Na manhã de ontem, 12, a família do garoto João Pedro, que se tornou um símbolo da luta pela vida em Fernandópolis, vítima de uma leucemia, lançou oficialmente o Projeto “Seja um Herói, Salve Vidas”, com aporte do portal eletrônico www.sejaumheroi.com.br, a fim de manter viva as campanhas por doadores de sangue e de medula óssea em toda a região. “A minha intenção é aliviar de outras famílias a dor que eu sinto hoje. Sei que cada um pode ajudar, basta querer. Leva apenas 40 minutos para doarmos sangue e podemos doar quatro vezes no ano, portanto são 160 minutos que doamos do nosso tempo em um ano para salvar a vida de alguém”, destacou Cláudio Azevedo, pai de João Pedro, bastante emocionado.
As campanhas por doadores de medula, iniciada em 2013, fortaleceram os hemonúcleos de toda a região e aumentou em 40% o número de inscritos no REDOME – Registro nacional de Doadores de Medula Óssea-, em Fernandópolis.
“O estado é falho nessa parte. Não vejo quase nenhuma campanha na Tv sobre doação de sangue, e de medula então, nunca vi na mídia. Agora nós viemos para suprir essa carência e contamos com a ajuda de todos. Sempre digo que um herói não é aquele que tem super-poderes e sim aquele que consegue fazer o bem com aquilo que tem”, disse Azevedo.
Com poucas pessoas na cerimônia de lançamento do projeto, realizada no Rotary Club Fernandópolis, a prefeita Ana Bim ressaltou um ponto positivo e parabenizou o idealizador do projeto. “Eu ficaria espantada se tivesse muitas pessoas, mas as que estão aqui são as pessoas certas. Estes jovens da imprensa que estão aqui hoje são fantásticos. Sempre te ajudaram e vão ajudar ainda mais sei que eles reconhecem a importância desse trabalho”, disse a prefeita.
Médica nas áreas de hematologia e hemoterapia Brigida Cristina do Amaral Botelho Prudêncio, responsável pelo Núcleo do Hemocentro de Fernandópolis lembrou de um fator preponderante que reforça ainda mais a importância do trabalho desenvolvido pelo pai de João Pedro. “Ele (Cláudio) não precisa agradecer o apoio do Hemonúcleo, nós que temos de agradecê-lo. Ele não obrigação nenhuma de fazer estas campanhas, nós temos. O Brasil tem uma miscigenação muito grande, aqui temos, preto, branco, índio, e isso dificulta ainda mais a compatibilidade para transplante de medula. Somos o 3º maior REDOME do mundo, mas este fator atrapalha, por isso este trabalho não pode parar nunca”, lembrou a médica, citando o caso do Japão, onde é muito mais fácil encontrar um doador compatível pela uniformidade populacional.
Sem conseguir conter as lágrimas, a mãe de João Pedro, Luciana, que se tornou exemplo de força para muitas mães, foi sucinta em seu comentário. “Não sei se teria a mesma força que o Cláudio tem para continuar correndo atrás de tudo isso. O João infelizmente não conseguiu esperar, mas talvez esta tenha sido a missão dele, deixar a lição de que cada um pode ajudar o próximo. Ainda não encontrei ninguém compatível a mim para ajudar, mas um dia quero poder contribuir coma vida de alguém”, disse aos prantos.