“Aniversário” de 50 anos do Golpe Militar no Brasil é tema de TCC em Fernandópolis

20 de Agosto de 2025

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“Aniversário” de 50 anos do Golpe Militar no Brasil é tema de TCC em Fernandópolis

Em março de 1964, há exatamente 50 anos, as tropas do Exército Brasileiro tomaram as ruas para derrubar o então presidente João Goulart, o Jango. A partir deste fato, uma história começa a ser moldada para ser lembrada meio século depois.

Comandado pelo general Costa e Silva, pelo brigadeiro Correia de Melo e pelo vice-almirante Augusto Rademaker, a junta militar autodenominada “Comando Supremo da Revolução” transformou o país. O general Costa e Silva impôs o AI-5 (Ato Institucional número Cinco), que entre outros poderes, determinava o fechamento do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais, ou seja, o poder era totalitariamente do Exército, e ponto final. Depois disso algumas decisões foram redefinidas, e houve uma sucessão nos cargos presidenciais, mas o autoritarismo permaneceu. 

O regime durou pouco mais de duas décadas. 21 anos de censura ao povo e à imprensa perduraram. Um tempo em que os apoiadores do governo antecessor, os opositores ao governo atual, e os favoráveis a um novo governo democrático, eram perseguidos, obrigados a sair do país ou, então eram torturados. Muitos movimentos contrários à ditadura foram contidos de maneira radical através de guerrilhas, que resultaram em prisões, desaparecimentos, mortes, perseguição a líderes políticos, e uma verdadeira instauração de caos em terras brasileiras. Isso é fato, comprovado, documentado. O que era para estabelecer ordem e organização gerou revolta, violência, sangue, e a apatia da maioria do povo.

Então por que o Regime coleciona uma parcela de simpatizantes até hoje? Muitos dizem que o regime foi um ato de controle planejado pelos EUA, que temiam que o Brasil se transformasse em uma “nova Cuba”. Alguns reforçam essa tese afirmando que estava prestes a acontecer uma revolução comunista no país, e por isso são extremos defensores do governo liderado pelos militares. Além disso, foi um período onde o setor industrial se destacou, e a criação de empregos cresceu. Apesar de isso tudo ter como consequência um arrocho salarial, e má distribuição de renda.

A estudante da FEF Rosilene Camargo está na reta final no curso de Jornalismo. Seu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, se baseia inteiramente no episódio de 1964. “Acredito que um pouco é devido pela não vivência na pele, sobre o que foram esses anos de censura e tortura (...). E não acho que isso vá adiante, uma vez que a mais recente “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” (a favor de intervenção militar) não atingiu 1% da presença esperada”, relata a estudante.

Isso levanta o fato de que até hoje essa história é recheada de lados e mistérios. Especialistas de diferentes posições políticas já chegaram a se pronunciar dizendo que a própria “Comissão Nacional da Verdade”, criada para investigar violações de direitos humanos durante um período que agrega a ditadura, faz parte de uma conspiração.

ATUALMENTE

Atualmente ainda restam vestígios da ditadura no país. Partidos anticomunistas organizaram, neste último final de semana, passeatas em todo o país, que ao todo, contabilizaram menos de mil manifestantes. Na grande São Paulo, o número de pessoas clamando pela volta da ditadura em uma manifestação marcada no Ibirapuera, foi de sete pessoas. No Rio de Janeiro, o número foi maior, e contou com a presença de atuais políticos da Câmara dos Deputados. O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP) esteve na manifestação e deu declarações extremistas favoráveis ao militarismo e à tortura. “Qualquer vagabundo preso em Bangu deve ser torturado, porque é vagabundo. Tortura é uma maneira de intimidar. Só era torturado quem sequestrava aviões, assaltava bancos... Quem fala que foi torturado está se fazendo de vítima, e estava a serviço de Cuba aqui dentro do país”. Se alguma coisa faz sentido ou não, o fato é que restaram de maneiras distorcidas, ideologias sobre um período censurado até hoje no Brasil.

A manifestação no Rio foi marcada por confrontos com grupos de diferentes posições quanto ao assunto. Além disso, outras cidades de outros estados receberam manifestações mais pacíficas, sem maiores confusões. Todavia, isso comprova que o Golpe de Estado de 50 anos atrás, ainda persiste em alguns grupos.