Ex-ministro da saúde é recebido com protestos em Fernandópolis; “São os mesmos que não queriam a faculdade de medicina aqui”

20 de Agosto de 2025

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Ex-ministro da saúde é recebido com protestos em Fernandópolis; “São os mesmos que não queriam a faculdade de medicina aqui”
Candidato petista ao governo de São Paulo falou de suas metas caso eleito e que, após 20 anos no poder, o governo tucano não tem mais energia e dinamismo

Na tarde da última quinta-feira, 29, Fernandópolis recebeu a visita do primeiro pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo. Trata-se do petista Alexandre Padilha, que deixou o Ministério da Saúde no início do ano e em Fernandópolis viu suas emoções oscilarem entre os dois extremos: negativo e positivo.

Ao chegar à cidade no ônibus da Caravana Horizonte Paulista, cujo objetivo é o de reunir lideranças dos diversos seguimentos da sociedade buscando um amplo diálogo com todas as frentes, o pré-candidato do PT se deparou com um gabinete abarrotado de funcionários públicos municipais de diversas áreas. Sorridente ele tentou cumprimentar cada um mas acabou desistindo visto a dificuldade de se caminhar até a prefeita Na Bim.

Após um rápido bate papo com a chefe do Poder Executivo ele afirmou: “Aprendi com o Lula a não perguntar ao prefeito qual seu partido. Queremos ajudar independente disso”, comentou.

Na sequência, Padilha que já havia visitado Santa Fé do Sul, Jales e General Salgado, se dirigiu até a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e viu o outro lado da moeda. Diferente da recepção calorosa e hospitaleira que teve na Prefeitura, o ex-ministro foi alvo de duras críticas por parte de estudantes de Medicina que batucaram, xingaram e exibiram cartazes com as mais variadas mensagens como por exemplo: “Padilha faz mal à saúde”, “se Mais Médicos resolvem o problema da saúde, então Mais Cozinheiros resolveria o problema da fome?”, “Para Dilma e Lula, Sírio-Libanês, para o povo médico que não fala português”, dentre outras.  Um dos cartazes chegou a  ser arremessado contra o visitante mas não chegou a acertá-lo.

A assessoria do ex-ministro chegou negociar uma reunião com três estudantes com a condição de que cessassem o barulho. Mas como barulho de cornetas, buzinas e batuque além dos gritos de “Padilha rasga seu diploma” continuaram, o pré-candidato não atendeu nenhum deles e seguiu seu trajeto até Votuporanga. Sobre as manifestações ele se mostrou surpreso. “Já passamos por mais de 100 cidades e todos apoiaram o Mais Médicos. É a primeira cidade que realiza algum tipo de protesto”, contou Padilha que afirmou ainda que os manifestantes são os mesmo que lutaram contra a faculdade de Medicina para Fernandópolis.

Nossa reportagem ouviu um dos líderes da manifestação, Maurício José Medeiros, 37, do 9º semestre  que expôs o motivo da revolta. “Nós queremos mostrar que estamos insatisfeitos com o Programa que ele criou (Mais Médicos). Para nós estudantes de Medicina e para nossa classe não resolve o problema da saúde no país que é uma falácia. Ninguém de nós é contra um médico estrangeiro vir trabalhar no Brasil desde que todos sejam revalidados e passem por capacitação da mesma forma que sofremos com vistorias do MEC e do Ministério na nossa Santa Casa. Nem sabemos se eles (cubanos) são médicos de verdade. Sabemos que tem médicos sendo mandado embora do Programa Saúde da Família para vir profissionais estrangeiros que será pago com dinheiro federal. Isso só é vantajoso para as Prefeituras”, disse o estudante.

PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS POR PADILHA

MAIS MÉDICOS

“O programa tem três ações: trazer médicos para atenção básica nas áreas mais carentes. São 14 mil médicos que foram trazidos, abrir vaga de formação de especialista que é dar oportunidade a ter mais vagas para o estudante se especializar e criar mais faculdades de medicina em todo país. Enfrentamos resistência para criar a faculdade aqui e hoje sete milhões de paulistas passaram a ter dois mil médicos a disposição”.

PRIORIDADE

“A prioridade, se eleito, é gerar desenvolvimento econômico, com geração de empregos, fomento das indústrias e colocarmos a ZPE para funcionar. A Ana Bim conseguiu corrigir erros de gestões anteriores, e sabemos que a ZPE é fundamental e trará um grande ganho para geração de empregos”.

MUDANÇA NO PODER

“Ouço da população que o governo (PSDB) que está no poder há 20 anos não tem mais energia e dinamismo inclusive estamos tendo apoio de lideranças políticas que há quatro anos estavam apoiando o atual governador (Alckimin), se desiludiram e passaram a apoiar a ideia de mudança. São os mesmo que acreditaram nas promessas de bloquear celulares em presídios, duplicar as estradas, melhorar a educação...”.

ALIANÇAS NO INTERIOR E CETESB RURAL

“Acreditamos em boas alianças no interior pelo sentimento de que essa região precisa do cuidado e da especialização do licenciamento ambiental em áreas rurais. Estive em Santa Fé do Sul com piscicultores e vimos a dificuldade em conseguir a licença para produção de peixes. Este licenciamento tem que ser especializado para área rural, ter característica rural e isso o órgão do estado tem que desenvolver e dar assistência técnica para o pequeno e médio produtor rural para que melhore seu produto. O governo paulista tem que fazer aqui o que o governo federal tem feito.  Comprar merenda do produtor rural, garantir a compra para quem está em cooperativa e garantir a produção na agricultura familiar”.

APOIO DE DILMA A SKAF

“Não me sinto traído por ela apoiar o Skaf que também será candidato ao governo paulista. De maneira alguma. Acho ótimo, pois quanto mais candidatos tivermos no primeiro turno melhor. Depois de 20 anos do PSDB governando São Paulo, é preciso várias candidaturas para debater e apresentar propostas no primeiro turno e nos preparar para o embate no segundo. Vamos sair na frente nas alianças políticas. O PT vai construir a aliança mais ampla pois já amadurecemos muito e teremos alianças de partidos que estavam apoiando o atual governo mas que se desiludiram com o não cumprimento de propostas”.

FALTA D’ÁGUA

O PT quer fazer em quatro anos as obras que há 10 anos a Sabesp licitou e não fez. Vamos fazer com urgência para garantir a segurança de oferta de água para o desenvolvimento em nosso estado. A falta d’água impacta as pessoas dentro de casa além de impactar o planejamento de expansão da indústria e de desenvolvimento a médio prazo. Vamos adotar medidas para garantir esse serviço a todos”.

PEDÁGIO

Não somos nós (PT) o partido do pedágio. O PSDB é o governo do pedágio.

ALIANÇA COM PP

O Partido Progressista ganha muito com essa parceria. A maioria dos prefeitos do PP tem menos de 50 anos de idade, são lideranças jovens espalhadas em várias prefeituras que apoiam a gestão municipal petista. Se renovaram e as propostas deles nos ajudam muito. Eles tem quadros no Ministério das Cidades, que é o mais importante para resolver os problemas que São Paulo mais quer resolver, que são os problemas da água, do saneamento, ampliação da habitação, transporte urbano de passageiros. Então vão nos ajudar muito.

ESCOLAS EM MAU ESTADO  

“Algumas tem arquitetura de presídio. Tem mais grades que penitenciárias, só falta revista vexatória no pai e na mãe, banho de sol aos alunos, sem contar que não tem porta nos banheiros na maioria das escolas. Queremos formar jovens para paz, cultura da não violência, ambiente de paz e por isso vamos melhorar as condições da educação.