Novo administrador judicial da FEF prega transparência

20 de Agosto de 2025

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Novo administrador judicial da FEF prega transparência
O advogado Fábio Fernandes, ex-gerente e auditor regional do Banco Banespa/Satander e mais recente secretário de Gestão Pública de Fernandópolis, assumiu ontem, 13, a administração judicial da FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis -, no lugar de Titosi Uehara, que ocupou a mesma função por 11 meses ao lado de seus companheiros Antônio Carlos Cantarela, José Poli e Antônio Batista Cézar.

Fábio foi nomeado oficialmente pelo juiz da Primeira Vara criminal de Fernandópolis, Arnaldo Luiz Zasso Valderrama, no último dia 11, porém a transição pública foi realizada ontem, 13, no auditório da Fundação, com a presença de autoridades, professores, funcionários e alunos da instituição.

Em seu discurso, Fábio agradeceu primeiramente a esposa e a todos os presentes. Logo em seguida, afirmou que assumir a FEF é um grande desafio e ao mesmo tempo, um atrativo profissional, ainda mais depois do trabalho feito por Titosi e sua equipe ao lado do promotor e curador das fundações Marcelo Antônio Francischette.

“Transparência em meu trabalho será determinante. Todo e qualquer conduta deverá ser registrada e submetida a um juízo de valor sobre o aspecto da perspectiva ética. Toda organização depende de valores morais e éticos que norteiam as condutas individuais de seus dirigentes, colaboradores e demais prepostos. Ser ético, não é opção para pessoas e organizações, mas sim questão de sobrevivência. As empresas de hoje são reconhecidas e avaliadas por sua imagem, prestígio e confiabilidade”, afirmou o novo administrador em seu discurso.

O ex-secretário de Gestão, que deixou o cargo na prefeitura para assumir a Fundação, prosseguiu em seu discurso e foi ovacionado ao citar um trecho do poema de Elisa Lucinda. “Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar para mudar o final”, encerrou pedindo a colaboração de todos nessa tarefa.

DESPEDIDA     

Ainda durante a cerimônia, o até então administrador judicial, Titosi Uehara, se despediu de todos os colaboradores da FEF agradecendo o apoio de todos e de seus companheiros Antônio Carlos Cantarela, José Poli e Antônio Batista Cézar.

“Não tenho palavras para expressar a minha gratidão a vocês, que aceitaram o meu convite para compor a minha equipe em um trabalho árduo e espinhoso de desvendar os mistérios que envolviam está instituição, que acabaram a levando para essa situação desastrosa que se encontra”, disse Titosi.

O empresário, que chegou a colocar os seus bens em risco e sofrer um processo crime por apropriação indébita, ao reter o imposto de renda na fonte para conseguir arcar com o salário dos funcionários até que os recursos do FIES fossem disponibilizados, agradeceu ainda a colaboração de todos, que nunca sequer ameaçaram entrar em greve, mesmo com os salários atrasados.

“Sempre confiei em Deus e mais uma vez ele fez justiça. Obrigado funcionários, administradores, professores, supervisores, coordenadores e todos aqueles que integram o quadro desta instituição, que muitas vezes, com atraso dos salários chegaram a ficar sem dinheiro para a compra de alimentos e o pagamento de alugueis, mas sempre se mantiveram firmes em seus postos de trabalho nos ajudando a viabilizar a vida da FEF, que estava agonizando na UTI e hoje já se encontra no quarto, em recuperação”, completou.

DÍVIDA

Sobre a situação financeira da FEF, Titosi pediu para que Antônio Batista Cézar apresentasse uma pequena prestação de contas aos presentes.

“Até 2003, a instituição pagava todos os impostos em dia, aliás, tudo aqui era pago em dia, não tinha nada em atraso. No entanto, hoje, a nossa dívida tributária atinge R$ 57 milhões, porém já entramos com um pedido de reaparelhamento e isso deverá ser equacionado. As dívidas trabalhistas, em valores atualizados, somam hoje R$ 45 milhões e já está em estudo a adjudicação do imóvel em favor dos funcionários e essa medida permitirá a Fundação a sobreviver”, explicou o contabilista.

Os motivos que levaram a essa situação também foram lembrados por Batista, porém todos eles já estão em análise na justiça para um possível ressarcimento aos cofres da instituição.

BLOQUEIO DE BENS

O tema não veio à tona durante a transição de posse, porém está diretamente ligada a intervenção judicial e a situação financeira da Fundação.

O juiz da 3ª Vara Cível de Fernandópolis, Renato Soares de Melo Filho, declarou indisponíveis todos os bens de Paulo Sérgio do Nascimento, ex-presidente das FEF e do empresário Marcino Ferreira. O valor do bloqueio chega a R$ 2,2 milhões de cada um dos acusados.

A solicitação para que os bens fossem bloqueados foi feita pelo atual administrador da instituição de ensino, Titosi Uehara, que tenta devolver os R$ 4,4 milhões ao cofre da FEF. O valor é referente a dois imóveis da Fundação, um terreno de 30 mil metros quadrados localizado em Rondonópolis – MT e uma propriedade rural em Barbacena – MG.

Segundo a denúncia do 2º Promotor de Justiça, Marcelo Antônio Francischette da Costa, o terreno de Rondonópolis foi vendido por Paulo Sérgio Nascimento, em 2013, ao empresário Marcino Ferreira. O valor do negócio foi de R$ 705 mil.

Ainda segundo o promotor, o imóvel estava como garantia para pagar dívidas e não poderia ter sido vendido sem autorização da Justiça. Além disso, o terreno foi vendido abaixo do valor de mercado, avaliado por um perito judicial em R$ 2,2 milhões.