Em boas mãos

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Em boas mãos

Após os últimos acontecimentos envolvendo a ZPE – Zona de Processamento de Exportação – de Fernandópolis, que culminaram em  atrasos, denúncias de propina e favorecimentos e transferência ilegal de ações, é possível dizer, agora, que o projeto caiu nas mãos certas. Pelo menos, é o que pensa a maioria, que enxerga no novo presidente da AZPEF – Administradora da Zona de Processamento de Exportação de Fernandópolis – José Carlos Zambon, a figura clara da seriedade. Nascido em Fernandópolis em 1959, Zambon dedicou sua vida a cidade, já foi vereador e agora cumpre seu primeiro mandato de vice-prefeito.   Casado com Zilda Lúcia Marassi Zambon, com quem tem dois filhos: Franthiesco e Giovana, ele se formou em Engenharia Civil pela Universidade Católica de Petrópolis e se especializou em engenharia de segurança do trabalho pela Faculdade de Pirassununga e engenharia sanitária pela UNAERP de Ribeirão Preto. A idoneidade de Zambon veio de encontro com a necessidade de se dar transparência a um projeto que sempre andou as escuras. À coluna ele garante que está se dedicando diuturnamente para tirar a ZPE do papel, dá detalhes sobre como deverá ser a licitação das ações e dos comentários de suas pretensões políticas à Câmara dos deputados.

Depois de tudo o que aconteceu entorno de nossa ZPE, o que levou o senhor a aceitar o convite da prefeita para assumir a AZPEF, já que para muitos isso poderia ser considerado um “presente de grego”?

O agente público tem sempre que estar preparado para enfrentar os desafios que lhe são propostos e como dentro das nossas propostas administrativas Ana Bim/Zambon estava previsto esta empreitada, eu não poderia de forma nenhuma negar este mister, pois nossos eleitores depositaram seu voto de confiança em nossas propostas. Tenho que retribuir com trabalho aquilo que a população de Fernandópolis já me proporcionou.

Em seu ponto de vista, por que Ana Bim chegou ao seu nome para descarregar tamanha responsabilidade?

Acredito que é pela confiança mútua que temos, principalmente pelos princípios básicos de um cidadão e sua biografia, além do que, nós já militamos na política fernandopolense desde 1989 como vereadores na Câmara Municipal, e embora tenhamos traçado trajetórias diferentes, nunca perdemos os princípios da lealdade, honestidade, competência, transparência e amizade em todos nossos atos.

Tendo em vista sua experiência na política, o caso da propina da ZPE pode ser considerado o maior escândalo de Fernandópolis?

Esse fato já está sendo apurado pelo Ministério Público por uma ação civil e em tese, se a denúncia for comprovada, realmente estaremos diante do maior escândalo e estelionato eleitoral ocorrido em nossa cidade, infelizmente. Mas, quero deixar claro que a nova administradora da ZPE tem logrado seus esforços única e exclusivamente para dar transparência e segurança jurídica a todos os atos formais e legais praticados, e não deixar contaminar-se pelos “respingos” do passado.

A Câmara, da qual o senhor também fazia parte, na gestão passada, foi omissa em relação à ZPE?

Não. Quando solicitados, os senhores vereadores não mediam esforços para dar a sustentação política e legal aos atos que tiveram que ser praticados, como as autorizações pertinentes, projetos de leis, substituição de área, etc. Na maioria das vezes em sessões extraordinárias, dado a urgência e relevância que a matéria era apresentada.

O que faltou aos vereadores: interesse ou conhecimento para cobrar e fiscalizar efetivamente esse que é o projeto mais importante da cidade?

Com relação às ações que a AZPEF praticava, por ser uma sociedade anônima fechada, a mesma deve ser fiscalizada pelos membros da diretoria executiva e conselhos de administração, consultivo e fiscal e é justamente esta transparência que estamos implantando na nova administradora. Mas, quero deixar claro que os membros indicados anteriormente são pessoas idôneas que colocaram seus nomes para o bem comum da coletividade e quase nunca tiveram conhecimento efetivo dos atos praticados por seu presidente, muito menos com relação à “caixa preta” que está sendo apurada pelo Ministério Público.

Como superar esse trauma para a cidade?

Temos que trabalhar muito. Com muita transparência e segurança jurídica mostrar que a ZPE ainda poderá se tornar realidade, dependendo de cada um de nós que moramos e amamos nossa terra. Vai depender dos poderes constituídos que estão imbuídos no mesmo propósito, destacando os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público; os proprietários da área do Grupo Arakaki que já demonstraram total apoio ao projeto e a garantia que a área está à disposição da implantação da ZPE até a vigência do Decreto Presidencial e a preço de mercado, sem nenhuma exploração especulativa; como também a sociedade civil organizada que tem emprestado excelentes nomes de homens e mulheres que foram indicados para a nova diretoria administrativa e respectivos conselhos. Enfim, termos consciência que este projeto é de médio a longo prazo, mas se não começarmos agora, isto nunca será a nossa realidade. 

O que o senhor pretende e já está fazendo para tirar a ZPE paulista do papel?

Após ter sido indicado como presidente da AZPEF pela prefeita municipal, juntamente com os secretários municipais Marlon Santana e Rodrigo Ortunho, procuramos inteirar ainda mais de como funciona uma ZPE. Tivemos a feliz visita técnica de membros do Conselho Nacional das ZPEs, o secretário executivo Gustavo Saboia e a coordenadora geral Thaise Dutra. Esses profissionais prestaram relevantes serviços com relação a todo processo da ZPE de Fernandópolis e a realidade das demais ZPEs existentes, além das informações básicas e legislação pertinente sobre as mesmas. Mantivemos contato com possíveis investidores que querem conhecer o funcionamento de uma ZPE e tratativas com o grupo Arakaki, que é detentor da área onde deve ser instada a ZPE, para certificarmos do interesse e graças a Deus tudo tem sido favorável. Agora o fato igualmente importante para começarmos a falar do sucesso da ZPE será realizado em assembleia extraordinária da Diretoria e Conselheiros, convocada para a próxima segunda-feira, dia 24, às 14h30, na sala de imprensa do Paço Municipal, onde a ordem do dia será: deliberação e ratificação sobre os atos (termos aditivo, portarias, etc.) praticados pela prefeita municipal para criação da AZPEF, prestação de contas, deliberação sobre a forma de licitação pública ou outros meios jurídicos legais, reversão das ações e transferências das mesmas para serem registradas junto a JUCESP e outros assuntos pertinentes.

A licitação é o melhor caminho para isso?

Particularmente não tenho a menor dúvida disto, pois além de dar a necessária transparência do processo, ela nos dá a segurança jurídica necessária para que tanto a administradora da ZPEF como os pretensos investidores, possam realizar seus projetos sem sobressaltos ou surpresas.

O que será licitado? Que modelo será utilizado?

A licitação pública poderá ser a nível nacional, como também internacional, isto quem irá definir será a assembleia extraordinária convocada. A princípio estamos sendo orientados a fazer um pacote de licitação, onde de forma amigável já será previamente definido o valor da propriedade objeto do Decreto Presidencial, tornando-a de interesse público e o valor aferido na licitação transferido para os detentores da propriedade e as ações da empresa SA com valor nominativos R$ 5 mil devidamente corrigidos, como também outros valores que estão sendo apurados, se existirem, como gastos para elaboração de projetos ou afins, até a presente data, devidamente corrigidos monetariamente.

O que pretende fazer para que apareçam interessados em assumi-la?

Já tivemos a procura informal de três interessados em conhecer o processo de implantação da nossa ZPE, inclusive já levantando dados para estudos de viabilidade econômica / financeira. Mas, entendo se assim for deliberado pela assembleia, que devemos também investir a nível nacional em informativos da existência de nossa ZPE e ainda mantermos contato com potenciais empresários do ramo de investimentos e exportações.

Fugindo do assunto ZPE, muito se comentou sobre sua distância da administração municipal. De fato aconteceu algum distanciamento ou o senhor trabalhava nos bastidores?

Tenho o gabinete montado no Paço Municipal junto à prefeita e estou em pé e à disposição para aquilo que for necessário e que possa ser útil. O que acontece é que como profissional liberal tenho vários serviços dentro e fora do nosso município e muitas vezes tenho que viajar a trabalho e os “amigos” sentem minha ausência (risos). Aproveito a pergunta para dar satisfação à população do porque tenho que trabalhar: é que, como vice-prefeito municipal, não recebo salário, por opção minha. Portanto, esse é o único motivo para que às vezes eu precise estar ausente.

Comenta-se, também, sobre sua possível candidatura para a Câmara dos deputados. Trata-se apenas de comentários ou há algo concreto sobre isso?

Posso afirmar que no momento estou apenas trabalhando de forma honorífica como Presidente da AZPEF, e que a sua implantação é o grande anseio e desejo do nosso povo de Fernandópolis e de toda nossa querida região. Um grande abraço a todos e tenham certeza que juntos chegaremos lá.