Cabral e a nova fase do PSDB em Fernandópolis

20 de Agosto de 2025

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Cabral e a nova fase do PSDB em Fernandópolis

Junho de 2012, mês das convenções partidárias para definição dos candidatos que disputariam as eleições municipais daquele ano, tanto para o Executivo, quanto para o Legislativo. O PSD de Ana Bim se coligava com o PROS, de Zambon. O DEM do então prefeito Luiz Vilar, com o PDT de Creusa Nossa e o PMDB, rachado, lançava chapa pura com Carlos Lima e Jeder Rissato. Tudo normal, exceto pela falta de um dos principais partidos de Fernandópolis, que, historicamente, sempre participou das eleições majoritárias e com força, o PSDB. À época, o partido acabara de perder uma de suas principais lideranças, o ex-prefeito Armando José Farinazzo (falecido em agosto de 2011) e não conseguiu juntar forças para as eleições do ano seguinte. Sem essa força e com poucos nomes de peso, os tucanos participaram apenas como coadjuvantes em uma das mais singelas atuações do partido desde que foi fundado em Fernandópolis, no ano de 1990. Um ano depois, o educador Carlos Antonio de Jesus Cabral assumia a executiva do partido com a promessa de mudar essa realidade. Assim fez. Iniciou um processo de renovação partidária e no ano seguinte conseguiu unir todos os correligionários num trabalho que resultou em expressivas votações aos candidatos tucanos Gilmar Gimenes (deputado estadual), Geraldo Alckmin (governador) e Aécio Neves (presidente). Para as eleições municipais do ano que vem, Cabral promete o mesmo empenho e afirma que o partido voltará a ser protagonista.

Como surgiu a iniciativa de homenagear o ícone do PSDB local, Armando José Farinazzo, com a denominação da ETEC de Fernandópolis?
A ideia de denominar um bem público de Fernandópolis com o nome de Armando José Farinazzo não surgiu agora. Era na verdade uma necessidade que tínhamos por conta do homem público, do ser humano, do profissional que ele foi. Isso já vinha a algum tempo sendo estudado pelo partido e em uma das visitas do governador (Geraldo Alckmin), em maio, se não me engano, nós do PSDB o entregamos um ofício solicitando uma visita em Fernandópolis e reivindicando que nossa ETEC fosse denominada com o nome do professor Armando José Farinazzo. A vereadora Neide Garcia também vislumbrava essa necessidade e apresentou uma indicação para que a ETEC fosse denominada também com o nome do professor Armando. Juntamos a nossa reivindicação com a indicação da vereadora e um pedido especial da prefeita Ana Bim, que ela fez após nós a procurarmos, juntando a certidão de óbito e o currículo dele e reencaminhamos ao Júlio Semeghini, para que ele intercedesse pela iniciativa. Deu certo.  
Como o senhor avalia o trabalho dos membros do partido para que essa homenagem acontecesse?
O Armando era muito respeitado não apenas no PSDB, mas sim em todos os partidos. Ele sempre foi muito respeitado também pela população de Fernandópolis, pelo ser humano que ele foi. Não só os membros do partido ou da família ficaram contentes, mas sim toda Fernandópolis e a ETEC como ponto de homenagem foi muito bem escolhida, pois o professor Armando, inclusive, votava lá há muito tempo, tinha uma história com aquela escola. 
Quem foi Farinazzo para o senhor?
É difícil falar (lágrimas). Armando Farinazzo foi um supervisor de ensino, que vendo um professor recém-formado, ainda meio perdido, que não sabia como era a carreira do magistério, ofereceu todo o apoio e o embasamento que ele precisava. Esse professor era eu, que havia acabado de passar no concurso, isso na década de 80, e ele, da melhor maneira possível, me esclareceu, informou e me deu grandes conselhos. Ele sempre me chamou de Carlinhos e, naquela época me disse: ‘Carlinhos, não abandone esse cargo, é o seu futuro, o futuro dos seus filhos, da sua família’. Eu ainda era solteiro naquela época, muito pobre e precisava de uma segurança. Ele disse que eu não podia nem pensar em não assumir o cargo em Jacareí, uma cidade totalmente distante, onde não conhecia ninguém, mas que tinha que ir e assim fiz.  A partir dali, eu aprendi, mais do que nunca a admirar Armando José Farinazzo. Quando retornei a Fernandópolis ele me adotou praticamente como filho. Armando Farinazzo foi um ícone, ele foi uma grande referência para minha vida. 
Dona Wanda, viúva de Farinazzo, ficou muito emocionada com a homenagem e demonstrou ter o espólio político do marido. Como presidente do PSDB, pensa em convidá-la para disputar as eleições do ano que vem?
Não apenas penso, como já a convidei, assim como convidei a tantas outras pessoas. A Wanda é filiada ao partido, é participante do diretório e está convidada a participar das eleições de 2016.  
O PSDB local demonstrou sua força nas eleições de 2014, quando seus candidatos alcançaram expressivas votações. O senhor enxerga essa mesma força nas eleições do ano que vem? 
O PSDB, nas eleições passadas, em Fernandópolis, demonstrou realmente o que é que pretende. Nós temos lideranças de renome estadual, nacional e municipal, dentro do partido, que respeitam Fernandópolis, que gostam da cidade. Em 2014, unimos força em prol de Gilmar Gimenes, que hoje é suplente de deputado e recentemente teve que tomar uma decisão em relação a 2016, a qual respeitamos. O PSDB local tem nomes e convicções para candidaturas próprias, mas ainda é cedo, não é o presidente do partido que define se nós teremos candidatos ou não. Nós vamos sentar, conversar com todos os membros do partido e avaliar as possíveis coligações. O que posso garantir é que a equipe do PSDB está se preparando para atuar como protagonista nas eleições de 2016. 
Essa mesma força que tiveram em 2014, não existiu ou estava “abafada”, nas eleições anteriores, em 2012. O que aconteceu?
Em 2012, por ‘n’ motivos, o partido chegou a uma situação em que nós não tivemos condições de estar disputando as eleições com candidato próprio e nem a vice. Isso tudo, o próprio passado já mostrava essa dificuldade. Tínhamos acabado de perder Armando e acabamos ficando sem forças para tentar recuperar o partido, tentar mostrar às pessoas a necessidade de disputar as eleições. Dessa forma não conseguimos apresentar um nome como cabeça de chapa ou para vice, mas conseguimos apresentar a chapa de vereadores, sendo que conseguimos eleger dois representantes. Para 2016, mais uma vez apresentaremos uma chapa forte para o Legislativo, além da disputa pelo Executivo. 
O diretório tucano ganhou recentemente o reforço da ex-peemedebista Maiza Rio, que não poupou elogios à postura. Como surgiu e de quem partiu o convite para que ela se filiasse ao PSDB?
Quem é que não gostaria de ter uma Maiza Rio em seu partido? Então eu acho que a Maiza Rio foi cortejada por muitos partidos, como ela mesma citou aqui nesse mesmo espaço há umas duas semanas. Do nosso partido, várias pessoas a convidaram para estar conosco, inclusive eu, e a amizade que ela tem com o Gilmar (Gimenes) e com o próprio Júlio (Semeghini), que não é de agora, ajudou bastante. O partido está ‘namorando’ a Maiza Rio há bastante tempo e agora conseguimos mostrar para ela que chegando ao nosso partido, ela estaria entrando em uma casa antiga, onde será respeitada, ouvida, terá voz e voto nas decisões. É um partido que não é dirigido por coronéis e sim por pessoas que estão em Fernandópolis há muito tempo e querem o melhor para cidade. 
Ela é o nome forte do partido para as eleições municipais, já que Gilmar Gimenes anunciou que não será candidato em Fernandópolis?
Seria muito precipitado falar que a Maiza Rio seria candidata nas eleições municipais do ano que vem, unicamente ela. Nós temos vários nomes no partido que têm condições de disputar as eleições de 2016. Ela seria um desses nomes sim, mas nós temos também outros fortes nomes dentro do partido.  
Qual será a postura do PSDB nas próximas eleições?
A nossa intenção é estarmos como protagonistas nas próximas eleições. Todo partido com a estrutura do PSDB tem intenção de ter candidatura própria e ao afirmarmos que temos características e condições para candidatura própria, não estamos aqui falando de pessoas ‘x’ ou ‘y’, mas sim de toda a composição de nosso partido. Nós vamos lutar para sair com chapa para o Executivo e uma chapa bem forte para o Legislativo. 
Há possibilidade de chapa pura? 
Seria muita pretensão minha afirmar isso, aliás, pretensão de qualquer partido falar isso numa época dessas. Todo partido precisa de coligações e nós não somos diferentes. Chapa pura poderá um dia até acontecer, não se sabe, mas a pretensão não é esta, a pretensão é unificar partidos em torno de uma candidatura sólida para a Prefeitura de Fernandópolis. 
E o senhor, continuará atuando apenas nos bastidores ou pretende lançar candidatura nas próximas eleições?
O Armando não conseguia mandar em mim. Ele sempre pediu para que eu fosse candidato a vereador, nunca pude, nunca tive condições, gosto da política, acho que tive dois grandes professores, o Raul (Gonçalves) e o Armando (Farinazzo), mas esses professores não conseguiram que eu entrasse como candidato. No entanto, isso não significa que nunca entrarei, que ficarei sempre nos bastidores. Muitas coisas ainda devem acontecer até às convenções. 
O PSDB tem sido muito criticado, recentemente, por conta da reestruturação da educação. Qual sua opinião a respeito?
Em relação à reorganização da educação no estado de São Paulo, é possível afirmar que em Fernandópolis o dirigente regional de ensino (Jorge Sagae) está a conduzindo de maneira democrática, ouvindo os diretores, já foram feitas três ou quatro reuniões e a intenção em Fernandópolis é de estar organizando da melhor maneira possível, sem grandes traumas, para que possamos sair desse processo de cabeça erguida, sem estarmos com grandes remorsos, sempre com um olhar de que estamos lidando com seres humanos e que eles merecem respeito. Esse é meu ponto de vista.