Médico arregaça as mangas e diz estar de “peito aberto” para ajudar a Santa Casa

20 de Agosto de 2025

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Médico arregaça as mangas e diz estar de “peito aberto” para ajudar a Santa Casa

Médico ‘do coração’ há 35 anos, sendo 26 dedicados à Santa Casa de Fernandópolis, Luiz Flávio Franqueiro, conhece bem a realidade do lugar. Sensibilizado com a iminência do fechamento do hospital caso algo não seja feito para reverter a crise financeira atual, o médico demonstrou muita vontade de ajudar da porta do consultório para fora.

Na manhã de segunda-feira, 11, a provedoria da Santa Casa em parceria com a jornalista e publicitária, Glenda Scandiuzi –que ofereceu marketing voluntário à entidade-  lançou a Campanha “Tributo do Amor” para arrecadar fundos ao hospital que atende quase 300 pessoas por dia vindas de outros 12 municípios. O projeto se resume em duas frentes de arrecadação: o leilão de gado e a captação de recursos financeiros, via boleto e cartão de crédito.

O leilão de gado está sendo comandado por Edilberto Sartin,  Edna Tomáz, Humberto Zanin, Nelson Gregorini do Sindicato Rural e pelo prefeito Antônio Carlos Macarrão do Prado, de Mira Estrela, onde o primeiro leilão será realizado no dia 28 de fevereiro.

Já a captação de recursos foi uma ideia do cardiologista Luiz Flávio, que estava há dias pensando em uma forma de colaborar. “Esses dias fui convidado pelo Zé Maria (Nuevo Filho, médico) para ser vice-diretor clínico e no trajeto até em casa fui pensando no carro em como poderia angariar recursos para a Santa Casa. E foi aí que pensei nessa estratégia por meio do site, via boleto ou cartão de crédito, que seria um montante mensal, que é o que precisa”, contou.

Para ele, a Santa Casa deveria funcionar como uma empresa, “andando com as próprias pernas”, se modernizando e atraindo pacientes conveniados para não depender apenas do SUS. “A gente sempre faz eventos durante o ano e recebemos doações de todos os tipos, mas são benefício pontuais, por isso, pensei em uma forma de arrecadar um valor mensal para se manter. Precisaria de um  recurso fixo durante um tempo para se readequar, solucionar os problemas financeiros, atuar como uma empresa de fato. Vislumbro uma saída através do aumento de pacientes conveniados da medicina privada, mas para fazer isso precisa melhorar a condição para atender essas pessoas, pois as condições não estão muito satisfatórias. É preciso de um meio para se financiar durante um tempo e nesse período se modernizar para atrair pacientes particulares. Não dá para viver apenas do SUS. Com essa defasagem há 12 anos, cada paciente do SUS que entra no hospital representa um prejuízo. E se houver mais conveniados particulares o atendimento para quem depende do SUS vai melhorar também”, completou.

O médico ainda deu um exemplo que mostra a  fragilidade financeira do hospital em detrimento da defasagem dos valores pagos pelo SUS. “Imagina uma empresa que vende camisetas comercializando os produtos com o mesmo preço de 12 anos atrás. Vai falir facilmente. É o que ocorre na Santa Casa, por isso, é preciso achar outra alternativa para não ser dependente do SUS”, disse.

Responsável pela campanha para modernização da UTI, há oito anos, que a tornou uma das melhores do Estado de São Paulo, o cardiologista esbanjou força de vontade em colaborar com o hospital durante o lançamento da campanha “Tributo do Amor”. “Para quem quiser saber mais sobre essa parte de captação de recursos pode ligar aqui ou então me ligar que vou onde for preciso para explicar. Da última vez fiquei até rouco, mas estou de peito aberto e já arregacei as mangas. Pode ser rádio, quermesse, reunião, boteco, onde for, é só me avisar que vou até lá explicar às pessoas como contribuir”, destacou ele, entusiasmado.

E essa vontade de ajudar não é de hoje, segundo ele. “Sempre trabalhei para a Santa Casa, sempre fui muito envolvido além do atendimento assistencial como médico, mas com o funcionamento do hospital em si. Fui vice-diretor clínico duas vezes, responsável pela UTI por 17 anos, então sempre quis trabalhar pela comunidade, nunca fui egoísta. E acredito que todo cidadão tem que se doar um pouco pelo desenvolvimento da sociedade. Creio que todos são conscientes quanto à responsabilidade com a Santa Casa, por isso, se atualmente não temos condições de manter o hospital precisamos pedir ajuda à população para evitar esse fechamento, o que seria péssimo”, disse o médico.

As pessoas poderão aderir à campanha de captação e recursos facilmente. “Está disponível por meio do site da Santa Casa (www.santacasafernandopolis.com.br) opções de doações mensais pelo cartão de crédito. Quem quiser realizar doações por meio de boletos, poderá se cadastrar ligando para o Hospital. Essas contribuições podem ser de R$ 5, R$ 10, R$ 20 ou de qualquer outra quantia que a pessoa desejar”, explicou o Luiz Flávio.

 

Fernandópolis: a capital da solidariedade

Fernandópolis já provou por várias vezes o quão é solidária, recebendo o rótulo de capital da solidariedade por parte dos jornalistas. E toda essa solidariedade tem excedido os limites territoriais da cidade e contagiando toda a região, principalmente quando o assunto é Santa Casa. Essa semana a entidade lançou a Campanha “Tributo do Amor” para arrecadar fundos ao hospital que atende quase 300 pessoas por dia vindos de 12 municípios.

A ideia foi proposta pela jornalista e publicitária Glenda Scandiuzi que  ofereceu o marketing voluntário à Santa Casa na elaboração e realização de campanhas. E este espírito solidário tem surtido efeito no tocante da criação e uma corrente do bem, uma união de esforços em benefício ao hospital, cuja a importância é inenarrável. “Essa campanha é por um motivo nobre, e por isso contamos com a participação de toda a imprensa da cidade e região, pois sem vocês nossas ideias não se tornam realidade. Sei o quanto nos ajudam e sabemos que, embora falte dinheiro, boa vontade temos demais e vamos superar essa crise”, disse ela, que agradeceu os coordenadores do leilão e o médico Luiz Flávio.

O primeiro leilão de gado já tem data e local confirmados para ser realizado: o Recinto de Exposições de Mira Estrela, no dia 28 de fevereiro. O prefeito do município Macarrão, ícone dos leilões voluntários da região, famoso por literalmente se jogar no chão para entreter o público e aumentar as ofertas, colocou-se mais uma vez á disposição para ajudar. “O povo brasileiro é muito solidário, principalmente quando envolve saúde. Fizemos uma reunião essa semana com prefeitos da região, inclusive de alguns municípios mineiros e ficou claro que essa campanha é apartidária. O partido é a Santa Casa. Não conseguimos imaginar ela fechada, pois socorre a todos. Sempre digo que quem salva vidas é Deus e médico, mas cada pessoa que ajudar vai se tornar um médico. Mira Estrela é uma cidade pequena, mas de coração grande, e vamos acolher a todos com muito carinho”, afirmou o prefeito.

O pecuarista Edilberto Sartin mostrou otimismo quanto ao sucesso da campanha. “Dispus-me a tomar frente do leilão a pedido da Sandra (de Godoy, provedora) e da Wladia (Franco, diretora administrativa), e é difícil falar não para elas. Fizemos uma reunião ontem (domingo, 10), com todos prefeitos solidários e começamos a arrecadar. Já conseguimos inclusive 11 cabeças de gado no município de Ouroeste. Esperamos um grande sucesso, pois em todos lugares que fomos ainda não ouvimos a palavra ‘não’”, contou Sartin.