Os olhinhos já cansados de dona Beatriz viram muita coisa ao longo de seus quase 102 anos de vida – ela faz aniversário mês que vem –, inclusive o “nascimento” de Fernandópolis e o seu desenvolvimento.
Ela chegou nessas terras no final de 1944 e viu o então distrito de Tanabi, advindo da junção de Vila Pereira e Brasilândia, ser elevado à município em 1° de janeiro de 1945. No mesmo ano, viu Gumercindo Ferraz Frota ser nomeado o 1° prefeito da cidade e três anos depois a posse do primeiro prefeito eleito de Fernandópolis, o saudoso Líbero de Almeida Silvares.
Mas, o mais importante que tudo isso, é que aqui, ela viveu feliz ao lado de seu marido, Augusto Davi e viu seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos crescerem com saúde.
“A única coisa que peço a Deus é para que dê saúde a toda minha família. Essa cidade me trouxe muita alegria, principalmente as amizades, além de ver a minha família feliz e com saúde”, disse dona Beatriz, que sem exageros, não aparenta ter mais do que 70 anos.
Hoje, Beatriz mora com a neta Angela, mas quem pensa que a senhorinha precisa dos cuidados dela está muito enganado, aliás, está mais para o contrário.
“Minha avó é muito inteligente e lúcida, as vezes ela ainda me dá uns puxões de orelha como a grande mãezona que ela é. Semana passada, por exemplo, fiquei conversando com uma amiga e acabei me atrasando para preparar o jantar para o meu marido. Quando cheguei, ela estava me esperando na porta para me chamar atenção”, contou Angela Carmem Fernandes.
ROTINA
Dona Beatriz acorda cedo, logo por volta das 7h, arruma sua cama, toma café, dá aquela ajeitadinha na cozinha, uma volta no quintal e se deita novamente. Um pouco mais tarde se levanta e vai preparar o almoço, para que a neta chegue do trabalho e encontre comida quentinha à mesa, depois ajuda a arrumar a cozinha e volta a descansar, afinal, não é de ferro e as costas já doem.
“Minha mãe não tem a força e a saúde que minha avó tem e é bem mais nova. A vovó gosta de dar uma volta na cidade, entra no carro sozinha, sai sozinha e nunca reclama de nada”, contou Ericléia Davi dos Santos, a outra neta.
Já Ednéia retratou a vez em que dona Beatriz e sua prima Angela foram para a cidade de Trindade, em Goiás. A idosa queria conhecer a basílica do Divino Pai Eterno e encarou a viagem de quase oito horas e mais de 580 quilômetros, de ônibus. “Quando elas chegaram lá, parecia que minha prima é que tinha 102 anos e não ela. Ninguém entende de onde ela tira tanta saúde”, contou.
Hoje, 22 de maio, a senhora Beatriz Lopes comemora mais um aniversário de Fernandópolis e com a força que está, deverá ainda comemorar muitos outros.