Prefeita ainda não foi notificada sobre CP

20 de Agosto de 2025

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Prefeita ainda não foi notificada sobre CP

A Prefeita de Fernandópolis Ana Maria Matoso Bim (PSD) ainda não foi notificada pela CP – Comissão Processante – que a julga num processo de infração política/administrativa, recebido pela Câmara Municipal na terça-feira, 16, a pedido de seis pessoas (conheça-os nessa reportagem) com base no relatório final da CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito -, que apurou um suposto superfaturamento de mais de R$ 500 mil na aquisição de gêneros alimentícios para a produção da merenda nas escolas da cidade. 
A notificação, de acordo com o presidente da CP, Maurílio Saves, ainda não ocorreu em virtude de uma viagem da prefeita em busca de recursos para o município. Assim que ela retornar a cidade, Saves Ademir de Almeida (relator) e Arnaldo Pussoli (membro) deverão entregar a notificação e, a partir daí, passa-se a contar o prazo de dez dias para ela apresentar sua defesa. 
Assim que a chefe do Executivo apresentar sua defesa, os membros da CP deverão se reunir para decidir pelo prosseguimento ou arquivamento do processo. Nas duas hipóteses o procedimento deverá passar pelo crivo do plenário. 
“Assumi a presidência da CP com a maior tranquilidade. Quando se faz a coisa certa não há o que temer, não precisa ter receio. Temos que cumprir a nossa obrigação para o qual fomos eleitos, levando sempre em conta o princípio da decência, ampla defesa, publicidade, para tornar público o nosso trabalho”, disse Saves.
Ainda segundo Maurílio, não haverá essa história de base aliada ou oposição, mas sim o que está certo ou errado. 
“Não vou jogar minha história no lixo. Se tiver que seguir com o impeachment, vai seguir, se tiver que arquivar, vai arquivar, sempre com fundamento, nunca com bravata. Se tem coisa irregular tem que apurar doa a quem doer. O que não pode é ter bravata ou conotação política em ano eleitoral”, completou o presidente. 
O PEDIDO 
Para entender sobre a CP é preciso voltar um pouco no tempo, mas precisamente ao dia 16 de fevereiro de 2016. Neste dia, seis cidadãos, cinco de Fernandópolis e um de Jales, protocolaram na Câmara um pedido de cassação do mandato da prefeita Ana Bim, com base no relatório da CPI. 
O pedido foi assinado pelo radialista jalesense Adalberto Mariano, mais conhecido como Beto Mariano, pelo ex-candidato a vereador de Fernandópolis, Luis Henrique da Silva, mais conhecido como Rico do PT, que não é mais do PT, pelo braço direito do vereador Rogério Chamel, Adauto Cassimiro, pelo também ex-candidato a vereador, Emerson Oliveira, mais conhecido como Emerson Tod, pelo ex-servidor público e também ex-candidato a vereador Odalício Barbosa e pelo munícipe José Liberato.  
MOTIVOS
Beto Mariano utilizou, durante 20 minutos, a Tribuna da Câmara Municipal de Fernandópolis, na sessão de terça-feira, 16, para explicar o que teria motivado o pedido de cassação assinado por ele e outras cinco pessoas, contra a prefeita.
“Eu fiz a denúncia contra a prefeita Nice e lá em Jales os vereadores foram homens e botaram para correr quem não sabe administrar. Por isso eu apresento esse requerimento pedindo a abertura de uma Comissão Processante para que a prefeita apresente sua defesa e que se for caso, seja cassada por irregularidade na merenda, que foram apuradas por um perito judicial”, disse Mariano, que utilizou 12 minutos de seu tempo para criticar a administração da atual prefeita. 
Nenhum dos vereadores se pronunciou durante o discurso, até porque, Beto Mariano não franqueou a palavra.
A VOTAÇÃO 
Após o discurso do radialista, o requerimento foi colocado em votação sendo aprovado por oito votos a cinco. André Pessuto, Chico Arouca, Gustavo Pinato, Humberto Machado, Rogério Chamel, Salvador de Castro e Valdir Pinheiro foram favoráveis. Ademir de Almeida, Arnaldo Pussoli e Maurílio Saves, Gilberto Vian e Étore Baroni foram contrários. 
Com a decisão do plenário, o presidente da Casa, imediatamente, deu início ao sorteio para a formação da Comissão. Ademir de Almeida foi o primeiro a ser sorteado e aceitou participar da CP. Na sequência, o nome de Valdir Pinheiro foi sorteado, mas ele se recusou a compor a comissão. Maurílio Saves foi então sorteado e também aceitou o desafio. Na sequência Neide Garcia e Gustavo Pinato foram sorteados e se recusaram a participar, sendo que por fim Arnaldo Pussoli foi sorteado e fechou a comissão. 
Sendo assim, a CP será presidida por Maurílio Saves, relatada por Ademir de Almeida e terá Arnaldo Pussoli como membro.
INTERESSES
Apesar de dizer que estaria fazendo o pedido por questões de cidadania, nos bastidores a informação é de que Beto Mariano e os demais denunciantes estariam apresentando o pedido de cassação por questões pessoais e/ou interesses políticos. 
Beto Mariano, como já dito, é radialista e morador da cidade de Jales. Ele veio para Fernandópolis em 2015 para trabalhar em uma emissora de rádio, onde teria nascido sua rusga com a atual chefe do Executivo. 
Mariano assumiu o papel de crítico ferrenho, na emissora, da administração municipal e, comenta-se, que ele perdeu o emprego após a Prefeitura fechar um contrato publicitário com a rádio que ele trabalhava. Comenta-se, inclusive, que esta teria sido uma das “cláusulas” para que o referido contrato fosse assinado. Daí então teria nascido à mágoa do radialista jalesense para com a prefeita de Fernandópolis. 
Aliás, demissão, ainda de acordo com os bastidores, também teria motivado outro dos denunciantes. Odalício Barbosa, que foi candidato a vereador pela base aliada da prefeita em 2012 pelo PR, obtendo apenas 115 votos, teria decidido assinar a denúncia após perder seu emprego comissionado na Prefeitura. 
Odalício, que é psicólogo, estava lotado em cargo de comissão na secretaria municipal de Saúde, mas acabou demitido após alguns conflitos internos. Ele inclusive utilizou a Tribuna da Câmara em abril do ano passado para apresentar uma denúncia de supostas irregularidades na área da saúde, o que no final das contas não aconteceu. 
Já Luis Henrique da Silva estaria motivado por não ter sido contratado. Rico do PT, como é mais conhecido, também foi candidato a vereador pela base de Ana Bim em 2012. Na ocasião ele obteve 190 votos, sendo um dos responsáveis pelo apoio do Partido dos Trabalhadores à candidatura da atual prefeita. 
Após tomar posse, a chefe do Executivo teria lhe oferecido um cargo abaixo do que ele esperava e, por isso, teria se recusado a ingressar na administração municipal e rompido com a prefeita. 
Emerson Oliveira, mais conhecido como Emerson Tod, também foi candidato a vereador do lado da prefeita e foi um dos menos votados daquela eleição com apenas sete votos. 
Apesar de sua proximidade com o presidente de seu partido (PRB), o vereador Chico Arouca, não há comentários sobre o que teria o motivado a também assinar o pedido de cassação. 
Por outro lado, porém, há o já conhecido Adauto Cassimiro, tido como braço direito do vereador responsável pela denúncia da merenda, Rogério Chamel, tanto que chegou a ser citado na ação de improbidade administrativa impetrada pelo Ministério Público, em uma das conversas onde Chamel estaria ameaçando uma testemunha. 
Adauto é um velho conhecido do meio político e chegou a ser um dos responsáveis pelo comitê central da campanha de Ana Bim em 2012. Além da amizade com Chamel, sua rusga com a prefeita também estaria ligada ao fato dele não ter sido convidado a participar da administração municipal, mesmo tendo trabalhado na linha de frente da campanha.  
Nome estranho para a maioria dos fernandopolenses é o do senhor José Liberato, estranho porque não estaria envolvido nos meios políticos, pelo menos não até agora.