Excelência para manter a hegemonia

20 de Agosto de 2025

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Excelência para manter a hegemonia

Os bons resultados por parte dos alunos do Colégio Coopere em Fernandópolis já se tornou rotina, logo, deixou de ser surpresa o anúncio de alguma boa conquista no que tange às avaliações de desempenho de alunos. Pelo quarto ano consecutivo, o Colégio Coopere ficou com a maior pontuação no Enem – Exame Nacional do Ensino Médio-,  2014, dentre as instituições de ensino da cidade. Foram nove escolas de Fernandópolis que figuraram no ranking e destas, o Coopere ficou em primeiro lugar com a média de 602,61 pontos, ocupando a 1016º colocação geral. Para tentar explicar essa hegemonia, entrevistamos a professora Dra. Leise Rodrigues Carrijo Machado, diretora-presidente da Cooperativa Regional de Ensino de Fernandópolis.
Como foi o momento em que recebeu a notícia de que o Colégio Coopere havia sido a melhor colocada do Enem em Fernandópolis?
Um momento de grande alegria e gratidão pelo esforço e dedicação dos alunos e professores.
Há quantos anos o Colégio Coopere mantém essa escrita e a que atribui esse resultado positivo? 
Acredito que este desempenho positivo decorre do incansável empenho dos professores de todas as áreas do conhecimento, que no decorrer do curso, esforçam-se criando diferentes estratégias de aprendizagem, de estímulo à leitura, de utilização de diferentes meios de comunicação, de aproximação do aluno com o universo da informação produzida na nossa sociedade globalizada e, sobretudo, possibilitam a construção do conhecimento dos alunos. A Coopere tem mantido o resultado por quatro anos consecutivos.
Vê com bons olhos o fator motivação aos alunos mais jovens ou pode atrapalhar em virtude da responsabilidade de manutenção da escrita? Como analisa essa conquista?
A escola é o espaço formal para o desenvolvimento e a reprodução de comportamentos éticos, saudáveis e responsáveis, que é o que desejamos para os nossos filhos. É muito interessante como os alunos das diferentes séries na Coopere criam vínculos de amizades, os quais favorecem que exemplos sejam seguidos. Dessa maneira, a conquista do resultado no Enem para a Coopere, não pode e nem deve se tornar instrumento de pressão para turmas posteriores, mas sim estímulo positivo para que o mesmo resultado seja repetido nos anos seguintes. Quando o desempenho do aluno é positivo em um processo de avaliação, de modo concreto, quem ganha não é a escola, mas sim o próprio aluno, que experimenta o prazer de um resultado alcançado pelo seu esforço e dedicação. Esse sentimento, além de fortalecer a autoestima do aluno, reforça o respeito e consideração que ele deve ter por toda a estrutura que favoreceu o seu resultado. Essa estrutura diz respeito ao estímulo para um estudo sistemático e organizado que a família pode e deve oferecer, à matriz curricular que a Coopere desenvolve no Ensino Infantil e Fundamental I, à utilização do Sistema Etapa no Fundamental II e Ensino Médio, à competência dos docentes e ao ambiente escolar, cujos valores como solidariedade, comprometimento e democracia são estimulados. 
Muito se questiona se o resultado do Exame por escola é um bom fator na hora de escolher o colégio do filho. Concorda com essa afirmação?
Como educadora, acredito que quando precisamos tomar uma decisão tão importante quanto à escolha da escola ideal para os nossos filhos, o desempenho de uma escola no Enem não pode ser o único parâmetro. Mas infelizmente, é sim o resultado do Exame o único parâmetro “objetivo” que temos atualmente no nosso país e, que nos revela, como nossos filhos estão utilizando e aplicando o conhecimento formal produzido e desenvolvido durante as aulas. Nenhum aluno consegue de maneira isolada no seu contexto sociocultural, econômico e informal se apropriar do conhecimento formal exigido na avaliação que o Enem propõe. Assim é imprescindível que a escola promova um cenário de contínuo estímulo, para que o aluno no decorrer dos anos, se aproprie desse conhecimento formal e aplique-o na avaliação. Esse importantíssimo cenário, que acredito se constituir no parâmetro “subjetivo”, tem sido criado na Coopere em um esforço mútuo entre os pais dos alunos, a Direção e Coordenação Pedagógica, os colaboradores, os mantenedores e a APM. Então, eu diria que a escolha da escola ideal deve considerar a nota no Enem e todo o cenário disponibilizado ao aluno pela escola, para o seu desenvolvimento. A possibilidade de aproximação entre pais e estrutura curricular foi o que me estimulou a escolher a Coopere para o meu filho.
Concorda com a atual forma de aplicação da prova e conteúdo elaborado. Se pudesse, o que mudaria?
Essa é uma questão muito difícil! A avaliação deve ser sempre encarada de maneira positiva; ela deve ser a mola propulsora do nosso desenvolvimento como seres humanos. São muitas as críticas ao modelo do Enem. Acredito que não mudaria apenas o tipo de avaliação, mas o conteúdo e toda a estrutura do modelo ensino-aprendizagem porque nossos filhos, atualmente, tem acesso a qualquer informação. Assim, a escola de hoje tem que favorecer ao aluno a aplicação dessa informação. Aqui no Estado de São Paulo, quase que a totalidade das escolas tem ferramentas de acesso à informação. Desse modo, nossos filhos não vão mais à escola porque ali é o único lugar onde o conhecimento está, como era na minha época. Hoje a informação está em todo lugar e o desafio é: como selecioná-la, onde aplicá-la e, sobretudo, como reter uma quantidade tão vasta de informação para utilizá-la em uma determinada situação específica futuramente? Isso se chama competência! É competência de continuar aprendendo por toda a vida, de conseguir se relacionar de modo ético e saudável e, de fazer alguma coisa específica da maneira correta, que é o que queremos para a vida dos nossos filhos. Se o Enem é a única política de avaliação que temos atualmente, temos que nos submeter a ela. Mas acredito que nossos filhos podem e merecem uma escola que desenvolva todas as competências que citei. Quem sabe no futuro tenhamos um processo de avaliação nacional diferente.
Alguns alunos conseguiram notas consideráveis na redação. Quais métodos são trabalhados em sala de aula que contribuíram para as notas elevadas?
O resultado não pode ser analisado de maneira isolada. Ninguém escreve, discorre ou constrói um texto criativo, crítico ou reflexivo da noite para o dia. As dicas que os professores fornecem e o conteúdo programático do currículo não são os únicos responsáveis para qualificar a escrita de um aluno. No Coopere, essa competência é desenvolvida no decorrer dos anos de estudo, nos quais o aluno é apresentado a inúmeras formas de pensamento, de comunicação e lhe é permitido expressar seu próprio pensamento e sentimento, nos diferentes contextos da aprendizagem. Essa é uma construção coletiva dos professores envolvidos com cada ciclo de ensino do aluno, o próprio aluno que é estimulado a assumir corresponsabilidade pelo seu aprendizado e pela família que é sempre presente na Coopere.
Existe cobrança dos pais por bons resultados no Exame?
A Coopere é uma grande estimuladora da participação da família no processo ensino-aprendizagem do aluno. Cada família sabe o que deve, o que pode exigir de seus filhos e quais resultados devem ser estabelecidos como meta. Ser bem sucedido nos diferentes processos de seleção é o que os pais esperam dos filhos que estudam na Coopere. Não acredito que o fazemos de maneira doentia, mas sim tentamos de modo saudável estimular nossos filhos a obterem resultados positivos com naturalidade e como consequência de sua dedicação e responsabilidade.
Como é a procura por vagas no Colégio Coopere? 
É grande. Para alguns anos temos lista de espera. Muitos alunos chegam à Coopere no ensino infantil e saem apenas ao término do terceiro colegial.
A disseminação de aplicativos e expansão das mídias digitais tem atrapalhado muitos alunos no mundo todo. Como o Colégio Coopere tem lidado com esta situação a ponto de não deixar a tecnologia influenciar nos bons resultados da escola?
Já é sabido que o ambiente virtual pode causar dependência como a dependência química ou uso abusivo do álcool. Além disso, a comunicação virtual desestimula a comunicação verbal, bem como capacidade de reagir de modo respeitoso e equilibrado aos ruídos que existem em qualquer relacionamento interpessoal. Isso significa que nos tornamos incompetentes para nos relacionarmos nas diferentes dimensões da vida cotidiana. Desestimular o uso abusivo e descontextualizado do ambiente virtual tem sido movimento constante na Coopere. Como comentei anteriormente, em várias situações pedagógicas os professores estimulam os alunos a utilizarem o ambiente virtual como ferramenta de construção do conhecimento, como elaboração de blog, composição de musicas com textos clássicos por meio de aplicativos e outros. Contudo, o ambiente da sala de aula é preservado para que a comunicação verbal e não verbal aconteça de maneira efetiva. Por exemplo, o uso de celulares na sala de aula é proibido. 
Nos vestibulares, a Coopere também tem se destacado. Há algum tipo de preparação especial ou os métodos de ensino do colégio já os capacita?
O nosso currículo, no Ensino Fundamental II e Ensino Médio é desenvolvido por meio do Sistema Etapa. Este já prepara o aluno para processos seletivos de todas as áreas do conhecimento, porque desenvolve conteúdos específicos que são solicitados nos vestibulares. Não temos um preparo especial para o vestibular porque acreditamos na aprendizagem contínua, para a vida toda. O aluno é preparado ao longo dos anos fazendo avaliações semanais, de conteúdos específicos e gerais de pequena, média e grande complexidade como parte do seu processo de aprendizagem e, não apenas como ferramenta de verificação pontual do seu desempenho em determinado momento. Se o aluno faz avaliações constantemente, ele se apropria do modo de construção das questões dos vestibulares, aprende a controlar o estresse e ansiedade durante a prova, aprende a administrar o tempo da prova, cria o hábito de verificação e confirmação de respostas corretas, incorretas ou absurdas, ou seja, ele desenvolve competência para o vestibular. Não se desenvolve a habilidade de realizar provas como a do vestibular da noite para o dia. Isso precisa ser construído no aluno e é o que a Coopere faz. Dessa maneira, acreditamos que o resultado obtido pelo aluno seja o mais próximo daquilo que ele realmente captou e reteve do assunto desenvolvido. É muito diferente quando o aluno só faz provas bimestrais, porque nesse caso o resultado foi manipulado. Ou seja, se o aluno dedica um tempo de estudo a mais e se prepara a prova, o que se espera é que ele vá bem e tire uma boa nota. Esse resultado nada mais é que uma manipulação da situação! Mas como é fazer avaliações constantes, quando o aluno nem sempre tem muito tempo disponível para se preparar para uma prova específica? O resultado dependerá do quanto ele presta atenção na sala de aula e se envolve com a atividade proposta pelo professor; do quanto ele se dedica estudando em casa todos os dias; do quanto um grupo de alunos constrói um conteúdo coletivamente e este é usado e aplicado isoladamente durante as provas. 
Aliás, qual é a média de aprovação do colégio em vestibulares? 
100% de aprovação e mais de 90% em Instituições Públicas.