De cabeça erguida e mangas arregaçadas

20 de Agosto de 2025

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De cabeça erguida e mangas arregaçadas

Do alto dos seus 1353 votos, o comerciante Francisco Arouca Poço (PRB), o Chico Arouca, foi o vereador eleito com maior votação e, por aclamação, se tornou o presidente da Câmara no primeiro biênio dessa legislatura.  No entanto, quando o “líder da Cohab” assumiu essa responsabilidade jamais imaginou que se depararia com uma situação tão constrangedora como a que aconteceu durante a  primeira sessão do ano de 2014, quando seu  projeto anti nepotismo foi rejeitado – (pela primeira vez da história da Câmara de Fernandópolis os vereadores pediram a entrada com urgência de um projeto para recusá-lo). Visivelmente chateado, mas mesmo assim tentando apaziguar a celeuma, Chico falou sobre o ocorrido e afirmou não ter desanimado da cidade e nem carregar magoa dos colegas que protagonizaram a ação. Arouca ainda fala sobre o escândalo envolvendo a ZPE de Fernandópolis e das atividades do Legislativo em 2014. Acompanhe:

O que teria  levado o senhor  a apresentar o projeto anti nepotismo?

Apresentei esse projeto porque eu acho que as mudanças devem ser feitas em todo Brasil. O lema é transparência, precisamos começar as mudanças nesse sentido e queria começá-las em minha cidade. Sei que já existe uma lei federal, mas o município também precisa assumir essa responsabilidade. As coisas precisam ir mudando até se chegar a um ponto bom para a cidade. Essa era a minha intenção. Não fiz isso para prejudicar ninguém. Fiz o que todo brasileiro deveria fazer: tentar mudar o país.

O senhor quem elaborou o Projeto ou trouxe o modelo de algum lugar que já está dando certo?

O projeto foi todo elaborado aqui na Câmara mesmo. Ele foi baseado na Lei Federal. Sentei-me com minha assessoria e o elaboramos.

Antes de o senhor apresentar o projeto, algum vereador chegou a lhe pedir para não o fazer? 

Sim. Alguns vereadores questionaram, mas não foram todos. Na verdade, poucos, mas pediram sim.

O senhor acredita que o projeto era muito rígido?

Até acho que sim, mas se alguém pensou isso, nada o impediria de fazer uma emenda, discutir, conversar, procurar mudanças, mas isso não foi feito. 

Algum dos vereadores chegou a lhe procurar com o intuito de corroborar com alterações no projeto?

Não. Ninguém me procurou. Esse projeto era para ser muito mais discutido. De fato iria pesar a responsabilidade, mas meu intuito nunca foi prejudicar os vereadores. Eu não deixei a Associação de Amigos, Rotary, Lions, e outros clubes de serviços entrarem na parada. Pedi para eles ficarem de fora que eu iria discutir isso sozinho. Eu sou uma pessoa do diálogo, qualquer vereador poderia ter conversado comigo, mas infelizmente isso não aconteceu.

 E por que o senhor não o colocou em pauta na 1° sessão do ano, já que possuía todas as assinaturas necessárias?

Achei que estava muito em cima, queria dar um pouco mais de tempo para discussão. Iria dar mais uma semana. O erro de tudo que aconteceu no projeto foi o pedido de urgência. Esse projeto não poderia ter entrado com urgência para ser votado contra. 

Com toda sua experiência política, passou por sua cabeça que isso aconteceria?

De jeito nenhum. Se você levantar o histórico da Câmara vai saber que isso jamais aconteceu na história de Fernandópolis. Se eu soubesse que isso aconteceria, falaria com eles e não deixaria, mas infelizmente já aconteceu. Infelizmente foi um desgaste a toa, já está reprovado e agora só em outra oportunidade poderemos ver um projeto desse ser votado.

Quem orquestrou essa manobra em sua opinião?

Não sei. Nem quero mais descobrir de quem foi a ideia de colocá-lo em regime de urgência, sendo que não tinha necessidade. Mas aconteceu, não sei quem foi o mentor dessa história toda e eu não estou com magoa de nenhum vereador, de espécie alguma, cada um pensa com sua cabeça e eu continuo pensando em Fernandópolis. 

O senhor disse que não sente mágoa, mas se sente traído?

Sei lá. Não dá nem para explicar o que aconteceu. Só Deus pode falar e a mentalidade de quem fez isso. Acho que foi errado, não devia ter acontecido nunca na história de Fernandópolis, mas aconteceu e eu fiz minha parte, não estou de cabeça baixa.

O senhor pensa em reverter isso juridicamente de alguma forma?

Teria caminhos para se reverter, mas sei lá viu. Talvez as pessoas beneficiadas não estejam pensando muito município e sim somente neles e reverter isso só causaria mais problemas. Eu não tenho mais a intenção de mexer com ele não. É um projeto que eu esqueci a partir daquela sessão.

Já que o senhor prefere esquecer, vamos mudar de assunto. O senhor está acompanhando de perto todo esse escândalo envolvendo ZPE. Qual sua opinião a respeito?

Eu era uma pessoa que botava fé e batia o pé em dizer que a ZPE sairia um dia. Agora pode até sair, mas pelo o que eu vi ultimamente eu acabo não tendo mais esperança na ZPE. São muitas coisas atrapalhando politicamente e agora acho que ficou difícil um empresário acreditar e investir aqui nesse projeto. Eu só acredito na hora que chegar um empresário aqui e comprar a área, do contrário acredito em mais nada.

Em sua opinião, o que estaria travando a ZPE?

É o que todo mundo está vendo ai. Para deixar a ZPE entrar o cara quer dinheiro, disse que gastou tanto, fez isso e aquilo, e empresário nenhum vai aceitar isso nunca. Ninguém vai aceitar pagar uma propina dessas. Isso não existe. Ninguém vai pagar e assim não vai acontecer a ZPE.

O senhor acha que faltou cobrança da legislatura passada ao ponto de deixar chegar a esse ponto?

Isso foi atravancado de todos os jeitos possíveis. Documentos para todo lado, venceu prazo, foi renovado, a verdade é que os vereadores se perderam também. Todo mundo. Até eu passei esse ano aí perdido no meio desse fogo, desse monte de gente negociando. Não dá para acompanhar, a verdade é essa. É um projeto polêmico e acabou acontecendo tudo isso.

O senhor participou de algumas reuniões com representantes da Di Criveli. Chegou a sentir firmeza nas propostas deles?

Não. Eu não senti firmeza nenhuma, pois cada um que chegava aqui aparecia com 20 ou 30 processos e não aparecia com dinheiro, então o que eles queriam? Um povo sem credibilidade e foi vendo esse povo aí que eu comecei a desacreditar na ZPE de Fernandópolis.

 O que a prefeita deve fazer em relação a ZPE em sua opinião?

Ela deve pegar a direção imediatamente, sozinha, sem compromisso com ninguém. Se for para sair a ZPE ele tem que assumir a responsabilidade agora e esquecer esse povo de lado, do contrário teremos ZPE nunca. Se ficar na mão de fulano e ciclano, aí acabou. A direção tem que ser dela. Ela tem que se aprofundar no assunto e buscar o empresário certo para colocar para funcionar.

O que a Câmara pode fazer para ajudar?

A Câmara pode aprovar tudo o que for de importante para o projeto, imediatamente, não importa o dia, a hora, se for para ajudar nossa cidade nós faremos. O que ela depende da Câmara ela pode contar com a gente e é claro acompanhar de perto tudo o que envolve a ZPE.

Para finalizar. O que podemos esperar da Câmara, de uma maneira geral, para 2014?

Eu cheguei aqui em 2014 com muito mais experiência como presidente e vereador. Eu não desanimei de nada. Acredito muito em nossa cidade. A situação não é das melhores, todos sabem, chegar ao ponto de fechar o Shopping de uma cidade como essa é um desastre. Se partimos para o lado da Santa Casa é outro problema seríssimo, mas eu coloco muita fé aqui. A cidade de Fernandópolis cresce de qualquer maneira. As faculdades estão “bombando”, temos as melhores faculdades do estado, as melhores escolas. Inclusive temos que parabenizar todos os diretores pela qualidade de nosso ensino, então, é uma cidade que sozinha já oferece grandes expectativas para o futuro e eu não desanimo de jeito nenhum.