidou para assumir a Presidência da nossa ZPE no qual me concedeu total liberdade para todas as tratativas necessárias, nós do Conselho da ZPE Paulista, não medimos esforços para que todos os obstáculos fossem removidos. Sempre confiamos que era uma árdua tarefa com o escopo de podermos colaborar com um futuro melhor para nossa cidade e região.Com muito trabalho e transparência fizemos prevalecer o fator positivo, de transformar um sonho em realidade.
Desde que assumiu a ZPE o que você mais ouviu dos fernandopolenses? Mais mensagens de ânimo ou desânimo?
Como disse anteriormente, havia um descrédito muito grande com o projeto e o fator político que atrapalha ainda mais, mas podem ter certeza que nessa caminhada de dois anos e meio tivemos centenas de pessoas do bem que nos davam o apoio e ânimo necessário para o nosso objetivo e, ajudaram e muito, para que hoje esta realidade se concretizasse. Não irei citar nomes, pois, fatalmente, iria cometer alguma injustiça, mas fica o nosso muito obrigado a todos aqueles que entenderam não ser fácil, mas também que não era impossível.
Em algum momento pensou em desistir, algo do tipo, isso não vai dar certo?
Nunca! Conheço a ZPE desde o seu nascedouro, pois era vereador à época de sua criação por Lei Municipal, sabendo de todas as dificuldades que vão além da vontade pessoal, mas procuramos estudar e trabalhar no projeto e sempre me cerquei com pessoas íntegras em todos os níveis (municipal, estadual, federal, Judiciário e Ministério Público) e só assim conseguimos os resultados obtidos na licitação pública do dia 22/07/2016. Poucas pessoas sabem, mas no dia da licitação havia dois grupos interessados no projeto, apenas a Construmil apresentou proposta.
Em que momento você percebeu que o projeto da ZPE de Fernandópolis tinha futuro?
Após a licitação que ficou deserta em 27/02/2015, mas que tínhamos que fazê-la, pois senão daria a caducidade da autorização de implantação pelo Decreto Presidencial em Junho/2015. Foi ao meu escritório um enviado, o Sr. Raphael, pedindo para que continuássemos com as tratativas da ZPE, não deixasse de lado, pois ele tinha conhecimento com colegas de Rio Preto que havia um grupo chinês interessado em investir no Brasil em bons projetos e a ZPE era um deles, pois é na China o berço das ZPEs mundiais. E foi com este “empurrão” que começamos o contato com representantes do Grupo, em especial com o atual presidente da ZPE Paulista Sr. Acácio Falcão. No momento que percebemos que a ZPE tinha futuro, foi quando tivemos a grata satisfação de recebermos em Fernandópolis a visita do Mister Chen que é o representante dos investidores, do Group Link de Hong Kong.
Por que o fernandopolense deve acreditar que agora o projeto da ZPE vai ser uma realidade?
Todas as tratativas feitas com as pessoas e o grupo acima descritos foram cumpridas e os prazos até então obedecidos. São pessoas sérias que estão aqui para desenvolverem os seus negócios, pois são empresários e investidores (Construmil e Group Link) que querem devolver a autoestima aos fernandopolenses que estava abalada com relação a esse projeto. E ainda segundo o atual presidente da ZPE, Sr. Acácio Falcão, o grupo quer já na primeira quinzena de setembro/2016 acertar com o proprietário da área que é o Grupo Arakaki, e averbá-la junto a Gestora da ZPE Paulista – Fernandópolis, embora eles têm o prazo contratual de 90 dias, depois do dia 12/08/2016 quando assumiram a diretoria e as ações do certame licitatório.
Você sempre falou que o projeto da ZPE é de longo prazo. É possível já apontar uma data quando a primeira empresa estará operando dentro da ZPE?
As ZPEs de todo Brasil são de médio a longo prazo e já existem três operando no Brasil e a nossa ZPE Paulista deverá ter um perfil diferenciado pois os investidores tem um objetivo claro de fazer o empreendimento o mais breve possível. Em entrevista para a imprensa local o novo presidente fala em dois anos e o perfil inicial voltado ao agronegócio e disse ainda que por questões sociais, Mister Chen, quer que parte da área dos 64 alqueires seja disponibilizada para empresas locais desenvolverem seus negócios para exportação a preços diferenciados.
Você é o atual vice-prefeito e não estará disputando as eleições porque preferiu ficar a frente do projeto ZPE? Alguma frustração?
Não. Entendi que no momento eu seria mais importante tocando o projeto para implantação da nossa tão sonhada ZPE do que sair candidato a algum cargo eletivo e não poderia trocar um projeto pessoal (ser candidato) por um projeto coletivo da importância da ZPE Paulista e sempre pensei que um sonho que se sonha só, é apenas um sonho, mas aquele que se faz coletivamente, se torna uma realidade.
A partir de agora, como vai acompanhar o desenvolvimento do projeto?
A prefeita Ana Bim me convidou para continuar no apoio incondicional a esse projeto de desenvolvimento industrial jamais visto no Noroeste Paulista e eu tenho o dever e obrigação de acompanhá-lo.
Em dezembro, você completa seu mandato de vice-prefeito. Qual o futuro do político José Carlos Zambon?
O futuro a Deus pertence, mas sempre falo que, como político ou como cidadão, estarei sempre em pé e a ordem para colaborar com o desenvolvimento e o progresso de nossa querida Fernandópolis, cidade em que nasci e criei os meus filhos e tenho que retribuir por tudo que ela já me proporcionou. Aproveito para agradecer minha maravilhosa família que sempre esteve ao meu lado em todas as empreitadas da minha vida.
