Ano novo, briga velha: duodécimo da Câmara gera novo desgaste entre Executivo e Legislativo

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Ano novo, briga velha: duodécimo da Câmara gera novo desgaste entre Executivo e Legislativo

Quem esperava que com a entrada do ano novo a relação entre Executivo e Legislativo poderia melhorar, se enganou novamente. O último embate do ano de 2015 deixou ainda mais mágoas e elas devem se arrastar pelos próximos 12 meses, sem expectativa de melhora. Muito pelo contrário.

Magoados por, segundo eles, a prefeita não ter cumprido mais um compromisso, as críticas veladas a chefe do Executivo devem voltar com tudo logo na primeira sessão após o recesso Legislativo. Tudo por conta da destinação do valor remanescente do duodécimo da Câmara Municipal. 

O IMBRÓGLIO

No final do mês de dezembro, o presidente da Casa de Leis fernandopolense, André Pessuto (DEM), convocou uma coletiva de imprensa para a entrega simbólica do remanescente do duodécimo do Legislativo, que foi de R$ 312.527,60. O intuito da reunião com os órgãos de imprensa foi ratificar o desejo da Câmara de repassar o montante a Santa Casa de Fernandópolis, o que foi contestado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, que queria o dinheiro para o pagamento do 13° da categoria.

Segundo André, o compromisso de repassar o montante ao hospital público fernandopolense foi firmado por ele e pela prefeita Ana Bim, em meados de outubro, com a provedora da Santa Casa Sandra Regina de Godoy.

“A Sandra Godoy, que é a provedora da Santa Casa e a Wládia, que é a administradora, me procuraram aqui na Câmara e pediram para que se houvesse alguma sobra, que nós oficializássemos a Prefeitura para que esse montante fosse repassado à entidade, que está precisando muito. Falei que iríamos nos esforçar e pedi a ela que procurasse o Executivo para ratificar a iniciativa. Assim elas fizeram e a prefeita assumiu um compromisso de repassar esse dinheiro”, disse Pessuto.

O presidente da Casa ainda afirmou que diante do compromisso, iniciou uma intensa contenção de gastos no Legislativo, contando ainda com o apoio dos demais vereadores para que ‘sobrasse’ um valor considerável.

“Pedi para todos eles que economizassem na energia elétrica, nas ligações telefônicas e até na utilização do veículo oficial da Câmara e todos colaboraram com a iniciativa”, completou.

Pessuto então disse que esperava que a prefeita cumprisse o compromisso e fizesse o repasse do montante. “A gente espera que a prefeita cumpra o compromisso que ela assumiu lá em outubro e que esta Casa também vem fazendo durante todo o ano de guardar o dinheiro para revertê-lo para a Santa Casa”, concluiu.

O QUESTIONAMENTO

Porém, os integrantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Fernandópolis estiveram na mesma semana no gabinete da prefeita Ana Bim, para reivindicar que o duodécimo fosse utilizado para pagamento do 13º salário. O Sindicato reivindicou ainda que o pagamento fosse realizado antes do Natal.

A reivindicação do sindicato se deu após a divulgação de boatos de que os vereadores pretendiam ‘carimbar’ o recurso para a Santa Casa, como de fato tentaram fazer, enquanto os servidores seguiam com a segunda parcela do 13º em atraso.

“Não se pode cobrir um santo e descobrir o outro. Se a Prefeitura tivesse dinheiro em caixa para pagar o nosso 13º eu seria o primeiro a apoiar a iniciativa de ajudar a Santa Casa, mas infelizmente não tem. Pode até parecer um pouco de egoísmo, mas precisamos primeiro cuidar da nossa casa, para depois cuidar da casa dos outros. Centenas de famílias contam com esse dinheiro”, disse o presidente do Sindicato, Claudinei Senha em entrevista à Rádio Difusora, após a reunião com a prefeita.

Ainda de acordo com Senha, a prefeita prometeu reunir esforços para atender o Sindicato. “Os servidores municipais são o combustível da máquina pública, são os responsáveis pelo bom andamento das secretarias municipais e merecem todo nosso empenho e respeito”, disse a prefeita.

RÉPLICA

Sobre a cobrança do sindicato, Pessuto afirmou que ela foi feita no dia 17 de dezembro, porém, o Legislativo teria aprovado um projeto nove dias antes para o pagamento do 13°, onde a Prefeitura, segundo ele, teria afirmado já ter recursos para o pagamento.

“A gente votou em regime de urgência, porque a prefeita, por meio de dois funcionários, pediu para que fosse apreciado em regime de urgência para que a Prefeitura pagasse o 13° no último dia 15 e a Prefeitura tinha dinheiro em caixa para fazer o pagamento. A Câmara fez a parte dela autorizando a prefeita a fazer o pagamento. Fizemos o nosso papel”, concluiu. 

TRÉPLICA

Por fim, também em entrevista na Rádio Difusora, a prefeita Ana Bim afirmou que tal repasse não teria respaldo legal e que utilizaria o recurso para o pagamento do 13º salário dos servidores, que, por consequência, injetariam o montante na economia fernandopolense.

“A Prefeitura está em dia com os repasses que temos que fazer à Santa Casa. Se tivéssemos condições e se fosse realmente legal, teria o maior prazer em repassar esse e outros valores para eles, mas infelizmente não é o caso. Não é justo que por conta de ingerências passadas na Santa Casa, que levaram a toda essa situação, os nossos servidores, que carregam a Prefeitura nas costas, fiquem sem o seu 13°. Precisamos desse dinheiro para completar a folha e vamos utilizá-lo”, concluiu.