Como diz o velho ditado, “depois da tempestade vem a bonança”. Eis que após um ano de incertezas na Unimed de Fernandópolis, a casa finalmente parece ter sido colocada em ordem. Os planos da cooperativa médica já estão sendo vendidos desde março, quando saiu a resolução da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar – e com isso a instituição recuperou o folego que lhe fora tomado em virtude de um rombo de mais de R$ 6 milhões deixado pela diretoria anterior. Com um aporte financeiro de todos os cooperados, as contas foram equacionadas e a confiança dos usuários garantida. Essa renovação só foi possível graças ao esforço da nova diretoria, presidida pelo médico Paulo Estevão - o entrevistado da coluna - e pela efetiva participação dos cooperados nas decisões da empresa.
Recentemente, Fernandópolis recebeu a boa notícia de que os planos de saúde da Unimed poderiam ser novamente comercializados. O que isso significa para a cooperativa médica e para a cidade?
Para cooperativa significa sobrevivência. Agora, com a possibilidade de se admitir novos usuários, estaremos oxigenando a empresa, afinal, toda a empresa vive da venda de produtos, nós vendemos saúde. A venda de novos planos aumenta a receita e repercute na vida financeira da entidade e com isso conseguimos voltar a crescer e prestar melhores serviços. Para a cidade significa que a empresa, que é responsável por milhares de vidas e dezenas de empregos, vai continuar funcionando.
Atualmente, a Unimed Fernandópolis conta com quantos usuários?
São aproximadamente nove mil em contrato direto com a Unimed e outros seis mil indiretos. Ou seja, a Unimed Fernandópolis conta com aproximadamente 15 mil usuários.
Depois da turbulência que a Unimed fernandopolense passou, o que mudou em relação aos serviços da cooperativa?
No sentido de prestação de serviços de assistência médica, não mudou nada. Nunca houve interrupção na prestação dos serviços de saúde. Já do ponto de vista da cooperativa em si, isso mudou muito. Mudamos a administração, a gestão. Hoje temos uma gestão muito mais profissional, muito mais voltada para empresa e para a finalidade da empresa. A única coisa que mudou, realmente, foi a maneira de administrar a cooperativa, com a participação dos cooperados, e a gestão profissional de um administrador especializado. Com isso a Unimed deixou de ter uma administração amadora.
Atualmente há quantos médicos cooperados?
São 107 médicos cooperados, ou seja, sócios da empresa e mais cerca de 40 médicos credenciados, que prestam serviço a Unimed em várias especialidades.
Quando que os cooperados perceberam que seria imprescindível uma administração voltada para o setor empresarial. Ou seja, quando os senhores perceberam que precisavam contratar um administrador?
Assim que houve a mudança na direção, em janeiro de 2014. Os meses de novembro e dezembro de 2013 foram um período de transição, onde tomamos pé da situação administrativa. Em janeiro do ano seguinte assumimos e em março a nova diretoria se efetivou. Um ano depois a mesma diretoria foi reeleita. Mas a gente percebeu que havia necessidade de mudança de rumo, de restruturação em janeiro de 2014, quando tomamos ciência dos problemas aqui e da complexidade de como que teria que ser feita a administração.
Foi difícil esse período transitório? Afinal, os senhores tiveram que encarar a realidade de que médico é médico e administração é para administradores!
No começo foi muito difícil, até porque, antes nós tínhamos certa dificuldade em participar da administração e quando tivemos que assumir, percebemos que a situação era muito complexa, bem além do que imaginávamos e que haviam inúmeros problemas em todos os aspectos. Diante disso chegamos à conclusão de que se não profissionalizássemos a administração, a Unimed não sobreviveria, tanto é que depois de todo esse tempo, temos problemas até hoje. A única saída que nos restou, foi encarar a realidade e nos mover.
Quais foram os principais desafios para colocar a Unimed de volta nos trilhos?
Basicamente foi a gente entender quais eram os problemas que estavam destruindo nossa Unimed. Nós tivemos que primeiro identificar onde que estavam os problemas para resolvê-los gradativamente.
As dívidas foram equacionadas?
Sim. Nós tivemos que assumir uma grande dívida no ano de 2013, ela já foi equacionada e está sendo paga por todos os cooperados. Depois tivemos que fazer um aporte, para poder justificar para a ANS que poderíamos continuar como operadora e é por isso que estamos voltando a vender os nossos planos e é por isso que a gente deve ter, de novo, o nosso registro de funcionamento. A situação econômica e financeira de nossa Unimed hoje é equilibrada.
Dá para dizer que a maré ruim da Unimed já passou?
90%. Não dá para falar que nós resolvemos todos os problemas, pois ainda existem alguns problemas e contratos para solucionarmos.
Primeiro como cooperado e depois como presidente da Unimed, como foi sua reação ao ver a publicação que saiu no Diário Oficial da União, autorizando a cooperativa a reiniciar a venda de seus planos?
O primeiro sentimento, de cooperado, foi de alivio. Como presidente, foi a sensação de dever cumprido. Desde quando assumi, ao lado dos outros administradores, nós estávamos tentando resolver essa situação junto à ANS e se não tivéssemos resolvido, teríamos que fechar as portas. Para isso, nós contamos com uma grande ajuda de nosso deputado federal, Fausto Pinato, que acompanhou a gente no final de nossas tratativas com a Agência Nacional e ajudou e muito no desenrolar dessa situação. Sem a ajuda dele teria sido difícil.
Os senhores chegaram a pensar que não reaveriam sua carteira de clientes? Afinal, nós acompanhamos a primeira entrevista coletiva da nova diretoria, que estava naquele ato repassando a carteira de cliente para a Federação das Unimeds e percebeu-se certo desânimo à época.
Nossa impressão, à época, era de que nós iriamos perder nossa carteira, que deixaríamos de ser operadora. Quando não pudemos fazer a transação com a Unimed de Birigui, decidimos que ou voltaríamos a ser donos da empresa, operadores ou iriamos liquidar. Foi a partir desse momento que nós começamos a tratar diretamente na agência, como Unimed Fernandópolis. No fim, com a ajuda do deputado, nós conseguimos manter a carteira. Porém, no início, a impressão que tínhamos era de que não ia ter jeito, que a coisa havia chegado num ponto que não tinha mais volta. Foi muita luta, muito dinheiro, uma batalha, até chegarmos onde estamos hoje.
Como é a atual relação da Unimed com a Santa Casa, tendo em vista que no passado ela estava estremecida?
Nossa relação hoje é boa. Estamos em uma tratativa para renovar nosso contrato em bases muito mais transparentes, muito mais iguais. O que nós queríamos era realmente estabelecer uma parceria e se continuar caminhando da forma que está, vamos reestabelecer essa parceria que sempre tivemos, até um certo tempo atrás. A relação é boa e a tendência é melhorar. A Santa Casa e a Unimed não podem caminhar separadamente.
Agora são duas perguntas em uma: no passado foi gasto muito dinheiro na implantação de um Pronto Socorro na Unimed ou foi um erro esse investimento? Há possibilidade de reativação desse Pronto Socorro?
Na época, muitos não achavam que era um erro, até por conta do estremecimento da relação com a Santa Casa, como você disse na questão anterior. Diante desse problema com a Santa Casa, chegou-se num ponto onde a maioria dos cooperados acreditava que a implantação do Pronto Socorro seria a melhor alternativa. O Pronto Socorro aqui (Unimed) demanda toda uma estrutura que nós não temos condições de manter agora. Portanto, o mais interessante para todas as partes, ou seja, Unimed, Santa Casa e paciente, é a parceria que temos com Santa Casa.
Qual é a diferença do atendimento feito pelo SUS e pela Unimed?
O usuário da Unimed tem atendimento especializado e de qualidade no Brasil inteiro. Agora em relação ao SUS, sem querer fazer crítica, fica difícil até não perceber a diferença. Para se conseguir uma consulta é demorado, um exame nem se fala. Não deveria ser assim, mas infelizmente, todos nós precisamos de um plano de saúde.
Quais benefícios os conveniados Unimed possuem ao assinarem um plano?
Ele vai ter a certeza de ser bem atendido em caso de necessidade, consultas, exames, internações, aqui e em todo Brasil. O usuário tem ainda a sua disposição toda uma estrutura de saúde, como psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, ou seja, o indivíduo tem uma cobertura ampla de saúde para ele e sua família e não somente no tratamento, mas também na prevenção de doenças.
Vimos uma grande renovação na Unimed, depois que a nova diretoria assumiu. O que a população fernandopolense, mas especificamente estes 15 mil usuários podem esperar de nossa Unimed daqui para frente?
O que pode esperar é que nós estamos aqui para fazer a empresa funcionar e que os usuários terão o atendimento que merecem. A finalidade da Unimed Fernandópolis é prestar assistência médica-hospital de qualidade e o compromisso que nós assumimos é continuar trabalhando para que a cada dia possamos atender ainda melhor.