Depois de toda turbulência dos últimos dias, que envolveu uma das pastas mais importantes do município, a de Desenvolvimento Sustentável, por conta dos escândalos da ZPE, um nome chegou para acalmar a tempestade: Rodrigo Ortunho, ex titular da secretaria de Gestão Pública. O nome do jovem advogado foi bem recebido pela sociedade fernandopolense. Ortunho se mudou para Fernandópolis aos nove anos de idade. Em 1999, constituiu sua empresa que está em pleno funcionamento até os dias de hoje. Se formou em Direito na Universidade Camilo Castelo Branco de Fernandópolis, em 2003, e aceitou o convite para assumir a pasta de Gestão após ser um dos candidatos a vereador mais votados de seu partido, o PSC, durante das eleições de 2012, ficando como primeiro suplente. O desafio e a responsabilidade de levar a cidade ao desenvolvimento caíram nas mãos de quem realmente gosta de desafios. Em entrevista, Ortunho fala também sobre o andamento da ZPE e os rumos dados a ela nos últimos dias. As recentes denúncias do vereador Rogério Chamel sobre os distritos industriais também são abordadas aqui. Acompanhe:
Como o senhor encarou esse desafio, que veio depois de uma turbulência, de comandar a secretaria de Desenvolvimento diga-se de passagem?
Como você mesmo disse, é um desafio. Sou um cara que gosto muito de desafios e por isso encarei de uma forma muito positiva. E após uma turbulência, agora é hora de colocar os pés no chão, trabalhar com foco.
Como recebeu todas as denúncias da ZPE, em relação à propina, pagamento de pedágio? Como ficou sabendo disso?
Ficamos sabendo após as denúncias aparecerem pela imprensa. Quando eu tive acesso aquela Carta de Credenciamento, eu fiquei extremamente envergonhado ao ler. Senti repúdio em saber que as pessoas colocam o interesse particular acima do interesse público. Realmente a gente fica numa situação atônita. Porém, sabemos que cortamos o mal pela raiz, e daqui pra frente, não acontecerá mais esse tipo de situação. As ações retornaram para a prefeitura, e agora nós vamos juntamente com a prefeita procurar o melhor caminho e dar toda seriedade e transparência que este projeto merece.
As ações já foram revertidas da JUCESP para o município ou só foi feito o pedido?
O Dr. Marlon passou uma informação pra gente de que esta doação não estava nem registrada na JUCESP. Mas pra todos os efeitos, o que vale é o documento que foi gerado entre prefeitura e Di Crivelli. Esse documento previa o retorno automático das ações da prefeitura no fim do contrato. Isso é uma previsão contratual. E até por precaução nós vamos pegar um documento da Di Crivelli, fazê-lo de extrato, por questão de segurança. Além de oficiar a JUCESP, informando que estas ações estão no comando da Prefeitura.
Como a administração vai tratar da ZPE daqui pra frente?
Essa administração vai focar todos os esforços na ZPE. Pois tanto eu quanto os secretários e a prefeita sabemos da importância desse projeto. A única cidade que tem uma autorização para construir uma ZPE dentro do estado de São Paulo é Fernandópolis. Imagina o choque que isso vai gerar. Para cidade isso vai ser fantástico. O tempo é curto, pois temos que comprovar até o meio de 2015 a construção de 10%. Mas vamos acelerar o passo, vamos atrás de um investidor que realmente tenha condição de incorporar a área, e efetivamente tirar a ZPE do papel.
Assim que as denúncias deram uma trégua, vocês já foram para Brasília para tentar procurar “caminhos” para a ZPE. O que vocês trouxeram de lá?
Essa visita que fizemos ao Ministério do Desenvolvimento nos deixou extremamente otimistas em relação à ZPE. O Dr. Gustavo e a Dra. Thaise nos receberam de forma muito receptiva, nos deram muito confiança. Mostraram-se totalmente à disposição para nos orientar e ajudar. Hoje eles enxergam a ZPE de Fernandópolis com outros olhos, pois eles viram que no atual governo municipal há transparência. Eles viram a mudança de postura. Isso foram eles que nos disseram. Inclusive eles marcaram data para virem para cá. Está marcada a visita deles para os dias 12, 13 e 14 de março. Eles virão para ficar à disposição da prefeitura, da sociedade civil e política, para tirar todas as dúvidas em relação à ZPE. Provavelmente haverá audiência pública, palestras com estudantes, conversarão com eventuais investidores. Isso é para mostrar que a ZPE é possível e bem provável. Saber que podemos contar com eles nos deu um ânimo muito maior.
O senhor percebeu que os investidores ficaram mais animados após a quebra desse paradigma de propina e pedágio? Até então quantos investidores já apareceram interessados em investir na ZPE de Fernandópolis depois de tudo isso?
Esta questão de investidores nós não podemos abrir muito. Mas depois que esse pessoal viu que a ZPE está sendo tratada de forma limpa e transparente, fomos procurados por três. Todos eles numa postura mais aliviada. Pois eles encontram pessoas sérias trabalhando, pessoas preocupadas com o bem coletivo, e não pessoas que se importam com o bem particular.
Do alto da sua experiência administrativa, o senhor acredita que agora definitivamente a ZPE sairá do papel?
Eu aposto muito nessa ZPE. Confio muito nela. Vamos trabalhar muito pra que isso aconteça. Isso para cidade será um divisor de águas. Vamos dar passos imensos e vamos buscar prosperidade pra nossa cidade. É um projeto a médio-longo prazo, mas não vamos descansar enquanto não sair do papel.
O Ataídes sinalizou que vai devolver os documentos da ZPE ou vocês não precisam mais deles?
Nessa questão de documentos, para nós era importante saber o que tinha de documentos no ministério em Brasília. Para ter uma posição oficial, fomos ao ministério, fizemos um requerimento de cópia integral do processo e eles nos forneceram. Então hoje temos em mãos todo o processo de ZPE que está em Brasília. Hoje temos todo conhecimento de tudo que está acontecendo lá.
Justifica R$ 2,5 milhões pelos documentos?
Na verdade foram R$ 2,8 milhões. O que eles alegavam que estavam cobrando eram os projetos. Eu não entendo que um projeto do jeito que estava sendo apresentado possa ter um custo desses. Para mim é um preço inviável. Eu entendo que qualquer empresa do porte que precisa ter para investir numa ZPE tenha condição e tenha profissionais capacitados pra realizar esse projeto. Para a empresa que estava vindo, ser cobrado por um valor desse, era um obstáculo.
Mudando um pouco de assunto, na sessão passada, o vereador Rogério Chamel cobrou acerca dos parques industriais o fato deles não estarem cumprindo as obrigações do Prodesc. Que atitudes estão sendo tomadas quanto a isso?
Assim que nós recebemos o requerimento do Chamel, percebemos que ele está preocupado com o desenvolvimento da cidade. Hoje inclusive (quinta-feira) estivemos no local olhando alguns terrenos. Dentro da pasta, tínhamos três empresas que tinham sido notificadas porque não estavam cumprindo o cronograma assumido com o conselho do Prodesc. Dessas, duas já estão em fase final das obras. Ficamos muito contentes em ver que o pessoal está em fase final, empenhado. A terceira está em fase inicial, mas demonstra vontade em fazer acontecer. Aí entra a questão do bom senso. Esta terceira empresa já tem autorização para ocupar a área, e precisa fazer essa construção. Já estão com os projetos em andamento, e segundo informações extraoficiais, já estão com os pré-moldados comprados. Estão esperando chegar para dar continuidade às obras. Ou seja, se eles realmente mostram boa vontade em fazer a construção, eles merecem confiança.
Antes, o senhor era responsável pela pasta de Gestão. Agora, está a frente da secretaria de Desenvolvimento Sustentável, que também requer muito trabalho e tem pela frente desafios como a ZPE e problema do 6º distrito industrial. Como está lidando com tudo isso?
Quando vim pra cá, sabia o que iria enfrentar. A prefeita pediu para eu focar em quatro temas principais: ZPE, aeroporto, distritos industriais e a questão de fomentar o turismo. Essa questão dos distritos industriais, nós precisamos olhar com bons olhos e carinho, pois Fernandópolis precisa de uma estrutura melhor para oferecer aos empresários. Sabemos das limitações financeiras, mas vamos procurar o melhor caminho para viabilizar essas questões dos distritos industriais.
O parque industrial V está com os empresários se unindo pra fazer a estrutura. Como está o andamento de tudo isso?
Sobre o parque industrial V, antes de o Claudecir sair, ele fez uma reunião com os empresários. Preciso me interar de tudo isso que estava acontecendo. Eu preciso chamar os empresários aqui para a gente ver o que pode ser feito pela prefeitura para viabilizar essa questão.
Sobre a marginal do parque industrial VI, tem alguma novidade? Acha que vai sair ou a melhor opção será tirar este parque industrial de lá?
Temos que trabalhar com todas as possibilidades. Como eu estava em outra pasta, e o Claudecir também estava acompanhando essa questão das marginais, eu não sei qual a efetiva posição destas marginais. Eu entendo que é de fundamental importância. Não podemos usar esse distrito se não tiver essa marginal. Mas temos que aguardar uma posição concreta em nível de governo estadual. Espero que elas saiam. Após tudo isso, analisaremos a possibilidade de estar mudando de lugar, pois precisamos de áreas para trazer novas empresas para a cidade.
Qual será o próximo passo de sua secretaria para o desenvolvimento de Fernandópolis?
A ZPE é o grande foco. Sobre o aeroporto, estamos muito empenhados na ampliação dele. O governo federal está destinando verbas para os aeroportos. Pretendemos fomentar muito o turismo em Fernandópolis, inclusive vamos trabalhar com a possibilidade de transformar Fernandópolis numa estância turística. Esse é um desejo muito grande da prefeita, e ela pediu darmos uma atenção maior nessa questão. E outra questão que é importante é essa dos parques industriais, pois, para gente poder trazer empresas, temos que dar condições para essas empresas. Então nós vamos insistentemente buscar e não medir esforços pra fazer acontecer, principalmente esses quatro itens que eu falei.
Voltando a falar de ZPE, como o senhor viu a atitude a Ana Bim diante de toda aquela situação?
Ela ficou entre a cruz e a espada. Porém ela é conhecida pela seriedade. É uma mulher de muita coragem, e acima de tudo, gosta das coisas extremamente certas. Ela ficou bastante decepcionada e assustada com as coisas que ela estava vendo acontecer. Até mesmo porque ela nunca compactou e nunca vai compactar com esse tipo de coisa. Ela realmente ficou numa situação muito delicada, mas fez o que devia ser feito. Ela sempre busca um caminho para o que é melhor para o coletivo. O foco dela é administração pública para a população. Ela costuma usar a seguinte frase com os funcionários da prefeitura: “O nosso patrão é o povo. É para povo que a gente deve satisfação, e é pra ele que devemos trabalhar”. Então ela nunca vai aceitar trabalhar para defender interesses particulares.
Pra finalizar, o que a cidade pode esperar do secretário Rodrigo Ortunho?
A imprensa de forma geral conhece meu trabalho. Trabalho com muito foco, transparência e honestidade. Estou muito feliz por estar nessa área de desenvolvimento, e como disse antes, para mim isso é um desafio. E desafios me trazem motivação. Tenho noção da minha responsabilidade, então a população pode esperar total empenho e muito trabalho, e pode acreditar que eu não vou descansar enquanto eu não ver as coisas acontecerem. Eu sempre digo que trabalho, é trabalho em equipe. Eu não sei trabalhar sozinho, de forma individual. Até mesmo porque eu tenho certeza e acredito que sozinho ninguém é bom. A gente só consegue realizar as coisas quando estamos trabalhando em grupo. Então minha pasta, é uma pasta que precisa receber muitas informações, e para isso eu estou contando com todos, para receber ideias, críticas, sugestões, para podermos fazer o melhor por nossa cidade.