Apostando na cidade

20 de Agosto de 2025

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Apostando na cidade

Luciana Toledo Gomes da Silva Mariano Ferreira é a verdadeira mulher multifunções. A advogada, formada em direito pela Faculdade Toledo de Araçatuba em 1990, que possui escritório particular e é contratada da ACIF e Sincomércio como assessora  jurídica, é empreendedora e participante ativa da igreja que frequenta, a Adventista do Sétimo Dia. Tudo isso, quando sobra tempo, afinal, sua prioridade é a família, formada pelo marido Samuel e os filhos Tiago, Tales e Renan. Movida pelo desafio, Luciana deu, na última semana, mais uma prova de seu instinto desafiador: apensar da crise, levou sua loja de moda casa, a Estylo Lugrá, para o centro da cidade, provando que não se pode parar nem mesmo quando a “maré está baixa”.

Primeiramente, como consegue conciliar as multifunções que acumula com seu escritório, a parte jurídica da ACIF e Sincomércio, a loja com sua irmã, além de ser mãe e esposa?

Eu diria que são duas as palavras chaves para conseguir cumprir todas as áreas: organização do tempo e disciplina. Aprendi a dividir o tempo e atender cada coisa em sua hora e em cada dia, e me disciplinar a não deixar nada desatendido. É claro que conto também com o auxílio de colaboradores nas entidades, no escritório, e na loja, e em casa, de meu marido e filhos, que são grandes parceiros.

Recentemente a sua loja Estylo Lugrá mudou de endereço e está no centro da cidade. Você considera isso uma ousadia diante do momento econômico e financeiro que estamos vivendo?

Me disseram isso, porém não me fez recuar, porque como postei em meu ‘face’ no dia da inauguração, eu acredito em Deus em primeiro lugar, no trabalho, na família, nos amigos e em Fernandópolis. Sou consciente da dificuldade, da realidade, mas creio no sonho e na persistência, trazendo o nosso trabalho da Estylo Lugrá como uma opção a mais para a cidade, com produtos personalizados, de qualidade e com bom preço.

Seu conhecimento jurídico amparou sua decisão?

Creio que são coisas bem diferentes, mas adquiri nestes anos na advocacia a experiência ‘do que não fazer no comércio’, diria assim, e estou buscando exercer isso.

É sabido que você desempenha papel importante na área jurídica da ACIF e do Sincomércio e tem acompanhado de perto a situação atual dos comerciantes locais. A crise chegou a Fernandópolis?

Acredito sim que há uma falta de dinheiro em todos os lugares, por conta de inúmeros problemas que vive o nosso país e o mundo em geral, porém, o que vejo de dentro da ACIF e do Sincomércio é que as empresas que vem se destacando e superando as dificuldades do momento são as que não se deixam abater pelas dificuldades e que inovam sempre. Parar em tempo de crise é começar a morrer.

Qual é o relacionamento entre patrão e empregados no comércio de Fernandópolis?

Eu acompanho de perto este relacionamento tem quase 25 anos, e vejo que mudou muito, e para melhor, porque antes patrões e empregados no comércio de Fernandópolis se viam como inimigos e lutavam um contra o outro, mas hoje, apesar de cada um continuar buscar preservar os seus direitos individuais, entenderam que tem um ponto comum: fazer o negócio dar certo! Por isso, hoje não temos dificuldades de abrir as lojas em horários estendidos, onde o funcionário ganha e a empresa abre e ganha também, com acordos assinados pelo Sincomércio e o Sincomerciários, havendo também este entendimento entre os seus presidentes e os jurídicos das entidades.

Você presta atendimento para os empresários e comerciantes? Como funciona o seu trabalho?

Na ACIF fico no período da manhã, de segunda a sexta, onde atendo as empresas associadas que precisam de orientações jurídicas. Meu papel é consultivo apenas. A entidade estatutariamente fornece a possibilidade de prevenção por meio de consultas jurídicas às empresas e ainda assessoro o SCPC, uma ótima ferramenta de proteção nas vendas. No Sincomércio participo dos acordos de aberturas de horários e da convenção coletiva anual, representando as empresas – parte patronal. Em suma, defendo o direito de um modo geral das empresas. 

Além disso tudo você ainda cria as peças de sua loja. É uma terapia?

Ah, sim, faço tudo com muito prazer. Eu costumo dizer que nasci com o dom de combinar cores, estampas e resolvi usar isso num negócio, o que faço à noite e aos domingos. Tenho ajuda da minha irmã Graziela e da minha amiga e costureira chefe, que já entendeu e segue nossa linha.

Já tentou empreender em outras áreas? De onde vem esse espírito empreendedor e ousado?

Não, este é meu primeiro negócio comercial. Mas sempre foi meu sonho criar um negócio desde o começo, formá-lo, vê-lo crescer e se desenvolver, mas que tivesse a ver comigo e como eu sou.

De onde partiu a ideia de montar uma loja especializada em moda casa?

Primeiramente eu sempre criei minhas peças de cozinha, banheiro, e levava para serem costuradas, porque na verdade não costuro, só monto as combinações, os designers, e tinha elogios, bem como, me perguntavam onde havia comprado. Ainda, porque sou apaixonada por moda casa e decoração.

Assim, pesquisando na cidade, percebi que não havia uma loja que agregasse tudo, qualidade, peças personalizadas, e preço acessível, e comecei devagar, fazendo e mostrando para amigas, daí foi aumentando, surgindo encomendas. No ano passado minha irmã Graziela, que é funcionária pública estadual resolveu ser minha sócia e acreditar comigo, e abrimos na minha casa a loja. Neste mês demos mais um passo, levando a loja para o centro e estamos confiantes de nosso trabalho ser bem aceito.

Qual a importância da religião em sua vida? Considera seu afinco, um entusiasmo a mais para o dia a dia?

É, sem medo de errar, a minha base. Sou adventista do sétimo dia desde 1990, e tudo mudou para muito melhor na minha vida. Deus é a minha prioridade e de minha família. Não saímos de casa de manhã sem fazermos um culto familiar e sem pedirmos direção, proteção e benção para cada um. Faz toda a diferença no dia, e assim mantenho a disciplina, força e fé nas coisas, pessoas e na vida.

Qual seu papel no coral da igreja em que frequenta? Sempre cantou? Se inspira em quem?

Hoje sou diretora do Coral Jovem da igreja central adventista e corista cantando na voz soprano. Mas também sou integrante de um grupo feminino, um quinteto de amigas, chamado Grupo Doce Voz. Canto solos e duetos também na igreja. É uma outra grande paixão, porém, canto somente letras que venham a alimentar e dar força as pessoas, faço questão disso, de levar Deus através da música. Não cantava antes, iniciei quando me batizei na igreja, logo me apaixonei pela música adventista.  Tenho uma cantora preferida que se chama Rafaela Pinho, na qual me inspiro. Me dedico inteiramente a parte espiritual da sexta à noite e no sábado inteiro, onde busco força de Deus e saio completamente renovada para as lutas da outra semana.

Qual o segredo para realizar tantas funções?

Deus como prioridade. Amor pelas pessoas da minha vida e por tudo que faço. Não consigo fazer por muito tempo o que não gosto.

Quando criança pensava em ser o que? Imaginava que teria tantas funções?

Quando criança pensava em ser médica dermatologista, mas logo no colegial, vi que não tinha dom para isso. Meu pai, que também era advogado, mas não exercia, me influenciou a gostar de ler e escrever, o que me fez optar pelo Direito, que faço com amor e da melhor maneira que consigo. Hoje advogar é minha profissão, e ser empresária é uma construção inacabada, que apenas iniciei e que buscarei aprender e crescer a cada dia.