A advogada e ex-diretora da DRADS – Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social -, Flávia Resende, reforçou em coletiva concedida à imprensa na manhã de ontem, 6, a hipótese de intervenção do deputado estadual Carlos Pignatari (PSDB) em sua exoneração e na nomeação da votuporanguense Meire Azevedo, que até então era assessora direta da esposa do deputado, Marli Pignatari, na secretaria Municipal de Assistência Social de Votuporanga.
De acordo com Flávia, há tempos ela percebia que estavam tentando fazer com que ela pedisse exoneração e que o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro já havia lhe alertado sobre privilegiar Votuporanga.
“O secretário chegou a falar francamente comigo e disse ‘olha Flávia eu não tenho nada contra você, muito pelo contrário, você foi extremamente elogiada por toda equipe, mas eu preciso deixar claro para você que eu tenho uma fatura para pagar com o deputado da vossa região, que é o Carlão (Pignatari) e então eu também preciso privilegiar ele’”, afirmou ela.
Ainda de acordo com Flávia, isso aconteceu, mais ou menos no meio do ano passado quando eles já estavam sentindo certo desconforto, uma vez que nenhum evento da pasta era realizado em Fernandópolis, sede da DRADS.
“O secretário nunca pisou em Fernandópolis desde que ele assumiu. E, a todo momento, eu recebia ordens de serviço para eventos que aconteceriam em Votuporanga. A DRADS é regional e seria muito natural se os eventos fossem realizados um dia em Santa Fé do Sul, outro em Jales e nas demais cidades que pertencem a ela, mas não, tudo só acontecia em Votuporanga”, completou.
A tucana ainda afirmou que não passou de uma coincidência o fato dela ter sido exonerada um dia antes de oficializar sua pré-candidatura a prefeitura de Fernandópolis.
“Com relação a oficializar uma pré-candidatura, quero deixar muito claro que o nosso momento enquanto PSDB não foi oficializar uma pré-candidatura, mas sim uma reunião interna no início de um trabalho sobre quais os nomes que teriam capacidade tanto técnica, como política para uma candidatura. Foi muita coincidência. Eu estava com o governador na sexta, caminhei com ele e percebi que ele não sabia de nada, até porque o universo de um governador é muito grande para ele saber de tudo isso. Foi tudo feito na calada da noite”, disse Flávia.
A COINCIDÊNCIA
Flávia Resende, foi exonerada do cargo um dia antes de anunciar sua pré-candidatura à prefeita de Fernandópolis. Sua pretensão política foi anunciada durante uma reunião do PSDB local no sábado, 30 e a coincidente exoneração foi publicada na edição de sexta-feira, 29, do Diário Oficial do estado.
O cargo sempre foi ocupado por fernandopolenses. Basta lembrar que antes da então diretora, o cargo já foi ocupado pela agora secretária municipal de educação, Lídia Mara Buíssa e antes dela pelo ex-presidente da Associação de Amigos, Jesiel Macedo.
Desconfortos à parte, o que chamou mesmo a atenção foi a coincidente exoneração de Flávia Resende horas antes da reunião que definiria o candidato ou os possíveis candidatos tucanos para as eleições municipais. Reunião esta que contou inclusive com a participação de Júlio Semeghini, liderança regional do partido.
Flávia Resende há tempos trabalha nos bastidores da política fernandopolense. Nas eleições nacionais de 2014, por exemplo, ela foi uma das responsáveis pela grande quantidade de votos que seu tio, Gilmar Gimenes, obteve em Fernandópolis e região o que teria despertado o interesse do PSDB em lançá-la candidata.
REAÇÃO
Durante a sessão da Câmara Municipal de terça-feira, 3, vereador Étore Baroni (PSDB) utilizou a tribuna para dizer que estava revoltado com seu partido por conta da exoneração de Flávia Resende.
De acordo com Baroni, “tem dedo de um deputado de cidade vizinha nessa história’. O edil disse ainda que não admite esse tipo de intervenção e que iria cobrar explicações de seu partido.
“Fernandópolis merece respeito e aqui ninguém vai passar por cima da gente que nem um trator não. O PSDB foi muito bem votado aqui também e a cidade não merece essa ingratidão”, disse o vereador.
Baroni foi acompanhado por seus colegas vereadores que exaltaram o trabalho de Flávia frente à DRADS.
REPÚDIO
No dia seguinte ao discurso de Baroni, o diretório municipal do PSDB de Fernandópolis encaminhou à imprensa uma nota de repúdio em relação a exoneração de Flávia.
No documento os tucanos questionam a posição do partido na decisão que a tirou do cargo. Acompanhe:
O Diretório Municipal do Partido da Social Democracia Brasileira de Fernandópolis vem, de público, formalizar seu veemente repúdio à exoneração de Flávia Cristiane Gonçalves Resende, do cargo de Diretora da DRADS - Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social, de Fernandópolis, o que causou profundo sentimento de estranheza na cidade e região.
Lamentando o ato de exoneração e a maneira como ele aconteceu, este Diretório expressa, também, sua decepção, por tratar- se de uma iniciativa que se opõe aos nossos objetivos, os quais, em consonância com os do Governo do Estado de São Paulo, sempre se pautaram em princípios de transparência, respeito e valorização do trabalho desenvolvido pelos seus colaboradores.
Por tudo isso, reafirmamos nosso repúdio ao lastimável ato, tramado pelo grande inimigo de Fernandópolis, que não se cansa de tentar nos prejudicar, e que continua expelindo sua inveja e ódio por nossa cidade. Isto fomentou a indignação e a descrença em pessoas que, embora partilhem o mesmo espaço, não agem de acordo com os princípios da ética palmilhada pelo PSDB, em todas as suas instâncias.
OUTRO LADO
Em nota, o deputado estadual Carlão Pignatari negou que tenha participação na exoneração de Flávia Resende e na nomeação de Meire para o lugar dela. “Cabe ao secretário (Floriano Pesaro) responder o motivo da substituição de Flávia Resende da direção da DRADS”, disse ele.