Aos 65 anos, Edinho Araújo disputou onze eleições e venceu dez, façanha que não é para qualquer candidato. É um político por vocação.
Três vezes prefeito de duas cidades diferentes (Santa Fé do Sul e São José do Rio Preto), deputado estadual por três legislaturas, foi reeleito para o quarto mandato de deputado federal, com expressiva votação no Noroeste de São Paulo.
Em 2015, Edinho assume o maior desafio em 42 anos de vida pública: convidado pela presidente Dilma Rousseff e pelo vice-presidente Michel Temer, ele ocupa a Secretaria dos Portos, com status de Ministério, um setor onde os problemas se acumulam há décadas, onde reina a burocracia e a falta de competividade.
Administrador experiente, nestes primeiros dias de trabalho em Brasília Edinho está tomando pé da Secretaria de Portos, conhecendo a estrutura de pessoal, os projetos em andamentos e as prioridades imediatas da pasta. E já avisou que irá cercar-se de pessoal técnico para enfrentar os problemas do setor portuário.
“Espero ser à frente do Ministério de Portos um gestor global, um arquiteto da capacitação dos portos para o mundo de amanhã”, afirmou o ministro.
O senhor diz sempre que tem orgulho de ser político, enquanto muitos escondem essa condição. Por quê?
Deus me deu a graça de ter saúde e coragem para a boa luta política. Sou, sim, orgulhoso da minha condição de político, de praticar a política do bem, em defesa dos interesses legítimos da população da minha região e do Estado de São Paulo, sem nenhum desvio ético.
Alta abstenção, eleitor ressabiado, concorrência de candidatos “trens pagadores” e voto de protesto. Foi uma de suas eleições mais difíceis?
Sem dúvida, foi muito difícil. Faço sempre campanhas centradas na minha história e no meu trabalho. Converso muito e gasto muita sola de sapato, e sei o que é enfrentar candidatos que se apoderam dos partidos e outros com grande potencial financeiro. Infelizmente, o poder econômico continua influindo na eleição.
Mas sua votação aumentou. Foram 112.780 votos...
Cresceu de forma expressiva, felizmente. Mais de 95% desses votos foram conquistados na região entre Rio Preto e Santa Fé do Sul. Aproveito aqui para agradecer de coração a todos os fernandopolenses que confiaram em mim.
Quais as conquistas importantes em seu último mandato?
Procurei trabalhar por toda a região. A duplicação da BR-153 em Rio Preto é irreversível; a duplicação da Euclides da Cunha, que reivindicamos desde a década de oitenta, foi concluída; houve melhorias nas rodovias Feliciano Sales Cunha, Assis Chateaubriand e outras; consegui trazer recursos para mais de 100 cidades da região; verbas para Santas Casas, hospitais filantrópicos e entidades assistenciais, entre outros. Fiz 11 projetos de lei, entre eles o que cria a Universidade Federal do Noroeste Paulista.
E para Fernandópolis, o que o senhor destaca?
Foi muito importante a inclusão do município no Programa de Investimentos em Logística para Aeroportos Regionais, do Governo Federal. O aeroporto de Fernandópolis está entre os 19 aeroportos regionais do Estado de São Paulo que receberão investimentos, após uma solicitação nossa ao ministério da Aviação Civil.
O senhor apareceu com destaque nas estatísticas da Câmara Federal...
Felizmente, fui considerado pela Revista Veja como um dos 15 deputados mais atuantes de 2013. A Folha de São Paulo me apontou como o quinto deputado mais presente entre os 513 parlamentares e estou entre os 5% de deputados que aprovaram projetos nesta Legislatura. Fui autor do texto da nova Lei Seca, relatei o novo Código Florestal, a Comissão da Verdade, o Imposto Zero na Cesta Básica e a Lei da Arbitragem, que vai permitir acordos sem a presença de um juiz e acelerar os processos... Enfim, meu trabalho acabou sendo reconhecido.
E como estão sendo estes primeiros dias como ministro?
Estou me dedicando intensamente a essa nova empreitada. Eu e minha equipe trabalhamos em tempo integral desde a minha indicação, não tivemos tempo de comemorar o Natal, nem o ano novo. Mas está valendo a pena. O momento é de estudos e de conhecimento dos problemas da pasta. Estou muito confiante em fazer um bom trabalho e grato pela confiança em mim depositada pela presidente Dilma Rousseff e pelo vice-presidente Michel Temer.
Este é o maior desafio de sua carreira?
Desafios não faltaram nestes 42 anos de vida pública. Enfrentei e superei inúmeros obstáculos nesta longa estrada. A Secretaria dos Portos é uma pasta estratégica, vital para impulsionar a atividade produtiva e facilitar as exportações. Vencer a burocracia e destravar os portos brasileiros são as necessidades que se impõem. Quanto mais eficientes e competitivos formos nessa área, menor será o custo Brasil. Há, também, gargalos importantes no acesso aos principais portos do Brasil. São questões que dominarão a nossa pauta de trabalho. A expansão e a modernização da infraestrutura dos portos brasileiros dependem de investimentos diretos da União e de parcerias estratégicas com o setor privado, além de uma sinergia entre os modais de transportes rodoviário, ferroviário, hidroviário, portuário e aeroportuário. É o que vamos buscar.
Qual a prioridade zero neste início de mandato?
Temos ao menos duas questões urgentes. Uma é definir o plano de escoamento da safra agrícola pelo Porto de Santos, para evitar congestionamentos de caminhões nos acessos à Baixada Santista e nas cidades de Santos e Guarujá. Já determinamos à equipe técnica que elabore um projeto logístico para ser aplicado imediatamente, e que deve durar o ano todo, controlando com segurança o fluxo ao Porto. Outra prioridade é discutir com o Tribunal de Contas da União os pontos que amarram a aplicação da nova Lei de Portos, sobretudo no capítulo que diz respeito aos arrendamentos de áreas portuárias, vitais para impulsionar o movimento nos portos e facilitar o fluxo de mercadorias. Enfim, aos poucos vamos conhecendo o setor portuário com mais profundidade e, com apoio de uma equipe técnica competente, espero marcar positivamente minha passagem pelo ministério. Destravar os portos, imprimir competitividade, diminuir a burocracia, incentivar novos investimentos privados são metas que vou buscar.
A região perdeu um deputado federal ou ganhou um ministro?
A região ganhou um aliado no primeiro escalão do governo federal. À população da região Noroeste de São Paulo, especialmente aos amigos que me confiaram o voto nas últimas eleições, digo que continuarei atento às demandas em andamento, defendendo o projeto que cria a Universidade Federal do Noroeste Paulista, brigando para retirar os trens de cargas das áreas urbanas e pela federalização da Ponte Rodoferroviária (sem cobrança de pedágio), entre tantas outras propostas que levei aos governos estadual e federal nos últimos quatro anos. Estarei com um olho lá e outro cá, com o coração na região e os olhos voltados para o Brasil. Darei o meu melhor, como sempre procurei fazer na vida pública.
A ZPE é um grande anseio dos fernandopolenses. Como o senhor poderá ajudar na concretização deste projeto?
Apoiei a ZPE desde o início, ao lado do colega deputado Devanir. Recordo ter feito um pronunciamento na Tribuna da Câmara, logo no início de meu mandato, defendendo a necessidade e a oportunidade da Zona de Processamento de Exportações, como mola para acelerar o desenvolvimento de Fernandópolis e região. Estou à disposição, ao lado de minha assessoria, para continuar apoiando a ZPE e colaborar no que estiver ao meu alcance para acelerar sua implantação. O pioneirismo e o tamanho desse empreendimento certamente projetarão Fernandópolis no cenário nacional.