Nada mais valoroso que um profissional que busca o conhecimento fora e em seguida aplica-o em benefício à população de sua terra natal. Assim foi com o Dr. João Victor Santicchio Ferrarezi, oftalmologista que enxergou em Fernandópolis, mesmo após formado, uma oportunidade de construir uma carreira sólida e uma vida com qualidade.
Filho de Junior e Juçara, João Victor é formado pela UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista, em Presidente Prudente e se especializou em Oftalmologia no Hospital de Base de Bauru, onde, pela FAMESP, se sub-especializou em glaucoma e catarata em meio a uma equipe que realizada 150 cirurgias por mês.
O médico fernandopolense que teve ajuda imprescindível da mãe “coruja”, atende além de Fernandópolis, as cidades de Bauru, Valentim Gentil e futuramente atenderá em Paranaíba. Nesta entrevista ele fala sobre a paixão pela área, cuidados com a visão e cita que decidiu pela oftalmologia por vivenciar na pele a perda da qualidade da visão.
O que te fez optar pela oftalmologia?
Uso óculos desde os sete anos e quando tinha 23 anos, fui fazer alguns exames para realizar uma cirurgia refrativa (retirar os óculos). Fui diagnosticado com glaucoma em meu olho direito e meu oftalmologista Dr. Iluce, à época, me encaminhou para o especialista onde se confirmou a doença. Pingo colírio ate hoje.
Desde então, entrei na Liga de Oftalmologia na faculdade no meu 3º ano de faculdade e então tive um conhecimento mais a fundo na área, onde me interessei ainda mais.
Quando acabei a faculdade comecei minha especialização em Bauru. Desde então, me apaixonei pela área. Hoje faço o que amo e sou muito realizado na minha escolha.
Qual o sentimento de buscar o conhecimento fora e voltar para aplicá-lo na sua cidade natal?
Sem dúvida é o sentimento de orgulho, primeiro por meus pais e meus irmãos, que sem a ajuda e apoio deles, certamente não estaria onde estou hoje.
E também a gratificação de poder colaborar com minha especialidade nessa cidade maravilhosa que marcou minha infância, com amigos e familiares, que sempre estiveram ao meu lado nesses anos que estive fora estudando.
A oftalmologia é um bom campo de atuação para a região noroeste do estado? E para Fernandópolis?
Pensando que a oftalmologia é uma das áreas com maior fila de espera e assim com uma dificuldade muito grande dos pacientes de conseguir uma consulta e maior ainda de conseguir uma cirurgia, vejo que qualquer região que tenha um especialista a mais na área defino que seja uma região privilegiada.
Para Fernandópolis tenho certeza que venho para acrescentar, com conhecimento inovado e focado em prestar um serviço de qualidade em nossa cidade.
Qual a importância da família quando um jovem decide cursar medicina?
Na maioria das vezes se começa a faculdade muito jovem e no meu caso comecei com 17 anos, muitas vezes sem a maturidade necessária para enfrentar dificuldades e apertos que a vida fora de casa e a própria faculdade apresentam. E é aí que entra o papel da família, dando apoio, conselhos e até mesmo carinho. Isso só tenho a agradecer, pois nunca faltou em minha casa.
Considera sua especialidade valorizada no país?
Com certeza, principalmente por se tratar de uma especialidade que 100% da população necessita ou vai necessitar um dia.
Procurar o oftalmologista na hora certa pode evitar um problema mais grave de visão?
Na oftalmologia , assim como em todas as outras áreas, todos os diagnósticos, feitos precocemente, resultam em um tratamento mais eficaz e com melhores prognósticos.
E se tratando de oftalmologia, em patologias relacionadas à perda de visão, na maioria delas não tem volta quando mais avançadas.
Quando se deve levar um filho ao oftalmologista? E como detectar se ele tem algum problema de visão?
Deve-se levar as crianças ao oftalmologista, nos primeiros dias de vida, lembrando-se de patologias como a retinopatia da prematuridade e outras doenças congênitas ou até mesmo infecções, onde o tratamento pode ser cirúrgico, indicado logo nos primeiros meses de vida.
Em crianças maiores, se deve observar seu rendimento escolar, se a mesma aproxima ao rosto figuras, leituras, televisão e ou quadro negro na escola, entre outras atitudes anormais relacionadas a visão.
O que pensa a respeito de profissões que consultam amigos até mesmo fora do consultório e passam receita médica?
Nossa classe médica, ainda nos tempos de hoje, tem a abordagem de amigos, conhecidos e até mesmo pessoas que não conhecemos, pedindo pra dar uma “olhadinha”, ou ver o “que acha”, sem mesmo um exame ou examinar com detalhes em um lugar apropriado. Minha atitude, quando me deparo essas situações, é orientar e acalmar o paciente e principalmente, encaminhá-lo ao consultório. Não vejo problema em tirar dúvidas ou orientar pacientes fora do consultório, porém nem sempre os sinais e sintomas, nos mencionados é o que realmente esta acontecendo e assim nos fazendo levar ao erro.
A visão duplicada é um problema oftalmológico ou neurológico?
Por mais que na maioria das vezes o diagnóstico de diplopia, nome dado à visão dupla, é feito por oftalmologistas, por se tratar de um distúrbio da visão, na maior parte das vezes é um distúrbio neurológico relacionado às doenças sistêmicas com diabetes, hipertensão arterial e tireoidiopatias.
Causas oftalmológicas também existem e as mais comuns são traumatismos oculares e estrabismo descompensados. No entanto, o tratamento é sempre feito em conjunto do oftalmologista e o neurologista.
Animais de estimação podem trazer danos oculares?
Uma das maiores causas de conjuntivites alérgicas é o contato diretamente com animais domésticos, principalmente quando dormem juntos. O principal objetivo do tratamento dessa patologia é achar a causa e extingui-la do contato com o paciente, para que então tenha eficácia no tratamento.
Nós destacamos na edição passada do CIDADÃO que Fernandópolis conta com 333 casos de conjuntivite. Além do tempo seco, a falta de cuidados pode ser considerado o principal causador da inflamação?
Das inflamações que afetam os olhos, as conjuntivites estão entre as mais comuns e frequentes no nosso dia a dia. Respondem por grande parte das emergências oculares atendidas diariamente na clínica. É no verão que os casos de conjuntivites costumam aumentar, chegando ao índice de até 20% maior que no resto do ano. Mas a falta de cuidados básicos de higiene como lavar bem as mãos, evitar tocar os olhos e usar lenços descartáveis ao espirrar e tossir pode levar a um aumento desse mal em qualquer estação.
O que mais lhe motiva nesta profissão?
O que mais me apaixona é um paciente chegar ao consultório, com baixa de visão e quando está sendo examinado se surpreender com a melhora da nitidez e qualidade da visão, no caso de um paciente com necessidade de óculos.
E principalmente na cirurgia de catarata, que é a maior causa de cegueira reversível no mundo, o paciente, na maioria das vezes idoso, acha que perdeu a visão pelo envelhecimento e quando sai da sala de cirurgia, estampa no rosto um sorriso maravilhoso, por voltar a enxergar novamente. Isso me deixa realizado.