O sargento da Polícia Militar Ailton José dos Santos, mais conhecido como cabo Santos, utilizou de seu perfil no Facebook para denunciar uma situação drástica, que se equipara a realidade de grandes capitais brasileiras: o uso indiscriminado de drogas em áreas abandonadas.
No caso em específico, a área abandonada é a sede do antigo Uirapuru Tênis Clube, que, ficou abandonada por vários anos enquanto era do poder público e agora, segue da mesma forma depois de ser passada a iniciativa privada.
O abandono transformou uma área nobre da cidade em refúgio para mendigos, usuários de drogas, traficantes, prostitutas e travestis que utilizam o local como um motel público. A situação já foi denunciada diversas vezes por CIDADÃO e agora ganhou as redes sociais por meio da postagem de Santos que foi feita no sábado, 28.
“Como trabalhei por 25 anos nas ruas de Fernandópolis, como policial militar, muitas pessoas me conhecem e depois que comecei a fazer esse trabalho de postagens dos problemas da cidade em meu Facebook, muitos desses meus amigos me pediram para retratar a situação caótica que se encontra àquele local. Lá encontrei muitos mendigos e usuários de drogas amontoados. Vi ainda muitas embalagens de entorpecentes e camisinhas espalhadas pelo chão. O cheiro era insuportável”, disse.
Na terça-feira, 31, o CIDADÃO convidou o internauta para voltar ao local onde fez o flagrante que ganhou 119 compartilhamentos, 511 curtidas e dezenas de comentários. Ao lado de nossa equipe de reportagem, cabo Santos refez sua trajetória e comemorou o fato de a área estar passando por uma limpeza.
“Pelo menos agora estão cortando o mato, mas apenas isso não resolve. Acho que para acabar com esse problema é necessário demolir toda essa área construída e até os muros. Acredito que não aproveitarão nada daqui mesmo, não sei porque mantém dessa forma”, completou Santos.
HISTÓRICO
O imóvel passou a pertencer ao município em 2008, com o projeto de construção de um Centro de Excelência em esporte, mas o projeto não foi levado à frente pela administração à época e o Tênis Clube ficou abandonado, servindo apenas de criadouro de insetos, ponto de venda e uso de drogas e até de prostituição.
Em 2010, uma pedra fundamental da UPA – Unidade de Pronto Atendimento – também chegou a ser lançada no local pela administração da época, que não saiu do papel.
Em 2012 a área foi posta em leilão pelo então prefeito Luiz Vilar de Siqueira e arrematada por um grupo formado por Sérgio Luis Rola, Adriana Andrade Macedo, Ricardo Alexandre Barbieri Leão e a Ciacor Distribuidora de Tintas, que foi representada por Edvaldo Messias Vilas Boas, por R$ 4, 015 milhões.
A demolição do prédio começou no dia 25 de outubro de 2012, mas ainda restam alguns cômodos, que assim como em 2008, continuam a abrigar usuários de drogas.
OUTRO LADO
O CIDADÃO procurou os novos proprietários da área, mas apenas um foi encontrado para comentar o assunto. De acordo com a empresária Adriana Macedo, proprietária da rede de sapatarias “Dri Calçados”, Supermercado Pejô e de parte do antigo Tênis Clube, várias ações já foram feitas para tentar coibir a entrada e permanência de pessoas no imóvel, mas nada teria adiantado.
“Essas pessoas utilizam o local há muito tempo, por algum tempo conseguimos mantê-las afastadas, fechamos todos os ambientes com tijolos, ou seja lacramos o que estava aberto, e recentemente elas adentraram e romperam todos os lacres realizados no local.
O grupo de empreendedores, está tomando as devidas providencias para resolver a situação. Quanto aos recipientes abertos, já foram tomadas as providências para esvaziamento das mesmas”, disse a empresária.
Dri, como é conhecida, completou informando que “a área é limpa constantemente, mas felizmente tivemos um longo período de chuvas, que impediu que essa limpeza fosse feita, pois as máquinas não conseguiam trabalhar por conta das chuvas. A propósito, neste momento a área está totalmente roçada e limpa”, completou.
Ainda de acordo com a empresária, a área foi adquirida por ela para a construção de um supermercado no local, mas entraves judiciais acabaram inviabilizado o início das obras.
“Tivemos alguns entraves com relação a ações movidas contra a compra, e isso me impede de tomar qualquer atitude em relação a nova construção. Já conseguimos eliminar quase todas as pendências, só restando uma que se Deus quiser em breve venceremos”, concluiu.
Confira a postagem de cabo Santos em seu inteiro teor:
“Fui visitar as velhas instalações do Uirapuru Tênis Clube, nas proximidades do fórum, fiquei horrorizado no que vi, um monte de mendigos e drogados amontoados, uma verdadeira cracolândia, com a minha chegada todos se assustaram levantando-se de repente e perguntando quem eu era e o que queria, tentando impedir que fotografasse o local, respondi que era sargento da PM e estava fazendo meu trabalho, então se acalmaram um pouco mais.
Naquele local encontrei muito mato alto, muito lixo, várias caixas d’águas abertas, verdadeiro criadouro do mosquito da dengue, esta é uma área particular e acredito-me que já tenha sido notificada pela prefeitura de Fernandópolis, encontrei várias embalagens para uso de crack, mau cheiro insuportável, um verdadeiro lixão no centro da cidade.
Na Avenida ao lado, a Raul Gonçalves Júnior, as pessoas usam aquela área para fazer caminhadas ao anoitecer e ao amanhecer, inclusive senhoras e crianças, correndo um sério riscos de serem arrastados para dentro do matagal.
Está uma verdadeira nojeira, não podemos ficar reféns de burgueses que compram esses imóveis para investimentos, pesando somente em seu próprio conforto, e a população correndo sérios riscos de serem abusadas por esses dependentes químicos.
Acaso este terreno não venha a ser limpo em breve, e os paredões da cracolândia demolidos, vai ser mais um caso que irá parar o Ministério Público. Vou aguardar alguns dias para a demolição e limpeza do local. Sugiro aos nobres vereadores, se é que tem algum de peito firme, que faça um projeto de lei, que dobre os impostos para imóveis em estado de abandono na cidade que são muitos. Comentem e compartilhem por favor, vamos mostrar ao mundo este descaso. (sic).