O candidato à presidência da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil -, do Estado de São Paulo João Biazzo visitou Fernandópolis essa semana e apresentou suas propostas a colegas de classe do município. Biazzo é oposição ao atual comando da Ordem e defende políticas de recuperação do prestigio e respeito da classe.
Em entrevista exclusiva ao CIDADÃO, Biazzo, que é mestre em Direito Civil e sócio-fundador do escritório Aidar SBZ, apresentou suas propostas. Confira a entrevista:
Quais são seus principais projetos para a Ordem dos Advogados do Brasil do estado de São Paulo?
O primeiro projeto é uma OAB livre e independente. Ou seja, uma OAB que volte a ser instrumento da sociedade civil. Nosso grupo tem um projeto que começa na Ordem e termina na Ordem. Não vamos usar Ordem como instrumento para qualquer outra coisa que não seja a OAB. Com isso, a Ordem voltará a discutir o que tem que discutir, ou seja a Ordem como guardiã da constituição, como defensora dos direitos humanos, como uma força de modernização do judiciário. Acreditamos que hoje, a Ordem, tanto de São Paulo, como em Brasília, por ter presidentes que têm outros interesses que não a OAB, prejudica a independência e a credibilidade da OAB.
Outro ponto muito criticado por alguns advogados é a falta de transparência desta atual gestão e das passadas também. Qual seu projeto para mudar isso?
Nosso projeto é de transparência para advocacia. A Ordem não pode ter controle externo de suas contas, justamente por conta da independência que ela tem que ter como voz da sociedade civil. Somos favoráveis à abertura das contas da OAB para os advogados, ou seja, o dinheiro da OAB não é dos dirigentes, mas sim dos advogados e, por isso queremos implementar a participação dos advogados, inclusive de como a Ordem deve gastar o seu dinheiro. Faremos isso com orçamento participativo, audiências públicas, direcionamento de gastos. Transparência total. A Ordem como voz da sociedade civil tem que ter ações contra a corrupção, como a que está fazendo hoje, distribuindo camisetas, pregando cartazes, mas dentro de casa ela não faz a sua lição. Para cobrar e ser implacável contra a corrupção em nosso país, a Ordem precisa dar o exemplo dentro de casa e nós propomos a abertura total das contas, com a participação do advogado na escolha de onde devemos investir o seu dinheiro.
O senhor percorreu Fernandópolis e região esta semana em campanha. O que achou do trabalho da Ordem e quais os seus enfoques para nossa região?
A OAB São Paulo está muito distante do interior. A OAB São Paulo fica lá encastelada em um prédio bonito e acaba esquecendo da base. Ela está muito preocupada com a forma e esquecendo da essência, que é o advogado. Neste ano eleitoral estão preocupados em inaugurar casas do advogado. Em 2013 não inauguraram quase nada, em 2014 também e agora em 2015 virou um verdadeiro festival de inauguração de casas do advogado. Como eu disse, vejo essa gestão muito preocupada com a forma e esquece a advocacia de base, esquece a necessidade dos advogados. Os jovens advogados não têm cursos direcionados a eles, a escola superior da advocacia perdeu muito a proximidade com o advogado e os cursos preparatórios de especialização para os advogados. Vemos um distanciamento muito grande da OAB São Paulo, da base, do interior e vamos reaproximar através do fortalecimento do colégio de presidentes, ou seja, há vários colégios de presidentes no estado, que é a união de vários presidentes de OAB e queremos dar força institucional aos colégios de presidentes para que seja a representação daquela região perante a OAB, ou seja, uma gestão próxima de todos.
Para finalizar, deixe uma mensagem para os advogados de Fernandópolis.
Gostaria de deixar uma mensagem de esperança para advocacia. Estamos em um momento difícil e a advocacia precisa se unir. Nós precisamos de uma mudança radical na gestão da OAB de São Paulo. São 12 anos que precisamos mudar, renovar, trazer a advocacia para dentro da Ordem e transformar a Ordem em benefícios para a sociedade e para a advocacia.
