Nos últimos dias, os fernandopolenses têm convivido com notícias trágicas ligadas à desastres naturais na cidade. Uma casa desmoronou, um carro foi parar dentro de uma galeria, um jovem foi arrastado junto com sua motocicleta pela enxurrada, muros desabaram por toda cidade e diversas casas foram alagadas, sem contar ainda com as centenas de crateras que se abriram no asfalto. Tudo isso em um curto espaço de tempo, de aproximadamente 15 dias. Esse conjunto de fatores levou CIDADÃO a procurar o chefe da Defesa Civil de Fernandópolis, o ex-bancário Flávio Coppi, que também é ouvidor público municipal, para comentar essa situação.
Qual a real função da Defesa Civil do município?
A função principal é a prevenção da vida humana, evitar que desastres aconteçam, e também a conscientização da população.
Como é conciliar a função de ouvidor público e de chefe da Defesa Civil?
Uma função está ligada a outra, sendo que a ouvidoria recebe reclamações dos problemas que existem, e a Defesa Civil age em prevenção nestes problemas.
Fernandópolis nunca sofreu com catástrofes ou acontecimentos de maior expressão. Mas os efeitos da chuva têm aumentado nos últimos meses. A Prefeitura está preparada para combater um acontecimento de maior gravidade?
Sim, pois as secretarias estão disponíveis para poder atender estas ocorrências. Sem deixar de mencionar a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Policia Ambiental, escolas para alojamentos se necessário.
O que está acontecendo com Fernandópolis, uma vez que poucos minutos de chuva tem causado estragos que não ocorriam com tanta frequência no passado? Se deve à falta de galerias ou a ineficácia delas?
A impermeabilização do solo tem aumentado, e as galerias antigas, não estão preparadas para o atendimento desta demanda. Vale registrar que uma chuva de minutos com muita intensidade em milímetros, é bem pior do que uma chuva da mesma quantia com maior tempo.
A falta de galerias e entupimento das existentes foi alvo de críticas ao atual governo. O que pode ser feito nesse sentido, tendo em vista que a força das enxurradas tem trazido prejuízos ao munícipes?
A secretaria de Infraestrutura tem atuado constantemente na manutenção e limpeza de galerias.
Crê que ainda existam instalações de galerias na cidade já condenadas pelo tempo ou a intensidade das chuva também tem sido maior?
Todas as galerias existentes se encontram ativas, com manutenção e limpeza. Estando os imóveis com mais impermeabilidade o tempo de escoamento das águas é maior, aumentando a vazão destas.
A Prefeitura já realizou algum estudo no sentido de mapear áreas de risco?
Sim, recentemente o IPT-Instituto de Pesquisas Tecnológicas -, efetuou um levantamento total das áreas de riscos da cidade, que tem por objetivo colaborar nas necessidades desta natureza. Também estudo de macrodrenagem de toda área urbana.
Assim como o morador do Paulistano que teve parte de sua casa destruída pela chuva na semana passada, outras pessoas correm esse risco. Qual a política pública a Prefeitura tem adotado para coibir novas tragédias?
Sim, o risco existe principalmente em construções que foram feitas sem um acompanhamento de responsável técnico. A Prefeitura como qualquer outro órgão público, tem o objetivo de atender o cidadão dentro de suas necessidades. Assim sendo, todas as nossas secretarias estão à disposição dos nossos munícipes.
O Sr. Antônio, que está praticamente sem casa, receberá algum auxílio por parte da Prefeitura? Como a Defesa Civil agiu diante do episódio negativo?
Quanto ao Sr. Antônio do bairro Paulistano, será atendido pela secretaria da Assistência Social, dentro dos quesitos que ele se enquadra. Agora quanto a Defesa Civil, como dissemos no início, o objetivo é a prevenção da vida humana, e felizmente senhor Antônio não foi lesado com o desabamento parcial de sua residência.
Até onde é de responsabilidade da Prefeitura reparar um dano em decorrência de fenômenos da natureza?
Depende do tipo da ocorrência. Por exemplo: causando danos numa estrada de terra, é por conta da secretaria da Agricultura em conjunto com o Meio Ambiente e Infraestrutura. Sendo em ruas causando buracos, problemas com galerias, também com a secretaria de Infraestrutura. Assim também todos as secretarias dentro de suas funções.
O aparelho instalado pelo CEMADEM - Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais-, na sede do Paço Municipal, tem trazido vantagens reais para o município além da medição pluviométrica?
Somente a medição pluviométrica.
O canal de comunicação entre munícipe e Defesa Civil existe ou é o mesmo da Ouvidoria?
É o mesmo da Ouvidoria, mas nos casos que acontecem durante a noite ou fim de semana, o contato dá-se através do Corpo de Bombeiros.
O setor realiza alguma campanha específica no que tange à conscientização da população? Se sim, qual?
Sim. Inclusive para as crianças onde o objetivo é a conscientização destas onde o público alvo são alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, e do ensino médio da rede estadual de ensino de São Paulo. Através da escola, é feita a inscrição no site da Defesa Civil (http://www.defesacivil.sp.gov.br/)onde o aluno tem um game com duração de 50 horas, que existe simulações de diversas situações de riscos, para que o aluno possa ir familiarizando com estas situações e assim poder colocá-la em prática se necessário.
Existe alguma orientação aos munícipes no sentido de serem mais vigilantes?
Sim, o munícipe é orientado sempre a procurar um profissional qualificado para auxiliá-lo nas construções e reformas de suas residências, registrando ainda que alguns dos maiores problemas encontrados hoje, são: muro de contenção (arrimo) fora das normas técnicas vigentes; lixos jogados em lugares impróprios causando danos a natureza, a saúde humana e o entupimento da galerias; casas construídas também sem as especificações técnicas; casas construídas abaixo do nível da rua causando alagamentos.
A responsabilidade é maior quando se é Ouvidor e chefe da Defesa Civil, simultaneamente?
Sim, pois conforme já citamos anteriormente, um departamento está ligado ao outro.
Em virtude das chuvas de 2015, as reclamações aumentaram no setor de Ouvidoria?
Sim, temos estatísticas de que em todo período chuvoso as ocorrências aumentam, mas neste ano, especificamente neste mês de março, a intensidade e a quantidade de água estão sendo bem maiores, que automaticamente faz com que estas ocorrências aumentem.
Com últimos acontecimentos de acidentes, casas destruídas e demais estragos, o senhor acredita que Fernandópolis está se tornando uma cidade perigosa?
Não, em hipótese alguma. Fernandópolis é e sempre foi uma cidade muito boa para se morar, tanto é que obtivemos o 50º lugar no pais do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Outro fator favorável é a topografia do município quem não apresenta desníveis constantes, tais como morros e ladeiras. Estes problemas que agora atravessamos é momentâneo, e temos a certeza de que logo estarão resolvidos.
Ter assumido este setor foi um dos principais desafios de sua vida, no âmbito profissional?
Sim, foi e está sendo, mas os desafios são feitos para serem superados e nós buscamos a cada dia fazer com que os nossos objetivos sejam atingidos, trazendo assim nossa contribuição pessoal e profissional.