Sem resposta, caçambeiros seguem na frente da Prefeitura

20 de Agosto de 2025

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Sem resposta, caçambeiros seguem na frente da Prefeitura

Mais de 24 horas se passaram e até então a prefeita Ana Maria Matoso Bim (PSD) sequer recebeu os caçambeiros, que continuam parados em frente ao Paço Municipal em protesto pela falta de um local para o descarte do chamado “entulho ruim”.

Os proprietários das empresas que fazem o recolhimento dos entulhos e funcionários passaram a noite no local e amanheceram hoje com a esperança de serem atendidos pela chefe do poder Executivo.

“Ontem ela não quis nos receber e mandou os assessores dizerem que só nos recebe se retirarmos os caminhões de frente da Prefeitura. Ai ela coloca a gente para dentro da prefeitura, dá uns murros na mesa, não resolve nada e acaba com o nosso protesto. Ela quer acabar com o nosso direito de protesto”, disse a esposa de um dos caçambeiros, que se juntou ao marido na causa.

No final da manhã de ontem, o secretário de Assuntos Jurídicos do município, Marlon Santana, em coletiva de imprensa, disse que os caçambeiros não querem fazer a sua parte e estão irredutíveis em negociações.

“Oferecemos para eles a alternativa de criarem uma cooperativa e comprarem uma área, mas eles sequer estudaram a proposta. Apresentamos a eles também a opção de fazer um contrato com a pessoa que loca a caçamba para que este selecione o que colocar na mesma, mas eles acharam muito difícil. Assim fica complicado, eles não querem fazer a parte deles e querem deixar o ônus todo nas costas da Prefeitura. Eles exploram esse ramo de atividade, têm que colaborar”, disse o secretário.

O PROBLEMA

Em outubro do ano passado, o CIDADÃO trouxe a tona o problema que até então não foi resolvido. Uma falha no contrato firmado entre a prefeitura de Fernandópolis, Ecoservice Engenharia, Consultoria e Operação Ambiental e as empresas que prestam o serviço de recolhimento e transporte de entulhos na cidade, está inviabilizando o serviço.

Isso porque no contrato consta que a Ecoservice é responsável apenas por receber o chamado “entulho bom”, que são os restos da construção civil. No entanto, os caçambeiros alegam que é impossível levar as caçambas para a empresa apenas com o entulho bom, pois os locadores jogam todo o tipo de resto das obras dentro delas.

“Se você locar uma caçamba, com certeza vai jogar tudo o que sobrar da sua obra dentro dela. Isso inclui pedaços de madeiras, ferros, latas. Só que quando chegamos lá para descarregar a Ecoservice só pega o entulho bom. O resto eles mandam de volta para gente. E ai o que fazemos com isso? Aqui não tem nenhum ponto para descarte dos outros materiais”, explicou Paulo, proprietário de outra empresa de caçamba.   

Esse problema está fazendo com que as empresas acumulem o “entulho ruim” em seus pátios desde então e a falta de um lugar para depositá-los já praticamente parou os trabalhos de recolhimento no município.

FALSA SOLUÇÃO

Na semana seguinte a publicação de CIDADÃO sobre o caso, o secretário de Assuntos Jurídicos do município, Marlon Santana, afirmou que a Prefeitura já havia ampliado o contrato.

“A notícia saiu no final de semana e já estava tudo praticamente pronto. Havia um contrato vigente e era necessário respeitar os termos dele, mas quando chegou perto do vencimento abriu-se nova licitação e foram contratados novos serviços e é por isso que houve essa divergência de informações, mas o importante é que o problema está solucionado”, explicou Marlon Santana à época.      

No entanto, mesmo após as declarações de Marlon, segundo os caçambeiros, nada mudou. A empresa contratada continua sem receber os materiais.

“De fato está no contrato que a empresa tem que receber o entulho, mas ela não está recebendo e a Prefeitura não faz nada. Se ela não está cumprindo a Prefeitura tinha que obrigá-la a cumprir ou desfazer o contrato e abrir espaço para alguém que cumpra, o que não pode é simplesmente ignorar o problema”, concluiu Marcelo Pontim.