Jerry Falcão e um novo modelo de gestão frente ao Fefecê

20 de Agosto de 2025

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Jerry Falcão e um novo modelo de gestão frente ao Fefecê

Em mais uma tentativa de fugir de uma vez por todas da última e mais agoniante divisão do futebol paulista, o Fernandópolis Futebol Clube já está voltando à ativa em 2015. O primeiro passo já foi dado com a escolha do novo presidente, o empresário Jerry Falcão, que deverá ser empossado em breve com o registro junto à Federação Paulista de Futebol. Bastante assertivo e firme com as palavras, o líder da ITEF – Indústria de Transformadores Elétricos de Fernandópolis, deseja implantar um modelo inovador de gestão frente ao clube cinquentenário, tratando-o como uma empresa, como de fato é. O projeto envolve parcerias ousadas como, por exemplo, a vinda do ex-jogador Müller que viria não apenas para desenvolver ações de marketing mas para, pelo menos, tentar ajudar o time em campo. Jerry disse que já fechou uma parceria para arcar com os salários, aluguel e automóvel para o ex-atleta, além de já ter fechado outras duas parcerias, uma para sanar a dívida do clube e uma para trazer 11 jogadores com pagamento de salários e fornecimento de material esportivo. Ele antecipou que 20 jogadores serão contratados já no próximo mês e que dará chance aos jogadores da base.

De onde partiu o convite para que assumisse o Fefecê este ano?

O Fernandópolis é uma coisa que a gente sempre participou e ajudou. Sempre me chamaram para ajudar, mas nunca tinha disponibilidade. É uma paixão, uma coisa que a gente gosta, mas o tempo e a empresa acabaram atravancando. Desta vez o Fred Jorge (secretário) me chamou para uma reunião e vi que precisavam de ajuda para montar uma nova diretoria e me propus a ajudar. Acharam melhor me colocar como presidente pela credibilidade e aceitei a proposta. Sempre ajudei como patrocinador, mas nunca participei da diretoria.

O senhor pleiteou a uma cadeira no Legislativo de Fernandópolis na última disputa municipal e nos bastidores já surgiu a crítica de que a presidência do time seja um trampolim para uma nova disputa em 2016? Tendo em vista a dificuldade financeiras de anos anteriores, o que lhe motiva a assumir uma responsabilidade dessas?

A motivação é transformar aquilo ali em uma empresa. Sou um cara que gosta de grandes desafios e esse é mais um desafio na minha vida. Nós temos que parar de implorar patrocínio em porta de empresa. Acabar com esse negócio de que o Fefecê é uma empresa falida. Vamos transformar o Fefecê em uma empresa sólida que gere lucro, bem administrada e que também revele jogadores. Por exemplo, em 2009 o Rildo (jogador do Santos) que esteve aqui, foi profissionalizado aqui e agora a multa dele é de R$ 20 milhões para ir para o Internacional. Se o Fernandópolis ficasse com 10% já seriam R$ 2 milhões, então quero profissionalizar, fazer disso uma empresa. Quanto a 2016, eu sou político, gosto de política, mas amo minha cidade, costumo dizer que sou como um bitrem onde eu chego eu patrolo, eu passo por cima, mas meu bitrem também tem freio, e eu sei dar um passo para trás. Se tiver um candidato bom, a prefeita precisar eu estou aqui para ajudar quem for. Hoje eu não sou candidato, hoje sou um cara de etapas e a etapa é o Fernandópolis Futebol Clube. Em 2016 nem sei se estarei vivo...

Você conhece o sacrifício de comandar uma equipe com poucos recursos. Como empresário, qual será a estratégia para conseguir uma receita satisfatória em 2015?

Eu fiz um processo inverso, todos saem buscando patrocinadores e eu busquei uma parceria. Estive na cidade de Itú com um empresário do ramo de futebol que é a Salto e fizemos uma parceria empresarial. Ele vai nos fornecer 11 jogadores com condições de disputar a série, comissão técnica, preparador físico, preparador de goleiros, massagista, todo material esportivo, hotel para delegação inteira...E nós vamos contratar mais 11 jogadores, aproveitar as categorias de base. Esse empresário tem contato no México, na Europa e ele revela jogadores e vende. É um modelo empresarial, como uma sociedade, 50% do lucro vai para o Fernandópolis e 50% para ele. Se der prejuízo é metade para cada um. Hoje a despesa do Fernandópolis de R$ 50 mil eu já arrumei quem banca, então começaremos com os pés bem no chão, um negócio diferenciado. Não é aquela parceria que o cara vem com 11 jogadores dele e ordena que vão jogar. Se os jogadores não derem certo vamos mandar embora, contratar outros. É uma gestão empresarial.

A parceria com uma cervejaria já foi dada como certa nos bastidores. Existe algum acordo para um patrocinador máster do time?

Estamos trabalhando, não vou dizer que não foi feito contato com nenhuma cervejaria por enquanto. Pelo fato do empresário ser de Itu, teve alguns contatos, mas como eu sempre digo, a preferência é da minha cidade. Nós temos aqui grandes empresários, por isso, primeiramente vou formar a diretoria e depois vou correr atrás disso. Existe a possibilidade de um diálogo com o grupo Petrópolis que sempre me atendeu quando eu mexia com rodeio. A preferência é dele, mas se não houver interesse, aí sim, partiremos para outro patrocinador máster.

Quanto a parceria com o ex-jogador Müller que, inclusive, poderá jogar pelo Fefecê esta temporada. É real?

Por meio do Maurinho e do Alex Dias, fizemos um contato com o Müller. Está bem avançada a negociação. Não será o Fefecê que irá pagar por isso. Um patrocinador máster quer pagar para trazer o Müller para jogar no Fernandópolis Futebol Clube, morar aqui, fazer um marketing, sendo o garoto propaganda do time. Este investidor pagará o salário dele, as luvas durante 90 dias. Estou negociando mas de uma forma que sobre um dinheirinho para o clube também, com venda de camisas, amistosos e jogos fora. Quero ver o máximo que posso aproveitar da vinda dele. O compromisso é de jogar pelo menos 30 minutos de cada jogo.

Você assumirá o clube com alguma dívida?

O clube tem a dívida que terei que assumir, agora vamos administrá-la da melhor maneira possível, o clube tem trabalhista, tem penhora, por isso pretendemos saldar tudo isso, trabalhando pautadamente. Ninguém vai pôr dinheiro do bolso, é uma empresa e a empresa tem que ter lucro. A partir do momento que tiver lucro vamos saldar as dívidas feitas em 2015 na data e no momento certo. O time já está regularizado para a disputa, foi paga a Federação (Paulista de Futebol), cerca de R$ 8 mil que já conseguimos quem pagará.

A PM já havia reprovado o Estádio em uma das vistorias. O Estádio Cláudio Rodante já está em condições para a disputa da 2º divisão?

Teve um problema com uma rampa, mas ela já está sendo feita, já foram colocadas as placas de identificação, a iluminação e a saída de emergência. Agora está tudo pronto, falta a aprovação definitiva.

Quem irá compor a nova diretoria? Todos os cargos estão definidos?

Nesse novo estatuto, apenas no conselho já são 30 pessoas, mas vamos procurar pessoas que gostam do Fefecê e que querem ajudar. Sempre tem aqueles que falam que fulano ou ciclano não presta, mas só vou falar quem serve ou não quando estiverem trabalhando comigo. É um novo modelo de gestão, então vou analisar primeiro. Hoje temos eu como presidente, o Dr. Breno  de Lima Lopes como vice-presidente, o Dirceu Miralha como diretor financeiro, o Valter Cândido Alves e a Bruna Borges como secretários e o Jesus Moretti que é um gerente de futebol contratado, que não pertence a diretoria que vai analisar jogadores como em todo grande clube.

Qual será o seu perfil à frente da administração do time? Vai tolerar indisciplina, costumeira em equipes desta divisão?

Não tolero indisciplina e a regra lá é minha, o jogador é um colaborador, é contratado, será registrado e terá deveres e obrigações como o clube tem com ele. Pode ser o melhor do Brasil , mas se não ler a cartilha do clube está fora, no meu time não joga. Aqui tem regras e hierarquia. Quem não respeitar isso não joga no Fefecê. Eu delego poder e cobro funções, quero resultado. Não aceito desculpas e vou analisar a conduta lá fora porque o jogador vende a imagem do time lá fora.

E quanto ao perfil dos jogadores que serão contratados? Quais os pré-requisitos que levará em conta na hora de bater o martelo?

Onde ele jogou, se é bom na posição dele e a conduta. Gosto de trabalhar com homem, olho no olho. Tem que ter dignidade e hombridade com vontade de vencer na vida. Vou analisar caso a caso. Em 1993 trouxeram o Helinho, de Riolândia que era amador e fez 16 gols. Por isso, vou avaliar um por um, mas com critérios.

Quando o elenco estará montado para as disputas?

No dia 9 de fevereiro a comissão técnica será apresentada e teremos 60 dias para avaliar o time, fazer amistosos, além do ‘peneirão’ com os jovens que será feito. Vamos contratar 20 jogadores, 15 com condições de entrar em campo.

Por meio da página do time no Facebook, foi anunciada a contratação do técnico Ricardo Ling. Já é certo que ele comandará o Fefecê?

Já é certo, é uma pessoa que conheço há um bom tempo, é jovem, dinâmico, arrojado, esteve no Pirassununga, esteve no Fefecê em 2009 e é um caçador de talentos. Hoje a base é nosso maior patrimônio, assim como o senhor Roberto, nosso roupeiro.

Quanto ao atacante Rudimar que possui prestígio junto à torcida. Há possibilidade dele voltar a vestir as cores da Águia?

Já conversei com ele, há o interesse mútuo mas ele acertou por 90 dias com o Três Corações de Minas Gerais. Tem 80% acertado para ele jogar até mesmo já na primeira fase. Mas vamos atrás de outro centroavante.

Algum jogador que atuou em 2014 será recontratado?

Boa pergunta. Não vou dizer que sim nem que não, mas o time foi muito mal, foi eliminado na primeira fase. Pode ser que contratemos um ou dois, se servir, por que não?

A equipe sub-17 do clube foi campeã regional em novembro do ano passado. Os atletas pratas da casa, enfim, terão chances reais de colaborar com a equipe profissional?

Quero conversar com cada um deles. Vamos tratá-los como profissionais que são.Vou dar oportunidade para todos, mas para aqueles que querem ser jogador. Só colocar uma camisa colada e um Nike para mim não serve. Quer fazer pose ele tem que ser manequim. Aqui ele tem que jogar bola. Tem que enxergar o Fefecê como uma faculdade.

No último ano a página virtual do time chegou a gerar confusão com jornalistas da cidade que criticaram o desempenho da equipe. O trabalho de assessoria de imprensa nas redes sociais será mantido? Quem será o responsável?

Estou chegando agora, sei que tem um menino que cuida, mas vamos montar uma assessoria de imprensa. Tem que pautar, ver o que vai falar para não magoar nem A e nem B.

As promoções para sócios-torcedores serão mantidas?

Sim, já vamos sortear uma moto em junho para os sócios-torcedores e tentaremos fazer um sócio-torcedor com um preço de R$ 20.

O que o torcedor poderá esperar do Fefecê em 2015?

Um time forte, competitivo e que ele terá orgulho de ver jogar assim como era antigamente, quando eu tinha o prazer de sentar na arquibancada e ver mais de 1.000 pessoas assistindo ao coletivo e que todos na rua sabiam os nomes dos jogadores. Resgatar os tempos áureos.