Baroni: seis mandatos e seis lideranças na Câmara

20 de Agosto de 2025

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Baroni: seis mandatos e seis lideranças na Câmara

O vereador Étore José Baroni (PSDB) foi nomeado, por meio do oficio nº559/2014 , assinado pela prefeita Ana Bim na última sexta-feira, 24, o “Líder do Executivo” junto a Câmara Municipal de Fernandópolis. Este é o sexto mandato do tucano e a sexta vez que assume a liderança de um prefeito no Legislativo fernandopolense. O segredo, se é que existe um, o edil explica no Observatório de hoje. Baroni é o mais experiente dos vereadores. Ele nasceu em 1957 em Fernandópolis. Formado em Matemática, Física, possui curso técnico em Edificação, é funcionário público na Prefeitura desde 1980 e deve se aposentar em breve. Além da liderança na Câmara ele fala sobre os temas polêmicos que já passaram pelo Legislativo como as mudanças no ITBI e os aumentos de salários e de cadeiras.

 

 

O senhor foi novamente nomeado o líder o executivo na Câmara. Se lembra quantas vezes isso já aconteceu?

Não me lembro de exatamente quantas vezes foram, mas já fui líder da Ana (Bim) na gestão passada dela, fui líder do (Luiz) Vilar, nas duas gestões, do Rui Okuma, também, ajudei o Adilson (Campos) muito como líder, não fui nomeado, mas assumi esse papel. Acho que de todos os prefeitos, quando não fui o líder oficial eu ajudei mesmo sem ser nomeado. Sempre fui governista. O que é isto? O governista é aquele que, seja qual for o prefeito e seu partido, está ao lado dele em prol da cidade.

Por que todos os prefeitos encontram essa confiança no senhor?

Sempre tive a cidade como partido. Disputei cinco eleições pelo PSDB e uma pelo PMDB do saudoso Newton Camargo. Em todos esses anos sempre tive como meta ajudar quem está no poder. Quem tem a caneta é aquele que determina as coisas para a cidade. Seguindo essa linha, nesses meus 22 anos de mandato só tive duas ressalvas que foram relacionadas aos projetos da reforma da Praça central e da venda do Tênis Clube. Nas duas ocasiões fui isentado da culpa. Nesses 22 anos eu nunca tive nada que me desabonasse, por isso é que acho que esse retrospecto do vereador, do funcionário, do cidadão pesou para quem estava na cadeira me escolhesse. Eu não jogo em dois times. Sigo sempre uma linha política na eleição, mas a partir do momento que o A ou o B ganhou eu estou do lado daquela pessoa para poder administrar e trazer coisas para a cidade.

A base aliada da prefeita possui sete vereadores. Em sua opinião por que ela procurou na oposição o seu líder?

Um pouco é experiência. O Maurílio foi convidado, mas devido ao seu grande número de afazeres na vida profissional ficou meio complicado para ele. Tem os outros vereadores que às vezes possuem um pouco menos de vivência do que a gente. Mas acredito que a escolha da prefeita também tenha partido por dentro desses dois anos. Sempre trabalhei bem próximo deles e eles perceberam que eu não vejo lado político. Vejo sempre o lado da cidade. Quando se fala em liderança não quer dizer que eu seja melhor ou diferente dos demais vereadores. A minha função nada mais é do que a de interlocutor. É pegar as dúvidas da Câmara e levar para a Prefeitura e depois corresponder com as respostas. Assim diminuiremos o tempo de tramitação dos projetos trazendo os benefícios que a cidade precisa e merece.  

Isso já causou certo ciúme entre os colegas que foram eleitos ao lado dela?

Acredito que não. Já estive com a maioria deles depois da nomeação e todos me parabenizaram.

Seu partido não se opôs a sua posição?

Não tive a oportunidade ainda de discutir isso com meu partido, mas quando fui eleito e nossa coligação para majoritária perdeu as eleições, a determinação do partido foi de que nós, que fomos eleitos pelo PSDB, tivéssemos a incumbência de agir de acordo com o que traga benefícios para a cidade. Na próxima campanha, daqui um ano e meio, estarei naquilo que for determinado pelo partido, mas até então eu tenho uma grande liberdade dentro do partido para tomar decisões para o bem da cidade e é para isso que assumo essa liderança.   

Este é o seu sexto mandato. Qual a análise que faz dessa Legislatura comparando-a as suas anteriores?

Cada legislatura tem um modo de trabalho. Nessa, nós estamos com mais novatos. Eu já legislei, por exemplo, ao lado de Alaor Pereira, Edjair(Tosta), Francisco Albuquerque, Zé Horácio, o Maurílio (Saves) e a até a própria Ana Bim. Vejo muita vontade nessa Câmara, mas ao mesmo tempo vejo muito zelo por parte deles, até porque viemos aí de algumas CPIs e os vereadores estão meio cautelosos e eu respeito a posição de cada um deles. O que temos que nos aperfeiçoar mais é nas análises de comissões e de projetos, para que se faça um comparativo daquilo que é bom e está correto, para que não se prolongue tanto uma aprovação. 

Como político experiente que é, o senhor sabe que o homem público está sujeito a elogios e críticas. Recentemente publicamos uma matéria falando da morosidade no poder Legislativo, tendo em conta que enquanto sessões eram feitas sem projetos ou com quase nenhum em pauta, vários outros se encontravam engavetados. O que estava ocasionando essa lentidão, já que na semana seguinte a publicação, 20 projetos foram discutidos de uma só vez?

Já até conversei com a Ana (Bim) sobre isso. Alertei-a de que ela precisa participar os vereadores um pouco mais nos projetos. Têm vereadores que gostam de estar bem presentes. As comissões de Justiça e Redação, Finanças e Obras são basicamente as que regem o trabalho do Legislativo aqui em Fernandópolis e elas estavam um pouco paradas, em termos de informações sobre os projetos. Aquele “puxão de orelha” que vocês deram foi fundamental para que todos entendessem que até a imprensa estava percebendo a demora. Esse foi um dos principais fatores que me levaram a liderança, pois quando houver dúvidas, como estavam existindo, servirei como uma ponte entre os dois poderes. Já conversei com a Ana (Bim) e ela me deu carta branca para quando for necessário, pegar um secretário aqui e levá-lo até as comissões com as respostas necessárias para que isso não aconteça mais.     

A disputa pela presidência da Câmara está chegando e as articulações já começaram. Quais os nomes mais comentados nos corredores do Palácio 22 de Maio?

Hoje nós temos quatro presidenciáveis. Para começar, temos seis funcionários públicos, que não podem disputar o cargo. O Maurílio (Saves) pela OAB também não pode. O Chico (Arouca), como é presidente, não pode ir à reeleição. O (Valdir) Pinheiro parece que não quer, por causa da sua empresa. Então sobraria o Ademir de Almeida, André Pessuto, Rogério Chamel e Gustavo Pinato. No final sabemos que haverá uma composição para chegar ao nome de dois desses. Na passada foi por unanimidade, mas não sei se será possível nessa. Prefiro, como líder da Ana (Bim), que ela não participe e se participar ela não pode perder, pois, caso perca, pode sobrar algum arranhão. Como são poderes independentes, mas que um precisa do outro, quanto menos um se envolver nas decisões do outro, melhor.

Essa foi uma legislatura polêmica. Dentre os vários projetos bombásticos que passaram pela Câmara está o do ITBI. Os vereadores erraram ou acertaram em aprovar essa lei?

Não digo que errou, nem que acertou. Precisava mesmo era se ajeitar. A questão é que a Prefeitura, através de sua planta genérica está falha. A última que temos é de 1991. Na época nós tínhamos entorno de 80 bairros. Hoje nós temos praticamente o dobro. Naquela época a expansão de construção era menor, tiramos de exemplo o Parque Universitário, que de dez anos para cá, acomodou mais de três mil casas. Nós temos um setor na Prefeitura que é de 1 a 25 e está um atropelando o outro. Conversei hoje (quarta-feira,29) de manhã com o Edson Damaceno, nosso secretário de Planejamento e o Marlon Santana, do Jurídico, e chegamos a um consenso de que teremos que aumentar esse setor. O ITBI não está sendo cobrado indevidamente nos bairros médio-alto, mas sim nos de classe média-baixa. Por quê? Porque no de médio-baixo é onde o valor do metro quadrado subiu, está um em cima do outro. Isso tem que ser corrigido, aí nós erramos. Mas na adequação de um terreno, por exemplo, no Antonia Franco, o valor de atribuição lá hoje é de em média R$60mil e é vendido por R$120mil, ou seja, está sendo passado pela metade. Nesses casos os cartórios e corretores não questionam. O problema está no médio-baixo. É o que nós vamos corrigir e eu tenho esse compromisso com a população de corrigir antes de terminar essa legislatura.

A questão dos aumentos (salários e cadeiras). Acha que erraram ou acertaram? 

O aumento é o seguinte: não sabemos como será a inflação a partir de agora, mas eu até comentei com os colegas vereadores que se a inflação subir dos 7%, 6,5% que está, praticamente vais se adequar aos R$8,5mil que aprovamos. No entanto, ainda vamos sentar para ver se voltamos para o salário anterior e chegamos ao consenso de que todas as cidades com mais de 50 mil habitantes precisam de 15 vereadores, eu sou favorável. Do contrário, se for do consenso de voltar o salário antigo e continuar apenas com as 13 cadeiras, eu também estarei com a maioria. Ainda não sabemos os rumos dessas questões. Sei apenas que no começo de 2015 voltaremos a discutir sobre isso.

O PSDB saiu reforçado das eleições desse ano. Mesmo não tendo ganhado a disputa presidencial, em Fernandópolis o partido mostrou sua força. Os tucanos pensam em alçar voos mais altos nas eleições municipais? Seu nome está cotado caso o partido tome essa decisão?

Nós temos hoje o Gilmar Gimenes, que foi muito bem votado em Fernandópolis e no estado. Temos a liderança do Júlio (Semeghini), e uma cúpula muito forte do partido na cidade. O PSDB nunca deixou de lançar uma candidatura, pelo menos que eu me lembre, para prefeito. A primeira foi na última eleição. O PSDB sempre foi forte na cidade, agora temos que ver como que ele vem para a próxima eleição na cidade. Quanto ao meu nome tudo depende do partido. Teremos nossas convenções e às vezes eu possa ir até de vice de alguém, quem sabe. A política é aberta, tudo depende das convenções.