O Ministério Público Federal de São Paulo denunciou à Justiça o empresário rio-pretense João Francisco de Paulo e outras quatro pessoas apontadas como líderes da empresa BBom por lavagem de dinheiro e crimes contra o mercado de capitais, o sistema financeiro e a economia popular. Foram denunciados João Francisco de Paulo, Paulo Ricardo Figueiró, Ednaldo Alves Bispo, Sérgio Luís Yamagi Tanaka e Fabiano Marculino Montarroyos. A BBom é acusada de praticar pirâmide financeira disfarçada na venda de rastreadores para automóveis.
O MPF pede o pagamento de indenização aos clientes no valor de R$ 2 bilhões, que seria o total que a empresa teria lucrado entre fevereiro de 2013 a agosto de 2013. Quase um milhão de pessoas investiram na empresa acreditando se tratar de um negócio lucrativo. Como forma de ocultar o patrimônio adquirido com os crimes praticados e para movimentar, em contas de terceiros, os recursos ilicitamente obtidos dos consumidores, João Francisco teria desviado R$ 40 milhões. Parte do dinheiro para uso próprio, como para a compra de um helicóptero, um barco de luxo e investimento de R$ 4 milhões em planos de previdência privada.
O empresário ainda teria enviado R$ 3,3 milhões para a conta do filho Douglas Álvares de Paulo e R$ 3,9 milhões para a esposa Dulcinéia Alvares. A filha dele, Joyce Álvares de Paulo teria sido “presenteada” com um veículo Porshw Cayenne Turbo, avaliado em R$ 500 mil. Ainda segundo a denúncia, João Francisco enviou outros R$ 83 milhões a contas de pessoas e empresas laranjas. “O denunciado João Francisco também foi responsável pelos desvios de dinheiro dos investidores para outras empresas, entre elas, a M-Cor Holding Ltda, da qual já foi sócio e que recebeu, sem qualquer motivo, o total de R$ 26.840.775,12”, afirma trecho do documento assinando pelo procurador.
“De acordo com informações do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), João Francisco possuiu apenas um vínculo empregatício, até 2004, e seu salário era de R$ 1,3 mil. Mas, na época da fraude, ele passou a receber até R$ 4 milhões por mês – apenas no primeiro semestre de 2013, embolsou R$ 14 milhões”, diz em outro parágrafo da denúncia.
O esquema
A empresa, que mantém seu escritório de monitoramento em Rio Preto e sua central comercial em Indaiatuba, oferecia aos clientes três tipos de pacotes: o bronze (R$ 600), o prata (R$ 1,8 mil) e o ouro (R$ 3 mil), referente a compra de rastreadores – quatro produtos no bronze, 12 no prata e 20 no ouro. Além do valor, cada cliente pagava R$ 60 de adesão e R$ 80 mensais durante 36 meses.
Os associados recebiam um valor que seria do aluguel dos rastreadores comprados feito pela empresa. O ganho maior, porém, estava relacionado à indicação de novos membros. Segundo a promessa, quanto mais indicava, mais o associado ganhava. Desde o dia 5 de julho os negócios estão parados. Na ocasião a Justiça Federal bloqueou R$ 300 milhões e automóveis avaliados em um total de R$ 30 milhões da empresa, depois que o Ministério Público de Goiânia ingressou com ação contra a BBom pelo crime de pirâmide financeira.