“A punição, doa a quem doer, deve ser severa”, afirma perito sobre a casa de Eliana

20 de Agosto de 2025

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“A punição, doa a quem doer, deve ser severa”, afirma perito sobre a casa de Eliana

A reportagem com o sofrimento de Eliana e sua família repercutiu em toda cidade e o sentimento de indignação para com os construtores do imóvel, tomou conta de muitos dos que acompanharam o caso por meio das páginas de CIDADÃO. 
Um dos que se revoltaram está diretamente ligado à área, sendo inclusive o responsável por pericias técnicas para o Fórum de Fernandópolis e coordenador do curso de Engenharia Civil da Unicastelo. Roberto Racanicchi, mestre em Engenharia Civil pela Unesp, e portador de diversas especializações, condenou seu colega de profissão que assinou o projeto e disse que, só de olhar as fotos publicadas no jornal, é possível perceber que a obra está fora de qualquer condição técnica.  
Confira na íntegra o manifesto de Racanicchi a cerca da matéria publicada por CIDADÃO em sua última edição: 
Sobre a matéria “O sonho da casa própria que se transformou em pesadelo” – não poderia deixar de expressar minha indignação sobre as condições técnicas da residência e as consequências sociais que o caso mostra. Desconheço quem projetou e quem construiu, não conheço quem vendeu ou quem comprou – mas sei que o caso não é único e que esta prática aumenta a cada dia. 
Construtores, engenheiros, arquitetos, empresários etc. por qualquer custo, constroem de forma desordenada, sem obedecer às normas técnicas brasileiras e sem pensar na pior consequência possível que o fato desfecha. 
Uma pessoa humilde, investe tudo que tem, financia o que não pode pagar por 20 ou 30 anos, na intenção de pagar o que é dela e não aluguel para terceiros e no final das contas fica sem o bem, sem as reservas e ainda com uma dívida por 20 ou 30 anos! Se não percebeu o desfecho, a vida dessa pessoa acabou, ela não será mais ninguém, todas as suas expectativas foram interrompidas por uma sentença não requerida. Para “alguns” 100 mil reais pode ser pouco, mas para muitos 100 mil reais é uma vida. 
Sem ir ao local, sem saber quem são os responsáveis, apenas com a leitura da matéria e observação das fotos publicadas – tenho certeza que a prática da construção está plenamente fora de qualquer condição técnica de atendimento às normas técnicas brasileiras. Duvido que temos pilares com menor dimensão 14 cm e menor seção 360 cm², duvido que as fundações e os movimentos de terra atendem às especificações mínimas de norma. 
A consequência do não atendimento, de se fazer qualquer coisa, de se fazer economia desordenada – é lucrar com o imóvel valores na ordem de 40%. A conta é simples, vamos supor que a residência em questão fosse vendida por 100 mil reis (não deve ser o caso) - a senhora do “sonho da casa própria” investe o que não tem e assume uma dívida quase eterna. O empresário, o construtor, o engenheiro, o arquiteto e sei lá quem, lucram com a venda do imóvel 40 mil reais e à vista – eles estão com os rendimentos, mas a senhora não está com o bem! Qualquer pessoa em sã consciência diria que está tudo errado! E está! 
Convidado a opinar, digo que a punição, doa a quem doer, mesmo que seja meu amigo próximo, deve ser severa, deve mexer no bolso de todos os envolvidos, principalmente do profissional que aceitou as condições da obra, que foi conivente com a situação e cometeu o crime de “assinar” pela responsabilidade técnica da obra. Engana-se pensar que a responsabilidade é por 5 ou 20 anos, a responsabilidade é eterna! 
Há formas de fazer com que seja construída outra residência para família, totalmente custeada pelos envolvidos e de acordo com as normas técnicas. Se isso acontecer, todos vão pensar 2 ou 3 vezes antes de fazer novamente – a as consequências serão inversas, porém justas. Essa deve ser a prática para as situações do caso e não diminuir cada vez mais para lucrar cada vez mais. Lucrar com a desgraça da sociedade é investir na desordem da humanidade - todos os profissionais que se graduam na área juram esta ideologia no ato da outorga do grau que obtém por merecimento. 

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