Corrupção, caos econômico, guerras, preconceito. Tudo isso é fruto de um longo período de escassez de novas lideranças, pessoas que realmente pensem no bem coletivo e tenham capacidade de agir nas mais diversas situações. E foi de olho nessa realidade, que o colégio Anglo de Fernandópolis decidiu implantar o programa “O líder em mim” em sua grade curricular, justamente com o intuito de formar novas lideranças capazes de mudar o futuro do mundo. Fundamentado em teorias do desenvolvimento humano e com profundo impacto em toda escola, “O Líder em Mim” é um eficaz processo de mudança comportamental para alunos e educadores. Trata-se de um programa com conteúdo, metodologia, material didático e treinamento para o aprendizado de liderança, valores e competências fundamentais para o sucesso na escola e na vida. O programa já atingiu 1.700 escolas em 36 países espalhados pelo mundo e os resultados foram surpreendentes. Em Fernandópolis, uma das responsáveis pelo programa será a diretora do colégio Anglo, Maria Aparecida Godoi Silva, mais conhecida como Cidinha. É ela quem nos explica o funcionamento do “O líder em mim”.
Basicamente, do que se trata este novo programa “O Líder em Mim”?
É um programa que o Anglo adotou em 2013. Ele teve seu início nos Estados Unidos e agora, em 2015, o trouxemos para Fernandópolis, em nossa escola, e está sendo aplicado do primeiro ao quinto ano. “O Líder em Mim” está fundamentado em teorias do desenvolvimento humano e com profundo impacto em toda a escola. Trata-se de um eficaz processo de transformação comportamental para os alunos e educadores, que já foi aplicado em diversos colégios do mundo todo e trouxe excelentes resultados. Assim que trouxemos o programa para escola, percebemos que ele causou um novo paradigma de vivência. Ele oferece um conteúdo para aprendizado de valores de liderança, de competências fundamentais para toda a escola e para a vida da criança. O programa é tão bom, que já foi implantado em mais de 1.700 escolas espalhadas por 36 países, então não se trata de uma experiência doméstica que estamos passando aos nossos alunos, mas sim um trabalho que está há muitos anos no mercado da educação e que o Anglo foi buscar em virtude dos resultados alcançados nestas mais de 1.700 unidades escolares.
Exatamente isso que gostaria de lhe perguntar. Por que decidiram trazer este programa para o colégio de Fernandópolis?
Primeiro porque quando o Anglo adotou este programa, a intenção já era justamente levar para todas as unidades escolares, mas a forma como o Anglo lida em passar os programas para suas escolas é com liberdade de escolha. Então, cada mantenedor, antes de implantar em sua escola, tem a oportunidade de conhecer o programa, as escolas que já desenvolvem, os resultados, o trabalho, os benefícios, etc. Após tomar conhecimento de tudo isso, a escola tem a opção de implantar ou não o programa e diante do resultado, nós decidimos trazer este programa para o nosso colégio.
Qual faixa etária é trabalhada?
O programa deve ser aplicado do infantil ao ensino médio. Porém, nós aplicamos nossa primeira experiência do primeiro ao quinto ano, para conhecermos o trabalho e no final do ano avaliarmos o resul tado para darmos continuidade nos demais anos de ensino. É um programa que está sendo aplicado e desenvolvido gradativamente de acordo com o nível de ensino de cada ano.
Já apresentou bons resultados?
Muito. Nossos alunos já estão refletindo mudanças comportamentais, justamente porque este programa visa mudanças comportamentais. Muda-se os paradigmas da educação, dos conceitos que nos trazemos na educação, primeiro do corpo docente, que vai passar para o aluno e o aluno, consequentemente, leva para família. A família tem que ter todo esse preparo, todo esse conhecimento de causa, porque senão ele não vai entender e muito menos interagir com a escola. O primeiro passo foi dado em janeiro: treinamento dos professores; segundo passo, desenvolvimento em sala de aula; apresentação do programa às famílias. A partir de agora, nós iremos trabalhar com os pais, pois essa criança, toda vez que trabalhada em sala de aula, leva esses conceitos para a família e a família tem que começar a entender o que nós estamos fazendo com os filhos. É fantástico o resultado desse trabalho. A postura comportamental de nossos alunos, visivelmente foi modificada.
Qual é a expectativa do colégio?
Esperamos que até o final do ano consigamos diminuir a indisciplina dentro de sala de aula, acabar com o bulling, que hoje é um problema mundial, elevar o senso de autonomia de nossos alunos, criar independência, pois o programa trabalha a liderança dentro de cada um. Acredito que a teoria que culminou nesse programa surgiu em virtude de ao longo dos anos o mundo ter perdido o senso de liderança. Hoje, por exemplo, nós temos poucos líderes no país, nós não temos ídolos que sirvam de modelos para nossas crianças, pois infelizmente nosso país se acabou em uma corrupção e o trabalho para o surgimento de novas lideranças, no meu ponto de vista, deve começar nas escolas e também dentro das famílias. É preciso ensinar os conceitos, o que é um líder, quais são as qualidades de um bom líder, pois hoje isso se misturou, afinal, os bons líderes são aqueles mais corruptos? É uma pergunta que eu faço. Ou são aqueles que levam o trabalho com a maior seriedade possível? Isso no passado se passava de geração para geração. No entanto, o que se passa hoje para essa geração é apenas a corrupção. Portanto, aqui nós iremos trabalhar líderes, líderes com autonomia, com responsabilidade, que tenham um bom relacionamento, que tenham uma autoconfiança elevada, saiba trabalhar em equipe, tenha criatividade e além de tudo isso, principalmente, capacidade de resolver problemas. Nós criamos hoje uma geração de uma dependência tão grande, que alguns deles não conseguem mover um objeto de um lugar para o outro sem pedir para outra pessoa o fazer. Hoje, em situações difíceis, o jovem que não possui uma boa estrutura familiar, acaba entrando no mundo das drogas.
Como isso é trabalhado em sala de aula?
Nós não trabalhamos através da punição, do autoritarismo, mas sim por meio do envolvimento do próprio aluno. Ele mesmo se autodisciplina, aprendendo a se colocar, a respeitar o colega, pois são envolvidos no espirito de liderança. Todos são líderes por meio de suas principais características e por isso se sentem importantes e valorizados. Por meio desse programa eles acabam vivenciando diversas situações e por causa dessa vivência eles se colocam no lugar do outro. Todo esse trabalho é fundamentado e está interligado aos conteúdos de sala de aula, por exemplo, o professor está dando uma aula de história e dentro de sua disciplina ele aplica os métodos do programa. Trabalhamos os sete hábitos através de gráficos, tabelas e atividades que vêm em uma cartilha e isso tem feito muita diferença. Na verdade, esse programa não é algo a mais do que fazemos e sim uma forma diferente de ensinar.
Quais são os sete hábitos trabalhados no programa e por que eles são utilizados?
Hábito 1: Seja Proativo- Eu sou uma pessoa responsável. Eu tomo iniciativa. Eu escolho minhas ações, atitudes e disposição. Eu não culpo os outros pelos meus erros. Eu faço a coisa certa sem que me peçam, e mesmo quando ninguém está olhando; Hábito 2: Comece Com o Objetivo em Mente - Eu faço planos e defino metas. Eu faço coisas que têm significado e fazem diferença. Eu sou um membro importante de minha classe e contribuo para a missão e visão da minha escola. Eu procuro ser um bom cidadão; Hábito 3: Faça Primeiro o Mais Importante - Gasto meu tempo com as coisas mais importantes. Isso significa que eu digo não para coisas que sei que não devo fazer. Eu estabeleço prioridades, defino uma agenda e sigo o meu plano. Sou disciplinado e organizado; Hábito 4: Pense Ganha-Ganha - Eu equilibro a coragem para conseguir o que quero com a consideração pelo que os outros querem. Quando surgem conflitos, procuro soluções em que todos saiam ganhando; Hábito 5: Procure Primeiro Compreender, Depois Ser Compreendido - Ouço as ideias e os sentimentos das outras pessoas. Tento ver as coisas sob o ponto de vista delas (paradigma). Escuto os outros sem interromper. Ouço com os meus ouvidos, os meus olhos e o meu coração. Tenho confiança em manifestar minhas opiniões; Hábito 6: Crie Sinergia - Valorizo os pontos fortes dos outros e aprendo com eles. Dou-me bem com os outros, mesmo com aqueles que são diferentes de mim. Trabalho bem em grupo. Procuro a opinião dos outros para resolver problemas porque sei que, juntos, podemos criar soluções melhores do que qualquer um de nós sozinho. Busco “Terceiras Alternativas”; Hábito 7: Afine o Instrumento - Eu como corretamente, faço exercício e durmo bem (corpo). Aprendo de diversas maneiras e em diversos lugares, não apenas na escola (cérebro). Passo tempo com a família e amigos (coração). Gasto tempo para encontrar formas significativas de ajudar os outros (alma). Procuro equilibrar as quatro partes que me constituem.
