A dança das cadeiras nos partidos fernandopolenses continua a todo vapor. As duas mais recentes e de maior expressão, até agora, foram saída de Rodrigo Ortunho do PSC para ingressar no PMDB e o abandono de Maiza ao partido que lhe “lançou”, o PMDB, para ingressar no PSDB. A saída de Maiza do partido do vice-presidente da república já era esperada, tendo em vista os bizarros acontecimentos das eleições de 2012 que acabaram a deixando de fora do Legislativo fernandopolense, mesmo tendo sido a candidata mais votada. A desorganização do partido na época, custou agora a desfiliação de quem seria o nome mais forte, tudo em virtude do ego de alguns e dos interesses particulares de outros. Em exclusiva ao CIDADÃO, Maiza fala de sua saída conturbada do partido em que milita desde que começou na política, dos planos em seu novo partido e relembra as mazelas das eleições de 2012.
Voltando no tempo, o que te levou a escolher o PMDB no passado?
O Silvio Carlos Rio, meu irmão, entrou no ano de 1988 como vereador em Fernandópolis pelo PMDB. Ele foi presidente do partido na época e foi a época do auge do PMDB, com a saída do Quércia (Orestes) e a entrada do Fleury (Luiz Antônio) no governo. Meu irmão, como presidente do partido, contribuiu muito para a cidade na época. Vendo esse trabalho do meu irmão, me simpatizei muito com o PMDB e decidi me filiar, mas até então eu não tinha pretensões políticas. Na época, quando Santa Rosa se filiou e lançou seu nome como candidato a prefeito, o Dr. Ricardo Franco, que já tinha um grande histórico dentro do PMDB, me convidou para ser candidata à vereadora. Rejeitei o convite por três vezes, mas após pedir muito a direção de Deus eu acabei aceitando o convite, e coloquei meu nome à disposição no último dia para o registro de candidatos. Não tive como fazer uma pré-campanha, mas pelas graças do Senhor, fui eleita e como a terceira mais votada daquelas eleições. E foi assim que comecei minha história no PMDB, foi um partido que entrei de coração, pois sempre tive muita proximidade com o PMDB, ideologicamente falando. Quando entrei no partido, fui muito bem recebida, veio uma equipe do deputado Jorge Caruso em Fernandópolis para me conhecer e me receber. Aproximei-me muito dele e consegui uma verba muito interessante para investir na parte odontológica no postinho da Vila Regina. Depois conheci o deputado Itamar Borges, a quem tenho muito respeito, e a partir daí continuei minha história no partido e nunca havia tido nenhum problema até as eleições de 2012.
O que te levou a deixar o PMDB?
A última eleição para mim foi muito difícil. Quando entrei no PMDB, quem comandava o partido na esfera estadual era o Orestes Quércia. O Quércia sempre respeitou as bases do partido, as pessoas antigas do partido, tanto que nunca tive problemas com o PMDB. Com o falecimento dele e a entrada dos novos nomes que compõem o diretório estadual, houve muitas mudanças no PMDB e aí houve muitas interferências no estado inteiro e em Fernandópolis, inclusive. Isso deixou o partido muito inconstante. Nas eleições de 2012, o diretório do partido em Fernandópolis estava muito dividido, tinham pessoas que queriam que o partido apoiasse a Ana Bim, pessoas que queriam ir para o lado do ex-prefeito Luiz Vilar e pessoas que tinham acabado de entrar no partido e queriam ser candidatos a prefeito. O Carlos Lima então acabou sendo candidato a prefeito, contra a nossa vontade por conta de uma interferência do diretório estadual, que, por algum interesse, enviou uma ata anulando a convenção municipal para que o Carlos Lima fosse candidato. Isso gerou uma situação muito difícil e hoje eu digo que o PMDB falhou muito por não ter tido respeito com o diretório municipal.
Falando nessa situação, o que mais te marcou neste episódio bizarro que acabou lhe deixando fora da Câmara, mesmo sendo a vereadora mais votada?
Para mim foi tudo muito marcante. Na convenção do partido, um membro do PMDB que queria ser candidato a prefeito disse que iria ser candidato, mas não iria filiar os candidatos dele a vereador ao PMDB. O presidente do diretório na época dizia que tinha nomes a candidatos a vereadores, mas que se não fosse com a coligação que ele queria, ele não os apresentaria. Ou seja, no final das contas eu acabei sozinha e todas as manobras que eles fizeram para ter candidato a prefeito acabaram ocasionando pedido de impugnação e eu só pude fazer minha campanha nos últimos 40 dias. Isso me marcou muito, pois tive que fazer minha campanha sozinha, em um grupo desestimulado, sem incentivo nenhum. Porém, o que mais me marcou foi o reconhecimento da população. Mesmo com todas essas dificuldades (lágrimas)... tive a alegria de ter sido a mais votada com apenas 40 dias de campanha, sem precisar criticar ninguém para ganhar votos, sem ter que comprar votos, falando apenas do meu trabalho, do meu histórico, da minha vida pública a qual eu me dediquei tanto (lágrimas). Com toda dificuldade, sozinha, num time que ninguém dava crédito, ainda fui a mais votada, isso me marcou muito e serei eternamente grata a Deus e a todos que confiaram em mim.
Quem a senhora culpa por toda a confusão envolvendo o futuro da legenda naquela época? Parte queria apoiar o ex-prefeito Luiz Vilar, parte Ana Bim e parte queria lançar chapa própria.
Foi uma série de fatores: interferência de um candidato para que o PMDB tivesse um candidato, o próprio posicionamento de nosso candidato, do presidente da época, do diretório estadual enviar uma ata anulando a decisão local, então, na verdade, foi a somatória de uma série de erros que acabou resultando naquele episódio que acabou prejudicando a mim que não tinha nada a ver com essa história, que sempre fui filiada ao PMDB.
Acredita que alguns partidos ainda têm “caciques”, líderes regionais que impõe suas decisões sobre os diretórios municipais?
Sim. Infelizmente sim. Me ofereceram partidos com a seguinte proposta: ‘assume tal partido que nós vamos tirar de fulano e dar para você e você coloca quem quiser’. Quer dizer, vou entrar num partido por meio de uma puxada de tapete? Como vou saber que quando estiver lá também não vão puxar o meu tapete? Infelizmente a gente acaba percebendo que partidos políticos nos dias atuais acabam sendo meio de manobra de deputados e pessoas de grande influência em partidos, em benefício próprio, sempre visando às próximas eleições, pensando em muitas situações. Temos sim muitos caciques e isso acaba se tornando prejudicial para a democracia e isso é lamentável. A reforma política que teve foi uma aberração, deveriam ter mudado muito mais coisas para que a política voltasse a ser vista de uma maneira séria.
Que você deixaria o PMDB, muitos já imaginavam, mas por que só agora?
Sair do PMDB para mim foi muito difícil. Eu estava no PMDB de coração, pois foi um partido pelo qual me apaixonei ainda na adolescência, um partido pelo qual me identifico ideologicamente. Por conta dessa história de amor que tenho pelo PMDB, eu só poderia sair de lá para ir para um partido que me desse uma direção de onde ir. Após toda aquela situação que já mencionei, eu permaneci no partido, mas acabei me isolando. Cheguei a ser convidada pelo atual presidente do diretório, Fabrício (Falquette), a fazer parte do diretório, sentei, conversei, pensei, mas a situação que envolveu na eleição passada acabou me deixando com receio, desconfiança mesmo. Eu não ficaria tranquila no PMDB por conta do histórico que vivi, embora eu tenha gratidão muito grande, amizade com pessoas do PMDB, não ficaria tranquila.
E por que o PSDB?
Pensei muito num partido. Recebi o convite de vários, acredito que de quase todos e pensei muito em cada um deles, pois depois do que eu passei, eu queria escolher um partido que fosse sério, que não tivesse esses caciques que mandam e desmandam, num partido em que o diretório fosse respeitado e um dos únicos partidos em Fernandópolis que possui um diretório executivo e não o chamado provisório que são os deputados donos do partido, que colocam e tiram quem eles querem, é o PSDB. Procurando saber mais sobre o PSDB percebi que o diretório é respeitado, são os membros do partido que tomam as decisões e são respeitados e não um ou dois caciques. Então fui para o PSDB por conta da segurança que ele me trouxe, pela amizade que tenho de muitos anos com o Júlio Semeghini e com o Gilmar Gimenes.
O que espera de seu novo partido?
Seriedade. Que as decisões dos membros sejam respeitadas, não as minhas, mas sim a da maioria. Estou indo para o PSDB para somar. Como foi uma decisão muito pensada e eu fui muito bem recebida, além do que eu imaginava, quero ir para somar, para junto com o PSDB marcar Fernandópolis como já foi marcada na época do Farinazzo e com tantas outras pessoas que contribuíram na história do PSDB.
Quais suas pretensões para 2016?
Desde quando fui a mais votada e mesmo assim fiquei de fora da Câmara, a população começou a me perguntar se nas próximas eleições eu seria candidata a prefeita. Eu não tenho essa decisão ainda. Tenho colocado a minha vida nas mãos de Deus e pedido para que ele me direcione. Em relação ao partido, estou chegando agora e respeito os nomes antigos que temos no PSDB. Como disse, me coloco no PSDB para somar e ser útil ao partido. Estou à disposição para que juntos possamos tomar uma decisão sabia e coerente para as eleições do ano que vem.
Dos prováveis candidatos já citados por CIDADÃO e comentados nos bastidores da política, qual ganharia o seu voto, além da senhora, é claro?
Ainda é muito cedo. Como eleitora, vou inicialmente analisar a proposta de cada um para só depois pensar em quem votar. Acredito que todos os eleitores deveriam fazer o mesmo.