O prazo para as convenções partidárias para definir os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores terminou na noite de ontem, 5, mas em Fernandópolis o quadro ainda está em aberto. Nas três rodadas de convenções, quarta, quinta e ontem, os partidos definiram três chapas para a disputa da cadeira preta do Paço Municipal e lançaram 140 candidatos na briga por 13 cadeiras no Legislativo.
Em se tratando de Fernandópolis, o que é definido numa noite, pode não se sustentar no dia seguinte. E neste ano não foi diferente. O cenário da noite de quinta-feira no salão da AABB, onde ocorreu a convenção que homologou a chapa Ricardo Franco e Carlos Lima, na coligação de seis partidos (PMDB, PEN, PSB, PSC, PT e PMN) desmoronou na manhã de ontem com a surpreendente decisão de Carlos Lima, que anunciou que estava desistindo da candidatura a vice-prefeito, gerando um alvoroço no escritório político do PMDB na Avenida Manoel Marques Rosa. A palavra que mais se ouvia era “traição”. No meio da tarde, Lima recebeu a imprensa em seu laboratório e justificou a desistência através de duas notas, uma delas assinada pela esposa, Mirian Lima. Na nota, Lima aponta “razão de questão estritamente familiar, que demanda minha presença ao lado da família, torna impeditivo para condução de campanha eleitoral neste momento”. Em entrevista à Rádio Difusora, confirmou o teor da nota e disse que a situação se agravou na noite da convenção o que o obrigou a deixar o evento mais cedo. Perguntado se o seu nome tivesse sido homologado como candidato a prefeito, como era seu desejo, se a decisão seria a mesma, Lima disse que sim. “A questão é de ordem familiar e independe da vontade pessoal”, acrescentou.
Ricardo Franco, em meio à repercussão da decisão de Lima, anunciava que encaminharia a ata da convenção para a Justiça Eleitoral e depois decidiria os passos que a coligação adotaria. O nome de Renato Colombano, que chegou a anunciar que estava fora das eleições (veja matéria) voltou a ser cogitado e o suspense permaneceu durante toda a tarde. Até o fechamento da edição, não havia sido anunciada nenhuma posição.
Na proporcional, os partidos que apoiam Ricardo, lançaram duas coligações: PSC/PT e PMDB/PSB/PMN/PEN. Juntos somam 52 candidatos a vereador.
MAIS SURPRESAS
Também surpreendeu a decisão da prefeita Ana Bim na escolha do seu candidato a vice-prefeito. No início da semana, o atual vice-prefeito José Carlos Zambon anunciou que estava impedido de ser candidato às eleições deste ano. Motivo: não se desincompatibilizou do cargo de presidente da Administradora da ZPE (veja matéria). Sem o vice, a prefeita Ana Bim iniciou negociações de última hora e na quinta-feira fechava com o advogado Henri Dias (PTB) que vinha em tratativa políticas com Renato Colombano (PSB). O acordo ocorreu poucas horas antes da convenção do PTB na quinta-feira à noite, Dias foi homologado na chapa majoritária da coligação que agora reúne o PSD, PTB, PROS e PC do B.
A chapa Ana Bim/Henri Dias também foi homologada ontem a tarde na convenção do PSD realizada na sede da Ceads.
A prefeita Ana Bim disse que a parceria com Henri Dias soma na disputa à reeleição. “Ele é jovem e competente. A cidade precisa de juventude que pense na cidade de verdade e não que queira tirar proveito”, disse.
Na proporcional, a coligação PSD, PTB, PROS e PCdoB lançará 26 candidatos a vereadores, sendo nove mulheres e 17 homens.
GRUPÃO FECHA COM ANDRÉ E GUSTAVO
Sem surpresas, e anunciando que pretende pacificar a política de Fernandópolis, o grupo de 12 partidos fechou apoio a chapa André Pessuto e Gustavo Pinato, candidatos a prefeito e vice, respectivamente, com o apoio do deputado federal Fausto Pinato e do suplente de deputado estadual, Gilmar Gimenes. “Temos que acabar com a guerra política de Fernandópolis”, afirmou Gimenes.
André Pessuto lembrou que é filho de Fernandópolis e que seu sonho é a união política. “A guerra política ganhou força na época de Percy e Pacheco (dois P’s) e caberá a Pessuto e Pinato (dois P’s) pacificar de vez a cidade”, afirmou.
O evento contou com a presença de autoridades da região, como os prefeitos de Jales, Pedro Callado (PSDB), Mira Estrela, Macarrão (PR) e Votuporanga, Junior Marão (PSDB), além do pré-candidato a prefeito de Votuporanga João Dado (SD), que trouxe consigo um discurso de união regional.
A convenção também definiu as coligações para a eleição proporcional, na disputa pelas 13 cadeiras da Câmara Municipal. A coligação completa deve registrar mais de 60 candidatos a vereador. As coligações confirmadas foram as seguintes: PSDB/PRB, PP/SD/PDT/PPS/PV/PRP e DEM/PR.
A baixa na coligação foi confirmada pelo PP de que o vereador Valdir Pinheiro não vai disputar a reeleição.
Na semana das convenções partidárias para escolha de candidatos a primeira baixa foi o vice-prefeito José Carlos Zambon, tido como figura certa na chapa da prefeita Ana Bim. Zambon não se desincompatibilizou do cargo da Administradora da ZPE e por isso ficou impedido de se candidatar. Em entrevista à Rádio Difusora na quarta-feira, 4, o vice-prefeito explicou a situação:
Está mesmo impedido de disputar as eleições este ano?
Na presidência da Administradora da ZPE Paulista, embora não tenha uma atividade mercantil, mas uma Sociedade Anônima Fechada, mas por ser considerada uma empresa pública o presidente teria que se desincompatibilizar 4 meses antes das eleições para poder disputar algum cargo eletivo nas eleições municipais. Nós sabemos, muito bem, das condições em que estava o andamento da ZPE, as tratativas para o seu sucesso, enfim, e não poderia dar-me ao luxo de por um projeto pessoal de ser candidato a algum cargo e largar a presidência da ZPE.
Alguma frustração?
A pessoa pública, pelo menos eu penso assim, sempre tem vontade de estar doando o seu trabalho para o bem comum. Mas, não é apenas com a função pública que podemos fazer isso. Acredito que da forma como analisei e optamos, foi a melhor forma de estarmos participando do progresso da nossa cidade e região. É logico que a gente fica triste em não poder participar, mas a legislação é essa e não vamos chorar o leite derramado. Vamos continuar o nosso trabalho na ZPE, que teve uma licitação bem sucedida e ainda tem ainda várias etapas dentro do cronograma para ser cumprido até sua efetivação. Continuamos o nosso trabalho. A nossa Administradora, com 18 membros, provavelmente no dia 12 terá que pedir renuncia coletiva e a empresa, a Construmil, deve indicar os novos membros. Vamos continuar trabalhando até o último dia tanto como vice-prefeito atual, como presidente da AZPEF.
Qual seria sua pretensão se pudesse ser candidato esse ano?
Não tenho obsessão por algum cargo. Às vezes ser prefeito ou vice-prefeito é uma consequência que a própria vida se encarrega de colocar. Estou vice-prefeito agora, já passamos por algumas legislaturas como vereador. Enfim, se houver uma oportunidade futuramente de estar administrando nossa cidade nós estaremos com bom zelo. Se Deus entender que a nossa missão é outra e não essa, nós temos que estar seguindo os desígnios de Deus. Essa é a melhor maneira de encarar a realidade da vida.
O empresário Renato Colombano (PSB), que desde o começo das especulações sobre candidaturas já figurava como nome garantido no páreo municipal, acabou ficando de fora, após o desmonte de suas articulações. O golpe final foi a migração de Henri Dias (PTB), que sempre esteve no grupo de Colombano, para o grupo da atual Prefeita, Ana Bim (PSD).
O fato ocorreu na quinta-feira, 4, horas depois do anúncio informal de que Colombano e Dias formariam uma dobrada. Diante do “abandono” de última hora, o jovem empresário acabou ficando sem esteio político para disputar o pleito e acabou coligando seu partido proporcionalmente ao grupo de Ricardo Franco de Almeida (PMDB), mas deixou claro que ficará neutro durante as eleições.
“O PSB está com Ricardo Franco, mas o Colombano mantém-se neutro na eleição municipal. Desejo sorte a todos os candidatos a prefeito e vereadores de todas as coligações”, disse o empresário em entrevista coletiva concedida na manhã de ontem, 5.
Colombano disse ainda que não guardou magoa de tudo o que aconteceu e tampouco da política. Afirmou ainda que continuará trabalhando por Fernandópolis e não descartou sua participação em alguma secretaria, caso convidado.
“Algumas situações que ocorrem muitas vezes não são da nossa vontade e, muito menos, o nosso objetivo final. Gostaria de dizer que depois de tudo que passamos, nós estamos de cabeça erguida. Fizemos o que era o correto, trabalhamos desde o princípio com a verdade, com a honestidade, fizemos acordos e eles muitas vezes não foram cumpridos, mas nunca por nossa parte. Momentos bons e ruins são para fortalecimento e tenho certeza que esse momento que estamos passando é um momento de fortalecimento e de seguir em frente. O futuro a Deus pertence. Vou sempre trabalhar por Fernandópolis”, concluiu.