As autoridades fernandopolenses têm exatos 30 dias para correr atrás do prejuízo de quatro anos e conseguir o credenciamento da unidade de prevenção “Giulia Marzola Faria”. Este foi o prazo dado por Henrique Prata, presidente da Fundação Pio XII – mantenedora do Hospital do Câncer de Barretos e suas unidades espalhadas pelo Brasil – antes que as portas da unidade de Fernandópolis sejam fechadas em definitivo.
Segundo Prata, a situação se tornou insustentável, já que, além da falta de credenciamento, a Fundação está tendo de arcar com a queda na arrecadação externa por conta da crise econômica nacional.
“Faz seis anos que estamos com a unidade de Jales em funcionamento, e eu tenho aqui em minhas mãos os documentos do Diário Oficial da União que comprovam que só em 19/02/2016 é que foi pedido o credenciamento daquela unidade. Não bastasse toda essa demora eles (governo do estado) só pediram o credenciamento de Jales e esqueceram da unidade de Fernandópolis”, disse.
O presidente da Pio XII afirmou acreditar ainda que o secretário de Saúde, David Everson Uip não tem interesse em credenciar a unidade local. “Não existe interesse nenhum do secretário de Saúde de encaminhar o pedido de credenciamento de Fernandópolis”, disse ele relembrando problemas que teve com o atual secretário da pasta.
Prata falou ainda de compromissos financeiros que foram feitos por Alckmin e que não teriam sido cumpridos pelo secretário da Saúde, o que teria o levado a tomar essa decisão.
“Em outubro de 2015 eu conversei pessoalmente com o governador e expus essa situação. Ele se comprometeu então a destinar R$ 5 milhões em novembro e mais R$ 5 milhões até dezembro. Depois Dom Demétrio, bispo de vocês, relembrou que em 2016 o problema continuaria, então o governador pediu para que encaminhássemos o pedido de uma emenda de R$ 10 milhões para o Carlão (Pignatari), que é o líder do governo na assembleia, para vocês suportarem 2016 até sair o credenciamento. Chamamos o Carlão, fizemos o acordo e ele conseguiu aprovar essa emenda e colocar no orçamento não os R$ 10 milhões, mas sim R$ 9 milhões. No final não recebemos nem os R$ 2 milhões que deveríamos receber em maio e nem os R$ 9 milhões. Dessa forma ficamos sem nenhum recurso para cobrir o rombo do ano passado com relação ao próprio atraso do governo”, destacou.
Henrique Prata disse que então teve que tomar providências para conter despesas. Uma delas é fechar a unidade fernandopolense daqui 30 dias.
“Então tive que tomar algumas atitudes. Primeira atitude é que eu não vou prejudicar nenhum paciente que tem que ser tratado aqui ou em Jales. Vai aumentar um pouco a fila, vai ter um ambiente um pouco mais carregado, mas ele vai ser atendido pelos mesmos médicos, pela mesma equipe, da mesma forma. Nós não temos suporte para aguentar, sem nenhuma origem, pagar R$ 4,5 milhões por mês. Por mais que a sociedade seja muito generosa e nos ajude, nós não conseguimos. Até hoje não foi prioridade do governo para que existisse o credenciamento de Jales e muito menos de Fernandópolis e seis anos já são provas suficientes de que nós somos muito guerreiros de sustentar tudo isso aqui sem a autorização do governo do estado e do governo federal”, completou.
Prata, no entanto, afirmou que se o credenciamento sair ou se o governador arcar com seus compromissos ele reabre Fernandópolis.
“Quem sabe o governador vendo o estrago que vai ser perante a sociedade dessa região que ele tanto gosta, ele possa encaminhar isso o mais rápido possível e eu possa mudar essa providência que será tomada daqui 30 dias, caso ele honre seus compromissos. Eu conheço o Alckmin há muitos anos e sempre tudo o que ele falou se cumpri, mas de um ano, um ano e meio para cá, tudo o que ele determinou não se cumpriu. Ele tem que decidir se será o Alckmin que sempre foi ou se será este novo”, concluiu.