Harmonia e amor: a receita para administrar a Unati

20 de Agosto de 2025

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Harmonia e amor: a receita para administrar a Unati

Um desafio para ser encarado com muita sabedoria, harmonia, e acima de tudo amor. Segundo o novo presidente da Unati – Universidade Aberta à Terceira Idade-, estes são os ingredientes necessários para administrar a entidade. Neste mês, Graciano José Ribeiro assumiu a presidência da Unati no lugar da professora aposentada Maria José Pessuto, que ficara no cargo por 8 anos. A mudança foi motivada em virtude do novo marco regulatório das entidades – que entra em vigor no dia 27 de julho – que, dentre as exigências, prevê que o presidente não tenha nenhum tipo de vínculo familiar político. No caso, Maria José é mãe do presidente da Câmara Municipal André Pessuto. Assumindo em meio a iminência do vigor da nova Lei ( nº 13.019), que ameaça a existência de muitas entidades filantrópicas, Graciano vê a vinda da legislação com bons olhos e acredita no poder do diálogo para interpretar da melhor forma possível e se adequar a ela, evitando que a Unati feche as portas em Fernandópolis. Casado com Maria Isabel Lacerda Ribeiro e pai de Diego, Douglas (in memorian) e Daieny, o administrador de hotéis formado pela Ciatel (convênio com a Universidade Cornell), Graciano José Ribeiro também preside o Conselho Municipal do Idoso em Fernandópolis. Ele já atuou no Conselho da Merenda Escolar, Conselho Municipal da Saúde, Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) e nesta semana foi eleito delegado da saúde na conferência da saúde em São José do Rio Preto.

Na iminência do vigor do marco regulatório das entidades, o senhor se tornou presidente da Unati. Estava preparado para assumir esta entidade em Fernandópolis? Como encara esse desafio?

Em meio ao marco regulatório fui indicado e assumi após eleição. Encaro com muito amor, carinho, mas o trabalho é árduo.

Como o senhor classifica a importância da Unati para Fernandópolis, levando em conta depoimentos de idosos que postulam-na como responsável da melhoria em suas vidas?

A classificação da Unati para Fernandópolis e adjacências é de suma importância com o acolhimento das pessoas com a melhor idade e campo de estágio para as universidades. O sorriso de cada pessoa que frequenta nossa entidade não tem preço.

Atualmente a Unati sobrevive de que maneira?

Com convênios municipal (R$ 1000), estadual (R$ 2.444,30) e demais eventos e donativos, que no mês de maio foi arrecadado R$ 1.269,60.

Quantas pessoas são diretamente beneficiados com este trabalho?

Atualmente são 363 unatianos.

Quais os cursos oferecidos pela Unati e qual o procedimento para aqueles que desejam integrar alguma atividade?

Ginástica, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, musicoterapia, aulas de Inglês, Italiano e espanhol, oficina de teatro e contadores de histórias, oficina de costura, aulas de artesanato, informática, Liang-gong, macramê, dança circular, pintura em tecido, coral, flauta, violão e seresta, SCFV, bordado da vovó e mente malhada. Basta nos procurar na entidade.

O senhor não esperava que a Unati entraria em sua vida da forma como foi. Relate sua ligação de “amor pela dor” com a Universidade e com Fernandópolis.

Eu não esperava e nem imaginava, pois quando assumi nós (eu e a esposa) perdemos o nosso filho. O baque foi grande. Um dia estava triste mas com muita fé em Deus, saí pelas ruas de Fernandópolis e vim na Igreja da Aparecida, aí me deparei com a Unati e com frase que dizia: “a vida é uma peça de teatro, por isso, antes que a cortina se feche viva-a intensamente”.

Quais as principais dificuldades da Unati atualmente e quais as chances dela vir a fechar as portas em detrimento da nova lei que regulamenta o funcionamento do 3º setor?

A entidade está passando por muitas dificuldades, mas temos muito apoio do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), do Executivo, Legislativo e Judiciário, por isso estamos dialogando com todos para  acharmos um caminho e a Unati, se Deus quiser e os unatianos quiserem, não irá fechar.

Quais foram as exigências feitas, especificamente à diretoria da Unati? Sabendo das dificuldades financeiras e do trabalho totalmente filantrópico, o que poderá ser feito para atender tais exigências, à primeira vista utópicas?

O marco regulatório das entidades traz consigo algumas exigências para as entidades, por exemplo: uma equipe mínima de trabalho (um assistente social, um coordenador e uma secretária), todos remunerados na sua categoria profissional. Até o presente momento temos todos esses profissionais de forma voluntária e o trabalho é desenvolvido com pontualidade e seriedade. A remuneração destes profissionais sobrecarrega a Unati, que já luta fazendo eventos para manter as contrapartidas. Para atender essas exigências, reunimos os voluntários e usuários e colocamos a situação para que juntos possamos resolver da melhor forma possível.

Em suma, o senhor é a favor da nova legislação?

Sim, pois vai nortear todas as entidades do território nacional com uma mesma disciplina, as que tiverem condições se manterão abertas, vão continuar e outras vão fechar. Assim manteremos o CMAS bem informado, a margem de erros será menor, enfim, esta lei está chegando carinhosamente para que as entidades de todos o país falem o mesmo idioma. A lei deve ser interpretada e cumprida seguindo as diretrizes dos conselhos. 

Quais os reais benefícios a Unati teria caso conseguisse o selo de Utilidade Pública Estadual, além da imunidade tributária?

Temos o selo de utilidade pública municipal e conseguir o selo de utilidade pública estadual trará benefícios como isenção fiscal, IPVA e abrirá portas para novas verbas advindas de emendas parlamentares.

Quais os meios viáveis de se conseguir o selo?

Há toda uma documentação pedida para o processo que tramitará na Assembleia Legislativa do Estado através da deputada Analice Fernandes.

O senhor é chefe de cozinha e administrador de hotéis. Qual a melhor forma de utilizar este aprendizado frente uma entidade assistencial?

Administrando carinhosamente os conflitos. Não tem muita coisa para administrar em uma entidade como a Unati. É preciso resolver conflitos emocionais. Na Unati é importante ter uma amabilidade, um jeito de diferente de lidar com as pessoas, deixar o singular e falar mais no plural. Quando falamos em Unati, não se resume ao presidente e sim em 363 pessoas, que têm filhos, netos, bisnetos, esposas, maridos...

O senhor também preside o Conselho Municipal do Idoso. Como é realizado este trabalho em Fernandópolis?

Há alguns dias fizemos uma conferência municipal e tivemos quase 200 pessoas presentes. Isos foi importante. Nosso trabalho é fiscalizar e acompanhar os idosos, orientando as famílias. Preferimos o idoso em sua casa com seus familiares do que em uma casa de repouso. Vivemos para cuidar deles junto aos seus lares. Fazemos vigilância através de denúncias, realizando o passo a passo de forma carinhosa junto aos CRAS que fazem convivência e fortalecimento de vínculos deste público que é bem debilitado. Não viemos para recriminar e sim para ajudar harmoniosamente usando de nossa experiência de vivência da Uanti onde estou há 8 anos. Até brinco que já bacharelei na Unati, e as coisas tem dado certo graças a Deus. Temos em Fernandópolis cerca de 9,7 mil idosos, quase 16%. É uma população e tem aumentado e, por isso, devem ser feitas algumas cosias como o projeto do Centro Dia do Idoso, por exemplo, mas tudo que fazemos atualmente é com cautela, pois a crise está demais.

Quais as principais ações presentes no calendário de eventos da Unati que ajudam a manter a entidade de pé?

São várias ações que são de extrema importância para manter a Unati, mas posso citar o Chá com bingo que é realizado no Dia da Mulher (8 de março), a Bacalhoada, também no mês de março, a feijoada que ocorre em junho, o Dia da Pizza que é em agosto, o Bazar no Shopping que faremos em outubro, o Brechó Chique que teve um ótimo resultado este ano e o nosso Forrobodó que será no dia 8 de novembro. Fora isso nós realizamos palestras, participamos de capacitações, disputamos os Jogos Regionais do Idoso, realizamos nosso sarau e demais festas e eventos como, por exemplo, a missa em italiano que já se tornou um diferencial.

Levando em conta as cidades pelas quais passou pela sua profissão, considera Fernandópolis uma cidade solidária?

Demais da conta, aqui existe um povo muito humano. Cheguei aqui em um conflito, perdi meu filho e encontrei um carinho muito grande. Pessoas que eu nem conhecia e que nem sabiam de onde eu vinha me estenderam a mão. Algumas vieram em minha casa e me acolheram. Pesoas simples, humildes e muito solidárias. Adoro o povo daqui e, por isso, tudo que eu faço é de coração.