De bancário a vendedor de pamonha: a história de sucesso de Victor Teles

20 de Agosto de 2025

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De bancário a vendedor de pamonha: a história de sucesso de Victor Teles

No Brasil, uma das profissões mais cobiçadas é a de bancário, por conta do salário razoavelmente alto, status e estabilidade. Então, o que levaria uma pessoa que trabalhou quase a vida toda em agências bancárias a abandonar essa carreira para se tornar um vendedor de pamonha? Pois bem, essa pergunta apenas Victor Hugo Artioli Teles da Silva pode responder. Hoje com 36 anos, o marido de Camila, com quem tem um filho, fez carreira no Santander, onde começou como estagiário e chegou ao cargo de gerente de operações. Já cansado da rotina estressante da agência bancária, decidiu mudar os ares e foi trabalhar na agência fernandopolense da Credicitus, onde permaneceu por mais seis anos, até que decidiu tomar uma das principais decisões de sua vida: deixar de ser empregado e abrir o próprio negócio.  O curioso é que, ao contrário do que muitos poderiam pensar por conta de sua experiência no setor de finanças, ele não abriu uma financeira ou coisa do tipo, mas sim um delivery de pamonha. A ideia inovadora associada ao investimento em marketing tem rendido bons frutos ao empresário fernandopolense que carrega nas veias o sangue de um dos maiores comunicadores da história de Fernandópolis, seu pai Itamar Teles, que é lembrado até hoje em uma homenagem na Câmara Municipal. 

Uma pergunta que acredito que todos devem lhe fazer: o que te levou a deixar a carreira de bancário, que é o sonho de muitos brasileiros, para ser vendedor de pamonha? 
Sempre tive, ou senti pelo menos, a vontade de empreender. Sou uma pessoa muito crítica e analiso tudo ao meu redor, tenho as minhas ideias e por mais que a gente ocupe um cargo de gestão em alguma empresa, ela não sendo nossa, a gente fica limitado de implantar e colocar em prática essas ideias. Por isso, sempre tive vontade de empreender, ter um pequeno negócio e essa vontade cresceu ainda mais diante do desgaste e do cansaço que vinha sentindo enquanto trabalhava no setor financeiro. Então, depois que pedi demissão do banco, decidi que seguiria essa minha vontade de empreender e fui iluminado por Deus para criar esse delivery de pamonha, que ninguém tinha e graças a Deus tem dado certo. Tudo foi preparado por Deus para que eu pudesse colocar meu sonho em prática, empreender, arriscar, quebrar a cara, enfim, aprender nessa parte também. Fiz gestão nas empresas em que trabalhei e agora pretendo fazer gestão em minha própria empresa. 
Qual foi a reação de sua família em relação a essa decisão?
A minha família me apoia muito. Minha esposa é uma pessoa muito especial, minhas irmãs, meu filho, sobrinhos, enfim, todos estão sempre muito próximos e me apoiam e ajudam demais. Já conhecendo o meu jeito, eles sabem que não consigo fazer as coisas pela metade, então se estou insatisfeito em algum lugar, entendem que é melhor eu parar de fazer aquilo, pois começo a viver infeliz e não rendo como deveria render, fico desmotivado. Então a minha família me apoiou muito e acha que tenho que arregaçar as mangas mesmo e juntos conseguirmos fazer um trabalho que agrade as pessoas. 
Algum momento chegou a se arrepender?
Não, de forma alguma. Com toda a certeza não me arrependo, muito pelo contrário, estou muito feliz com essa nova realidade que estou vivendo. 
O que isso trouxe para sua vida?
Trouxe-me o que estou sentindo agora: liberdade e felicidade. Posso dizer agora sem titubear que estou feliz. 
O que o senhor trouxe de sua experiência no banco para o seu empreendimento?
A satisfação ao cliente. Os bancários são exaustivamente cobrados pelo atendimento ao cliente. Além disso, trago também a iniciativa, pois essas empresas do setor financeiro também cobram muito para que tomemos iniciativa e essas duas coisas eu trouxe da minha experiência nos bancos, para minha empresa. Atender bem o cliente, cumprir prazos e seguir metas também são coisas que eu trouxe para minha empresa e vou levar para o resto de minha vida. No banco sempre temos uma meta a atingir e aprendi que também temos que ter isso em nossas vidas, por isso criei aqui minhas próprias metas e elas aumentam um pouquinho a cada dia. 
Victor, o senhor não é um simples vendedor de pamonha. Sua empresa criou toda uma logística de trabalho, entrega a domicílio e marketing, com divulgação nas redes sociais e também em outras mídias. É preciso ser diferente para entrar em um negócio como o seu?
Com certeza. As pessoas gostam de comodidade, praticidade e eu sou um exemplo vivo disso. Então pensei, digo novamente iluminado por Deus, de fazer algo diferente que levasse comodidade as pessoas fugindo do tradicional. O pessoal vende pamonha aí nas ruas há quantos anos? E daquela mesma forma, passando nas ruas, fazendo a clientela, a “Pamonha da Vovó”, nada contra Votuporanga, mas ela sai lá de Votuporanga para vender em Fernandópolis e eu, como filho da terra, decidi produzir aqui e vender aqui só que de uma forma diferente. Quero que as pessoas não precisem ficar esperando o carro da pamonha passar na sua rua, para ela comer sua pamonha, ou curau, bolo de milho, enfim. Não quero que as pessoas fiquem esperando chegar domingo para ter que ir à feira comprar, então decidi atender a vontade das pessoas no dia e na hora que elas têm vontade de comer a pamonha. É um negócio interessante, engraçado e está sendo gostoso fazer isso. 
E como tem sido a receptividade?
A melhor possível. Agradeço muito a Deus e muito as pessoas pela forma que elas têm nos recebido. O primeiro dia em que decidi fazer um teste para ver se era isso mesmo que faria, vender pamonhas, eu peguei 55 pamonhas, coloquei no carro e fui lá em Votuporanga, onde praticamente não conheço ninguém, de loja em loja, casa em casa para tentar vender e quando eram 14h já tinha vendido tudo. No outro dia fiz o mesmo, só que em Jales e com o dobro de pamonhas, na mesma hora já tinha vendido tudo. Foi então que percebi que tinha condição de vender pamonha, principalmente pela receptividade das pessoas. Mesmo quando elas não queriam o produto, me atenderam com o maior respeito e educação e na realidade que eu vivia não estava muito acostumado com isso. Então a receptividade tem sido muito boa e agradeço a todos que têm recebido tão bem essa ideia. 
O senhor acredita que muitos de seus pedidos vêm daquela máxima de que “primeiro a gente come com os olhos”? Afinal, as imagens que sua empresa divulga nas redes sociais são de dar água na boca.
Confesso que a intenção é justamente essa, a pessoa ver e ficar com água na boca (risos). Acredito que a gente tem que despertar a vontade das pessoas e só com palavras isso não seria possível. O intuito é que as pessoas vejam as imagens, fiquem com vontade e experimentem pedir pelo delivery para elas verem que funciona e que basta passar uma mensagem pelo Face, pelo Whatsapp, ou até mesmo ligar que a pamonha vai ser entregue o mais rápido possível e com qualidade. 
E como foi estabelecido seu horário de funcionamento?
Conversando em família decidimos atender em um horário em que a pessoa possa tomar café da manhã, com os produtos chegando bem quentinhos em sua residência ou até mesmo no trabalho, já que na correria do dia-a-dia, às vezes o pessoal acorda cedo e sai correndo para o trabalho sem nem tomar café da manhã e isso não é saudável, então bate aquela fome 8h, 9h, 10h, a pessoa pede um produto que a gente sabe que sustenta já que é à base de milho. Então a gente chegou a um horário de atendimento que começa às 8h, mas se quiser pedir antes e a gente já tiver o produto pronto, vamos entregar na hora e vamos até às 19h. No entanto já aconteceram várias vezes de 21h, 21h30 eu sair para entregar. Ontem mesmo (dia 17), o pessoal pediu pelo Face e eu entreguei. Então resumindo: só não entrego se não tivermos o produto pronto na hora, pois se tiver não tem hora e nem dia, não. 
Agora, além dessa sua visão de marketing, qual é o segredo do sucesso de sua empresa?
É difícil responder, pois acho que não fazemos sucesso ainda, é só uma ideia que tem dado certo. Mas assim, honestamente, não tem segredo.  Acho que basta determinação, aceitar os erros e aprender com eles, além de ficar sempre focado, muito focado naquilo que se está fazendo. Não adianta a gente ficar esperando as coisas acontecerem se não tivermos força e determinação para correr atrás. Acho que o sucesso ainda não veio, mas estamos caminhando bem por causa da determinação. 
O senhor é filho de um dos maiores comunicadores de Fernandópolis, Itamar Teles, que, inclusive, é homenageado até hoje por meio de um prêmio que é concedido pela Câmara Municipal aos comunicadores da cidade. Essa sua visão aberta de marketing está associada ao seu histórico familiar?
Tenho que confessar que acredito estar no sangue sim. Não me lembro muito do meu pai, nem de seu trabalho, pois infelizmente quando ele faleceu tinha apenas três anos de idade, mas minhas irmãs, principalmente a mais velha, falam bastante dos meus pais e as pessoas também da cidade, que moravam aqui na época, falam que ele desenvolvia um bom trabalho, então acredito que não seja assim um comunicador como ele foi, mas tem alguma coisa sim e a gente só percebe isso quando começa a por em prática.
Aliás, o que o senhor acha desse prêmio que carrega o nome de seu pai?
Acho que toda a homenagem é louvável. Ficamos lisonjeados, já fui lá participar da entrega de uma das edições e só tenho a agradecer, pois já se foram tantos anos, né? Esse ano já vai para 33 anos que meus pais faleceram e ele ser lembrado até hoje é muito legal. Agradeço a iniciativa e todos que a aprovaram.