Fernandópolis desperdiça 1,5 milhão de litros d'água por dia

20 de Agosto de 2025

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Fernandópolis desperdiça 1,5 milhão de litros d'água por dia

A cidade de Fernandópolis pode não estar entre as que mais desperdiçam água em toda a região de São José do Rio Preto, porém, se colocado na ponta do lápis, o total de litros perdidos nas tubulações impressiona: cerca de 1,5 milhão por dia. De acordo com o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto do Ministério das Cidades, divulgado semana passada, 18% dos 5.899,72 bilhões de litros d’água que são retirados da natureza anualmente para abastecer a cidade sequer chegam às torneiras em virtude do desperdício na rede de distribuição. 

No entanto, o desperdício de mais de um bilhão anual, ou então de 16 milhões diários, referem-se ao desperdício total contabilizado no estudo feito pelo Ministério das Cidades. Conforme explica o gerente de divisão da Sabesp de Fernandópolis, Antônio Carlos de Oliveira, a perda real de água em Fernandópolis, fruto dos vazamentos nas tubulações é de 9,5%, o que resulta em 540 milhões de litros d’água desperdiçados por ano ou então 1,5 milhões de litros diariamente. “A perda de água tem dois componentes, real e aparente, desta perda total que é esta informada pelo Ministério (das Cidades). A perda real é a perda física na distribuição, em reservatórios e vazamentos. Já outra parte que compõe este total diz respeito às perdas aparentes, que são de submedição de hidrômetro, fraudes com ligações irregulares e vários outros fatores que influem”, disse o gerente, destacando que o montante não é tão alto se comparado ao Japão, referência mundial em controle de perdas com apenas 3% anuais e bem inferior à média brasileira que é de 37%.

Se levada em consideração a perda total divulgada, de 18% o valor desperdiçado em Fernandópolis a cada mês (191 milhões de litros de água), daria para abastecer o município de Pontes Gestal, que possui 2,5 mil habitantes e consome, por ano, 190 milhões de litros d’água. Aproveitando paralelo com o total de litros d’água retirados da natureza para abastecer outros municípios da região, para ir além, o desperdício mensal de Fernandópolis daria para abastecer o município de Aspásia durante dois anos, com sobras.

Trazendo os números comparativos para nossa realidade, o valor de perda real, conforme foi explicada pelo gerente de divisão da Sabesp Antônio Carlos, sem levar em conta os populares “gatos”, seria como encher praticamente duas piscinas semi-olímpicas como a existente no Clube Casa de Portugal todos os dias e jogar de volta na natureza. “Nós já fizemos vários remanejamentos nas tubulações de distribuição da água em Fernandópolis. Temos um cronograma de substituição das redes mais antigas conforme está no contrato que temos com a Prefeitura. Existem redes de até 200mm, de fibra de cimento que estão sendo substituídas por tubos de PVC, terra fundida e DEFOFO”, explicou Antônio Carlos lembrando que a principal dificuldade da Sabesp, que possui contrato com Fernandópolis até 2037, é a de encontrar os vazamentos chamados de “perdas invisíveis” que demoram para aflorar.

A líder no ranking das perdas na região de São José do Rio Preto é Santa Adélia. No município, cujo abastecimento é municipalizado, 51% dos 1,8 bilhão de litros de água retirados da natureza naquele ano não chegaram às torneiras dos moradores, ou seja, 905 milhões perdidos. Em Bebedouro, segunda na região no quesito desperdício de água, o percentual é praticamente o mesmo, 50%. Porém, as perdas são mais significativas no total. Isso porque para abastecer uma cidade de 76 mil habitantes, em 2013, data-base do Diagnóstico, foram captados 11 bilhões de litros, o que significa que 6,5 milhões jogados fora.